Carolana pov.
O silêncio que se seguiu ao beijo foi cheio de significado, como se o mundo ao nosso redor tivesse sido temporariamente pausado para permitir que Victoria tivesse o espaço para se abrir. Seus olhos estavam carregados de emoções não ditas, e eu sabia que ela estava prestes a revelar algo profundo e doloroso.
Ela respirou fundo, e o olhar em seus olhos misturava vulnerabilidade com uma determinação silenciosa. O tempo parecia desacelerar enquanto ela começava a falar, a voz tremendo com a carga emocional das palavras que estavam prestes a ser reveladas.
— Carol, há algo que eu realmente preciso contar a você. — Sua voz estava carregada de uma tristeza que eu não havia notado antes. — É algo que eu não consegui encontrar a coragem para dizer antes, apesar de todas as nossas conversas por mensagem e cartas, e até mesmo nossos encontros no jardim. Eu... eu tenho um filho. — A revelação foi acompanhada por um suspiro pesado e lágrimas que começavam a se formar em seus lindos olhos azuis.
Minha respiração estancou por um momento, o peso das palavras dela se estabelecendo entre nós. Eu estendi a mão, tocando a dela com um gesto de apoio silencioso, tentando transmitir o quanto eu estava ali para ouvi-la.
— Eu sei que isso pode ser difícil de ouvir, mas... — Victoria continuou, a voz quebrando em alguns momentos. — Meu filho tem quase dois anos. E o pai dele... ele desapareceu. — As lágrimas começaram a rolar pelo seu rosto, e eu podia ver o esforço dela para manter a postura. — Tudo começou depois do acidente. Eu estava tentando me recuperar e lidar com a minha nova realidade, quando um amigo da família se aproximou de mim. Eu estava tão vulnerável, e ele me ofereceu apoio... no início, parecia que ele estava genuinamente interessado em me ajudar.
Victoria fez uma pausa, enxugando uma lágrima que escorreu por seu rosto. Eu permaneci em silêncio, permitindo-lhe o tempo e o espaço que ela precisava.
— Ele começou a se envolver mais, eu achei que poderia ser um apoio sólido em meio ao caos. Eu estava tão desesperada por qualquer forma de normalidade. Quando descobri que estava grávida, eu esperava que ele fosse uma presença constante, alguém em quem eu pudesse confiar. Mas... — Ela engoliu em seco, a dor em sua voz sendo quase insuportável de ouvir. — Quando ele soube da gravidez, ele mudou completamente. Começou a mostrar um lado que eu nunca havia visto antes. Ele estava mais interessado na minha herança e na empresa da minha família do que em mim ou no filho que estava em minha barriga.
As palavras dela foram acompanhadas por uma onda de tristeza e desespero, e eu puxei-a para mais perto, oferecendo um abraço reconfortante. Ela se aninhou em meus braços, os soluços silenciosos a acompanhando enquanto ela continuava a contar sua história.
— Ele desapareceu depois de um tempo que contei sobre a gravidez. Eu fiquei sozinha, lutando para entender o que havia acontecido e como seguir em frente com a gravidez. Ele não deixou nenhum rastro, nenhum contato. E desde então, tem sido uma luta constante para cuidar do meu filho e lidar com a dor de estar sozinha no mundo.
A revelação de Victoria era dolorosa e cruel, eu podia sentir a profundidade do seu sofrimento. Coloquei minha mão em sua cabeça, acariciando suavemente e oferecendo o máximo de conforto que podia.
— Victoria, eu sinto muito por tudo o que você passou. Ninguém merece enfrentar uma situação tão difícil e dolorosa. — Disse, minha voz carregada de compaixão. — Eu admiro sua coragem por compartilhar isso comigo. Você é incrivelmente forte por ter superado tudo isso.
Ela ergueu a cabeça, seus olhos ainda cheios de lágrimas, mas com um leve brilho de alívio.
— Obrigada, Carol. Eu estava tão preocupada em te contar e em como você reagiria. Eu realmente não sabia como isso mudaria tudo entre nós. Mas eu sinto que posso ser honesta com você.
— Eu estou aqui para você, Victoria. — Reafirmei com um sorriso encorajador. — E se você não se importa eu gostaria muito de conhecer seu filho, se você estiver pronta para isso. Sinto que seria um passo importante para nós, e eu adoraria poder fazer parte da vida dele também.
Os olhos de Victoria brilharam com uma mistura de gratidão e esperança, e ela sorriu, mesmo que de forma tímida.
— Obrigada por me ouvir, Carol. — Victoria disse, seu tom de voz carregado de sinceridade. — Eu sei que isso pode ter mudado muitas coisas entre nós.
— Não se preocupe com isso. — Respondi, tocando suavemente o seu rosto. — Sua honestidade e coragem só fizeram com que eu te admirasse ainda mais.
A noite estava avançando, e a luz suave do abajur lançava uma sombra aconchegante sobre o ambiente. Victoria parecia um pouco mais relaxada, como se a confissão tivesse removido um peso significativo de seus ombros.
— Eu gostaria de poder apresentar você ao meu filho o mais rápido possível. Mas também quero garantir que você esteja confortável e pronta para isso.
— Eu adoraria conhecê-lo. — Respondi com um sorriso. — Quero muito fazer parte da vida de vocês e conhecer a pessoa mais importante para você. Só me avise quando achar que é o momento certo.
Victoria sorriu, e seus olhos brilharam com uma esperança renovada.
— Obrigada, isso significa muito para mim. — Ela inclinou-se para me dar um beijo suave na bochecha, um gesto de carinho e gratidão. — Vou organizar tudo e te avisar. Espero que, quando você o conhecer, possa ver o quanto ele é especial.
A conversa continuou, mas em um tom mais leve, as horas se passaram sem que eu percebesse, e finalmente, chegava o momento de nos despedirmos.
Fui até a porta da mansão com Victoria, e enquanto ela se preparava para entrar, não pude deixar de me sentir empolgada com o que estava por vir. A expectativa de conhecer o filho de Victoria e a ideia de continuar a construir nossa conexão me preenchiam de esperança e alegria.
— Tenho certeza de que tudo vai dar certo, Victoria. — Falei, segurando suas mãos por um momento. — Estou ansiosa para o próximo passo, para conhecer seu filho.
Victoria olhou para mim com um sorriso carinhoso e, com um último abraço apertado, se despediu.
— Eu também estou ansiosa, Carol. Obrigada por tudo.
O jantar e a conversa tinham sido um passo significativo em nosso possível relacionamento, e eu estava emocionada com o que o futuro nos reservava. A expectativa de conhecer o filho dela não deixava eu conseguir dormir, meus pensamentos estavam focados na promessa de um futuro compartilhado e na oportunidade de oferecer a Victoria e seu filho o amor e o apoio que eles mereciam. Estava ansiosa para o próximo capítulo da nossa história e para as novas memórias que íamos criar juntas.
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A garota da janela - Carolana
FanfictionCarolana, tem 30 anos e é jogadora da seleção brasileira e do Scandicci na Itália, mora em um apartamento em uma área calma da cidade. Victoria Caccini, tem 27 anos perdeu a família em um acidente de carro, desde então não consegue sair de casa e f...