Planos

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Abri os olhos e pude respirar um pouco mais aliviada, agradeci por ainda estar no palácio do superior dois, mesmo não sendo o ideal, ainda era melhor do que estar com ele...

Levei as mãos até minha barriga soltando um suspiro.
Um bebê... meu bebê - sorri e fechei os olhos franzido o rosto, a preocupação tomava conta da felicidade que eu deveria estar sentindo por carregar um bebê do homem que eu amava... mas eu quase podia ver o que o futuro me reservava, não estar no castelo infinito não significava que Muzan tinha desistido, entretanto, agora não se tratava só de nós dois, agora eu tinha alguém a quem proteger, alguém a quem amar incondicionalmente e que faria qualquer coisa para deixar longe das garras do rei demônio. Enquanto buscava alguma solução, o bater da porta me tirou momentaneamente da aflição.

- Posso entrar? - disse uma voz inocente e tímida.

- Pode - respondi olhando a porta se abrir.

- Estou tão feliz que já acordou senhora... - me surpreendi ao ver a menina que o superior dois queria devorar.

- Ah, obrigada, eu estou bem agora... Mas e você? Aquele homem não voltou a te incomodar? Por que se ele tentou algo de novo eu vou agora mesmo....! - tirei o lençol que me cobria e tentei levantar mas ela se aproximou e me impediu com um gesto cuidadoso.

- Não não, ele não tentou nada - ela tocou no próprio ombro que estava enfaixado - os anciões disseram que o deus Douma perdeu o interesse em mim devido a cicatriz que o ferimento deixará.

- Desculpe, não fui rápida o bastante, você é tão bonita e jovem e terá que conviver com uma cicatriz assim...

- Por favor não se desculpe, se não fosse isso eu estaria... - ela suspirou - na verdade, eu nunca quis ser uma oferenda, meu pai foi pressionado pelos anciões para ofertar sua única filha virgem como prova da sua devoção, ele não teve outra escolha.

- Entendi... isso é cruel, mas por que vocês não vão embora? Por que seguir um homem como aquele?

- Não é tão simples... muitos dependem dele, de certa forma ele nos protege, nos alimenta e a tradição de nossas famílias nos une, além disso, os outros são cabeças duras demais, eles nunca ousariam deixar o deus Douma.

- Não sei quanto aos outros, mas e você? Deseja ir? - perguntei ao perceber a expressão triste dela.

- Eu... não posso deixar meu pai e ele jamais deixaria os outros aqui sem assistência médica.

- Então ele é o médico que cuidou de mim... ele foi gentil comigo, agradeça-o por favor.

- Farei isso - ela me deu sorriu terno - Bom, agora eu devo ir ajudá-lo com os feridos, eu só queria ter a certeza de que a senhora estava bem e ter a chance de agradecê-la, serei eternamente grata - se inclinou e depois preparou-se para sair.

- Espere! - pedi e ela se virou de volta para mim - por favor pense a respeito, eu posso te tirar daqui, talvez os outros não queiram mas eu sei que você pode ter um vida melhor longe desse caos.

- Obrigada senhora... - arfou parecendo em dúvida - cuide-se e se houver qualquer coisa que eu puder fazer por você e seu bebê não hesite em me pedir - então ela saiu, eu realmente quero ajudá-la, ainda não é tarde demais para ela como é para mim... espero que ela mude de ideia.

Assim que ela se foi não demorei muito na enfermaria e sai em busca de Douma, precisava agradecer a ele por ter conseguido convencer Muzan a me deixar ficar. Procurei no palácio alguém que pudesse me dizer onde ficava os aposentos dele mas o lugar estava estranhamente vazio e quieto, exceto por alguns murmúrios que ouvi ao me aproximar de um corredor. 

Muzan - UltraviolênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora