A garota da janela - Carolana

Capítulo 15

Carolana pov.

Acordei com a luz suave do sol entrando pelo quarto, iluminando o rosto de Vitória enquanto ela dormia. O sorriso de Lucas, que brincava no chão, era contagiante, eu sempre acreditei que o amor poderia curar, mas ver o renascimento de Victória era uma prova viva disso. Ela era como uma flor que começava a desabrochar após a tempestade, e eu estava aqui para testemunhar e apoiar cada passo dessa jornada.

Lembro do primeiro dia em que deixei uma torta na porta da casa dela, naquela época, eu não sabia o quanto isso mudaria nossas vidas. A energia dela, embora apagada, ainda tinha um brilho que eu queria ajudar a reacender. Com cada visita, cada risada e cada pequeno passo que dávamos juntas, fui percebendo que estávamos criando um laço inquebrável.

As primeiras saídas foram desafiadoras, especialmente quando ela hesitava em deixar o conforto de casa, mas eu estava decidida a mostrar a ela que o mundo lá fora ainda tinha suas cores e alegrias. Quando sugeri que fôssemos ao café na esquina, lembro do nervosismo dela, mas, quando finalmente sentamos àquela mesa, a conversa começou a fluir, e pude ver um vislumbre da mulher forte que ela era.

A caminhada pelo parque foi um marco, cada passo que ela dava parecia aumentar sua confiança, e eu não conseguia conter meu sorriso, era como se as árvores dançassem ao nosso redor, celebrando nosso pequeno triunfo. E Lucas, sempre animado, era a energia que precisava para impulsioná-la ainda mais.

Com o tempo, as memórias tristes foram se dissipando e dando lugar a novas experiências. Cada jogo de vôlei que eu disputava se tornava um ritual não apenas para mim, mas para nós três. Ver Victória e Lucas torcendo por mim era a maior recompensa, a alegria deles preenchia a quadra de uma forma que eu nunca havia imaginado. Quando eu marcava pontos, o olhar de Victória brilhava com orgulho, e aquilo me motivava a dar ainda mais de mim.

As viagens que fizemos juntas, a Capadócia, com sua feira de artesanato e as delícias que experimentamos, foram momentos de pura magia. Lembro de como Lucas estava tão animado, puxando nossas mãos e nos mostrando o que havia de mais interessante. E quando Victória comprou aquela pulseira colorida, o gesto simples se tornou um símbolo do que estávamos construindo juntas, amor, esperança e liberdade.

A conexão entre nós se aprofundava a cada dia, as risadas e os desafios eram apenas uma parte do que significava ser uma família e mesmo com as redes sociais fervilhando com rumores, eu sabia que estávamos criando algo genuíno e bonito. Quando Rosamaria mencionou Lucas em uma entrevista, não fiquei surpresa. Para mim, aquilo refletia o amor e o apoio que compartilhávamos.

O dia do nosso noivado foi um dos mais felizes da minha vida, o brilho nos olhos de Victória e perceber que estávamos prontas para dar esse passo foi uma confirmação de tudo que havíamos superado. A vida que estávamos construindo não era apenas um sonho, era uma realidade que pulsava com a força do amor.

E agora, ao acordar todas as manhãs com Victória e Lucas, sentia que tudo era possível, o medo que antes a aprisionava se transformou em uma expectativa vibrante por novas aventuras. Planejar momentos em família, visitar museus e praias, tudo isso se tornara um novo normal. Eu a via se abrir cada vez mais, redescobrindo a beleza da vida ao nosso redor.

Quando Lucas adormeceu e eu fiquei sozinha com Vitória no sofá, o silêncio entre nós era reconfortante. O olhar dela encontrou o meu e, naquele instante, tudo foi dito, o futuro que estávamos construindo brilhava diante de nós, e cada novo dia prometia novas aventuras.

O silêncio foi quebrado por um bocejo suave de Victória. Ela piscou os olhos, recuperando-se da sonolência, e seu olhar logo se iluminou ao me ver.

— Bom dia, amor — disse ela, com um sorriso sonolento que derretia meu coração.