Capítulo 4

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POV POR MARTINA;
Minha confiança em Liza e Olívia crescia a cada dia que passava e pela primeira vez na vida, eu tinha amigas que realmente se importavam comigo. Sabia que seria desafiador me acostumar com tantas mudanças e informações novas, especialmente com o uso das lentes de contato. No entanto, eu estava determinada a fazer o meu melhor, pois havia prometido a elas que me esforçaria.
Nos encontrávamos cerca de duas horas por dia, todos os dias. Às vezes, fazíamos as reuniões aqui na casa de Daryl, como hoje, já que ele estava viajando há uma semana desde que voltamos de Porto Rico. Daryl simplesmente desapareceu sem nem ao menos me ligar ou mandar mensagens, apenas disse que voltaria um dia antes do casamento de Liza e Enrico.
Acabávamos de voltar das compras no shopping, a etapa final, segundo elas. Essa foi minha primeira compra de roupas, e eu havia resistido muito no começo. No entanto, Liza é uma mulher incrível e em poucos dias, ela me ajudou a ver e aprender a me vestir melhor. A transformação não foi apenas externa, mas interna também. Eu estava começando a enxergar a mim mesma de uma maneira nova e boa.
Olívia se acomodou na poltrona, buscando um momento de descanso com um copo d'água, um pequeno alívio necessário enquanto carregava o peso da barriga. A campainha tocou, e Liza, com uma animação contagiante, correu para atender, como se já soubesse quem estava do outro lado.
— Entre, Niki — Liza chamou, puxando um rapaz pela mão.
Niki entrou, e seus olhos passaram por mim com uma análise minuciosa, era um olhar que não conseguia esconder o desgosto.
— É essa criatura? — Niki perguntou, torcendo o nariz.
Liza lançou um olhar de reprovação para Niki, balançando a cabeça em desaprovação. Sem dar mais atenção ao comentário dele, Niki começou a retirar uma série de cremes, pinças, tesouras e estojos de maquiagem de suas malas. Ele me perguntou onde eu poderia encontrar um banheiro para lavar o cabelo e chamou duas moças para ajudá-lo.
Eu imediatamente reagi, um sentimento de frustração surgindo ao pensar no meu cabelo armado depois que estava seco.
— Não, meu cabelo é horrível, não tem jeito — disse, com uma tristeza evidente em minha voz.
De longe, Olívia começou a me convencer mais uma vez, com sua voz gentil e encorajadora.
— Martina, seu cabelo não é horrível. Você é linda, menina. Existem produtos e técnicas que você ainda não conhece que podem transformar seu cabelo em algo glamoroso. Uma boa hidratação vai resolver essa porosidade causada pela água do mar. Pessoas maldosas te fizeram acreditar que você não pode mudar e que é feia, mas isso é uma grande mentira, claro que, com essas roupas, não ajuda em nada, mas o mais importante é que estamos te ensinando várias coisas todos esses dias, e você tem aprendido tão rápido.
Liza se aproximou de mim, com uma delicadeza que era quase palpável. Ela ergueu minha cabeça com o dedo indicador e me olhou com uma firmeza e sinceridade que fizeram meu coração aquecer.
— Martina, você é linda, confie em nós, porque aqui você tem amigas de verdade, e jamais faríamos algo para te envergonhar. No início, o foco era apenas o meu casamento, eu confesso, mas aprendi a gostar muito de você. Nossos momentos juntos me fizeram lembrar das coisas simples da vida, que muitas vezes não damos mais valor.
Olívia e Liza me abraçaram, e eu senti uma emoção profunda, percebendo o laço de amizade que se formava entre nós. Aquele sentimento de apoio e carinho era reconfortante e poderoso, e eu estava prestes a chorar quando Niki interrompeu com suas palmas entusiasmadas.
— Andaaaa! Que hoje a gata borralheira vai virar Cinderela, ou não me chamo Niki!
Passamos a tarde inteira nas mãos de Niki, e quando Olívia e Liza foram e voltaram de seus afazeres, finalmente eu estava pronta. Sentia-me como uma participante de um daqueles programas de transformação que costumava assistir.
— Não saia daí ainda, minha bela! — Niki exclamou, indo em direção à sala. Enquanto isso, eu ouvia os murmúrios animados de Olívia e Liza.
Com o coração acelerado e cheia de expectativa, entrei devagar na sala, usando o vestido que compramos no shopping. O momento estava prestes a se revelar, e eu estava ansiosa para ver o resultado final da transformação.

POV OLÍVIA
Eu não consigo encontrar palavras suficientes para descrever a transformação impressionante que vi atravessando a sala de Daryl. Liza estava com a boca aberta, sem conseguir reagir, enquanto Niki exibia uma expressão de orgulho absoluto. Ele sabia que havia feito um trabalho magnífico.
— Gente! Cadê a Martina? O que você fez com ela Niki? — Eu brinquei, encantada com o resultado.
— E aí?? — Martina perguntou, erguendo as laterais do vestido e tentando se olhar.
— Não, eu não posso acreditar! — Liza exclamou, levando a mão à boca. — Está linda! Magnífica! Muito melhor do que qualquer modelo de revista.
— Eu quero me ver! — Martina disse, com sua ansiedade evidente.
— Claro! — Niki respondeu, armando seu espelho dourado. — Martina, este espelho é muito especial. Ele vai revelar a verdadeira beleza que você carrega por dentro.
Niki piscou para nós e eu estava tão ansiosa que quase não consegui me controlar. Niki virou o espelho para que Martina pudesse ver sua própria imagem. O olhar de Martina ao se deparar com sua própria reflexão foi de puro espanto e maravilha.
— Me— Meu Deus! Essa sou eu?? — Martina gaguejou, sua voz cheia de incredulidade e emoção.
O espelho revelava uma versão de Martina que parecia a materialização de toda a sua beleza interior, uma visão que ela mesma havia começado a acreditar ser impossível.
Ela se aproxima do espelho, tocando-o com a ponta dos dedos como se quisesse se assegurar de que a imagem refletida era real. Martina estava deslumbrante, uma verdadeira princesa, e eu não conseguia deixar de me sentir emocionada. As lágrimas de alegria e alívio escorriam pelo meu rosto enquanto abraçávamos a nova Martina, celebrando sua transformação.
Depois de toda a comemoração, decidi que era hora de ir embora. Fui até a cozinha para buscar mais um copo d'água, exausta após o dia intenso.
Enquanto estava na cozinha, quase deixei o copo cair ao ver um vulto passar por mim. Olhei para trás, sem fôlego e vi Daryl parado na porta, cruzando os braços com uma expressão de surpresa.
— O que está acontecendo aqui? — Ele perguntou, com sua voz cheia de curiosidade.
— É, eu... é que eu e Liza, nós viemos ver Martina. Pensamos que você só voltaria na próxima semana para o casamento. Desculpe, Daryl, eu não sabia que estaria aqui. Não fique bravo.
— E por que eu ficaria? — Daryl questionou, com seus olhos caindo sobre meu ventre.
— Não sei, é que depois de tudo o que aconteceu, tudo o que houve, Daryl!
— Olívia, isso não importa mais. É lógico que não vamos ser uma família de comercial de margarina, mas eu pretendo viver pacificamente com vocês pelas nossas filhas. Elas são a parte mais importante de tudo.
— E-eu não sei o que dizer, Daryl. Meu coração está tão aliviado, parece que tirei um peso das costas. Eu quero que você seja feliz.
— Eu também, Olívia... Eu também.
— Espero que um dia você encontre um grande amor — Eu disse, estendendo a mão para ele.
— Quem sabe um dia Sra Ortega.


POV DARYL
O encontro com Olívia foi melhor do que eu esperava. Achei que a raiva tomaria conta de mim, mas para meu próprio espanto meu coração está mais calmo.
Depois de todos irem embora, procuro Martina pela casa. Estou ansioso para falar com ela, especialmente depois de tudo o que aconteceu nesta viagem, preciso saber o que ela sente e o que está pensando, preciso descobrir porque estou sentindo esse frio na barriga. Bato na porta e ouço o som abafado de sua voz:
-Só um minuto.
Enquanto espero do lado de fora e fico perdido nos pensamentos aleatórios de que apesar dos desafios, ainda tenho o amor das pessoas que realmente importam para mim: Elena e Tatia.
O som dos passos de Martina se aproximando da porta faz com que eu fique um pouco ansioso e quando ela finalmente abre a porta, vejo um sorriso tímido em seu rosto, parecendo estar aliviada ao ver que sou eu quem está ali.
-Oi, posso entrar? - Pergunto com um tom suave.
-Fique à vontade. – Ela diz
O cheiro de um delicioso perfume invade minhas narinas, percebo que Martina está com restos de maquiagem no rosto e muitas roupas estão espalhadas pelo quarto.
- O que está havendo Martina?
-Nada é que... estou arrumando meu quarto.
-Por que você está com a maquiagem borrada? - Pergunto
Ela parece um pouco constrangida, dá uma rápida olhada ao redor do quarto e depois no espelho logo a nossa frente.
-Liza e Olívia estão me ajudando a mudar, usar outras roupas e ficar mais bonita.
Eu dou uma olhada para o quarto desarrumado e para Martina, tentando entender a situação. -Não precisa se preocupar com isso. - Digo suavemente. -Eu só queria saber como você está se sentindo. Não ligue para essas bobagens Martina, você é linda e não precisa disso
- Daryl... eu não sei o que dizer. Liza e Olívia estão me ajudando a encontrar meu estilo e me sentir melhor. Mas, às vezes, é difícil, sempre foi.
- Não importa o que você usa ou como você está agora, você sempre vai ser bonita e mais importante ainda, você é uma pessoa incrível, independentemente de qualquer coisa.
Martina fica visivelmente envergonhada, seu rosto fica vermelho e ela evita meu olhar.
-Daryl, você não precisa dizer isso. Não acredito que sou assim tão... tão bonita. Ainda estou tentando me encontrar, e tudo isso parece um pouco forçado.
Eu vejo a dúvida nos olhos dela e sinto a necessidade de assegurar que estou falando a verdade.
-Martina, eu realmente estou dizendo a verdade. Não estou tentando te enganar ou fazer você se sentir melhor com palavras vazias, eu vejo a beleza em você, não apenas no exterior, mas na pessoa que você é. Essas mudanças são difíceis, e eu entendo que você pode não se sentir confortável com isso ainda, mas faça o que seu coração mandar.
Ela continua a olhar para baixo, claramente lutando para acreditar no que estou dizendo.
-Eu só... eu sinto que ainda tenho muito o que fazer para estar à altura desta cidade e às vezes, parece que estou apenas tentando me encaixar.
Coloco uma mão gentil no seu ombro, tentando transmitir sinceridade.
-Não importa o quanto você acha que precisa mudar, o que importa é quem você é de verdade.
-Daryl.... eu preciso de um tempo sozinha.
- Tudo bem... Vou sair um pouco.
Enquanto caminho pelo corredor, respiro fundo, tentando respeitar seus sentimentos e não forçar a barra. O que eu estou fazendo? Querendo me aproximar dessa garota que nem sabe quem é? Mas e eu? Será que eu sei quem eu me tornei?
Essas perguntas ecoam na minha mente, me deixando inquieto. Olho ao redor da casa, lembrando de todos os momentos que passei aqui, todas as mudanças que ocorreram. A vida seguiu seu curso, e de alguma forma, me peguei preso nesse turbilhão de incertezas e dúvidas.
Martina está tentando se encontrar, mas e eu? Tenho minhas próprias inseguranças, meus próprios fantasmas do passado. Tento ser forte para os outros, mas às vezes, sinto que estou apenas fingindo, mantendo uma fachada para esconder meus próprios demônios.

POV MARTINA
Depois de Daryl sair do quarto, deixo escapar um suspiro de alívio. Olho para o espelho, vendo os vestígios de maquiagem borrada e as roupas espalhadas pelo quarto. O que estou tentando provar? Para quem?
Tenho convivido com Daryl apaixonado por Olívia, por meses. O que me faria pensar que ele é diferente de Peter? Será que Daryl está apenas querendo uma distração comigo? O medo de sofrer de novo faz com que eu me afaste e me feche no meu mundo seguro.
Peter também parecia sincero no começo, mas tudo acabou em decepção. Por que Daryl seria diferente? Não consigo evitar esses pensamentos. A ideia de me abrir e confiar novamente me apavora. É mais fácil ficar sozinha, onde estou segura, onde ninguém pode me machucar.
Sento na cama e olho para o quarto desarrumado. Talvez essa mudança externa seja apenas uma tentativa de me distrair das verdadeiras questões internas.


Uma semana a mais e as coisas parecem ter voltado ao normal. Daryl sorri para mim da sacada e eu abaixo a cabeça, correspondendo de forma sutil. Meu coração está despedaçado e com muito custo, eu controlo o choro para continuar estendendo os lençóis recém lavados. Minutos depois, sinto algumas gotas geladas em meu braço, seguidas do barulho de um mergulho. Coloco minha atenção na piscina e vejo Daryl saindo da água, minhas pernas ficam bambas, e meu corpo responde borbulhando. Sinto como se meu sangue estivesse fervendo.
Ele sai da água, e seus músculos reluzem sob a luz do sol, com as gotas escorrendo pela pele. Tento desviar o olhar, mas é impossível não notar a forma como ele se move, a confiança em cada passo. Daryl limpa o rosto com a mão, tirando o excesso de água dos olhos, e olha diretamente para mim.
Meu coração dispara, minhas mãos começam a tremer e sinto uma mistura de emoções, vergonha, desejo, insegurança. Por que ele tem esse efeito sobre mim? Por que meu corpo reage dessa maneira?
Daryl se aproxima lentamente, e eu tento me concentrar nos lençóis, fingindo que não o vejo. Mas é inútil; minha mente está totalmente focada nele.
-Bom dia Martina! - Ele diz com um sorriso caloroso, parando perto de mim.
-Bom dia - Respondo, com minha voz saindo fraca.
Evito olhar diretamente para ele, com medo de que meus olhos revelem tudo o que estou sentindo.
-Você está bem? - ele pergunta, com um tom de preocupação.
-Estou. - Minto, tentando manter a compostura. - Só estou um pouco cansada.
Ele fica em silêncio por um momento, como se estivesse tentando entender o que realmente está acontecendo dentro de mim.
-Que horas você vai se arrumar para ir ao casamento? Você precisa de dinheiro para ir ao salão ou coisa assim? - diz ele finalmente, com uma gentileza que quase quebra minhas defesas.
-Eu não vou, Daryl! - respondo de imediato.
-Por que não? - Ele pergunta, desfazendo o sorriso recém-feito em seu rosto perfeito.
Dou de ombros, e não me dou ao trabalho de responder. Pego o pote de grampos do chão e viro as costas para ele, indo em direção à lavanderia.
-Eiii, garota! Estou falando com você!
Eu me viro em sua direção, fula da vida.
-Por que você quer que eu vá, Daryl? Para as pessoas rirem de mim? Para comentarem... 'Olha lá a caipira ridícula'. Não! Eu não vou fazer você e nem ninguém passar vergonha!"
Daryl dá um passo à frente, com a expressão séria.
-Martina, ninguém vai rir de você. E se alguém tentar, terá que se ver comigo. Você merece estar lá tanto quanto qualquer outra pessoa.
-Você não entende. - Digo, sentindo a frustração aumentar. - Eu não quero ser o alvo dos olhares, dos comentários. É fácil para você falar, você é perfeito.
-Perfeito? - Ele ri, mas não há alegria no som. - Eu estou longe de ser perfeito, Martina. Eu também tenho minhas inseguranças, meus medos. Não sou diferente de você.
Cruzo os braços, tentando me proteger de suas palavras.
-Eu sei muito bem o que é se sentir assim garota. Sempre a segunda opção, sempre o menos importante.
Ele dá outro passo à frente, seus olhos intensos nos meus.
-Martina, eu vejo você. Eu vejo a pessoa incrível que você é. Não é só uma questão de aparência ou status. É sobre quem você é por dentro, e eu quero que você vá ao casamento porque você merece estar lá, celebrando com todos nós.
As lágrimas ameaçam escapar, mas eu as seguro firmemente.
-E se eu não conseguir? E se eu falhar? – Pergunto.
-Você não vai falhar. - diz ele, sua voz cheia de convicção. - E mesmo que tropece, estarei lá para te apoiar. Não vou deixar você enfrentar isso sozinha.
Eu respiro fundo, tentando absorver suas palavras. Parte de mim quer acreditar e aceitar o apoio dele. Mas outra parte, a parte ferida e insegura, ainda está com medo.
-Vou pensar sobre isso. - Murmuro finalmente, desviando o olhar.

POV DARYL
Sento na poltrona do meu quarto e encaro o terno que está em cima da cama sentindo o peso do momento. Vou até a mesinha perto do home theater e me sirvo de uma dose de Jack. Tomo o primeiro gole enquanto ando pelo quarto, tentando processar tudo o que está acontecendo.
Chego perto da janela e observo Martina, agora recolhendo os lençóis que estendera mais cedo. O cabelo dela está tão bonito; realmente, Olívia e Liza fizeram um belo trabalho no outro dia.
Eu volto a dar um gole na minha bebida, sentindo o calor do álcool descendo pela garganta. Não é fácil ver alguém que você se importa se debater tanto. Queria poder fazer mais, mostrar a ela que é capaz de superar esses desafios, que é mais do que suficiente exatamente como é.
Meus pensamentos estão perturbados, os sentimentos misturados e não sei como reagir. Olho para o relógio e percebo que Martina realmente não pretende ir ao casamento.
Enrico me manda uma mensagem pedindo para que eu vá mais cedo; ele está nervoso e precisa de um ombro amigo por perto.
Me olho uma última vez no espelho do lavabo para ajeitar a gola da camisa, pego as chaves do carro e verifico se Martina, por acaso, está por ali. Está tudo quieto e penso comigo que ela deve estar dormindo.
Preciso colocar minha cabeça no lugar e parar de ver coisas onde não tem. Eu não mereço, um pingo de atenção agora depois de tudo que fiz a Martina na época em que me escondi em Porto Rico. Ela deve me odiar. Eu a maltratei e nem sei se mereço ser feliz algum dia.

Deixo a melancolia de lado, tomando mais uma dose antes de entrar no carro. Hoje, nem sei se volto para casa. O líquido desce queimando, e sinto o calor espalhando-se pelo meu corpo tentando sufocar a dor e a culpa que me consomem.
Dirijo em direção ao casamento, mas minha mente está em outro lugar. Os pensamentos sobre Martina continuam a me atormentar. Por que é tão? Talvez porque, apesar de tudo, eu veja algo nela que me faz querer ser uma pessoa melhor.
Chego ao local do casamento e vejo Enrico, visivelmente nervoso, andando de um lado para o outro.
-Ei, cara, ainda bem que você veio. -Ele diz, aliviado ao me ver.
-Claro, estou aqui por você. - Respondo, tentando afastar meus próprios demônios para apoiá-lo.
Passamos algum tempo conversando e consigo distraí-lo um pouco de suas preocupações. Mas no fundo, meus pensamentos ainda estão com Martina. Será que ela algum dia poderá me perdoar? Será que um dia poderei me perdoar?


POV OLÍVIA
A cerimônia estava prestes a começar, e eu estava tão nervosa que parecia que também iria me casar. Liza estava deslumbrante; sem dúvida, minha melhor amiga era a noiva mais linda do mundo. Decidi conferir a sala dos padrinhos para garantir que tudo estava em ordem, e notei a falta de uma madrinha. "Mas onde está Lydia?" pensei, preocupada.
Meu celular tocou e com um misto de desespero e urgência, atendi.
— Lydia?? Graças a Deus! Onde vocês estão?
Após a ligação, o desespero me tomou. Senti um frio súbito e procurei um banco para me sentar. Carmen, notando meu pânico, se aproximou imediatamente.
— O que aconteceu, Olívia? — Perguntou Carmen, com uma expressão de preocupação genuína.
— Os padrinhos do noivo não vão comparecer. Gabriel teve uma intoxicação alimentar e está no hospital. E agora, o que eu faço? Liza vai surtar, Carmen. E falando em pessoas ausentes, onde estão Martina? E Daryl?
Uma ideia começou a se formar em minha mente enquanto tentava controlar a ansiedade.
— Olívia, acabei de vir da casa do meu filho, e Martina... bem, ela não vem.
— Como assim, não vem? Estava tudo certo! Não, Carmen, precisamos ir atrás dela. Vou falar com Enrico e resolver isso, Liza terá seu par de madrinhas. Não podemos deixar assim.
Levantei-me lentamente, colocando a mão no ventre. Senti uma pontada leve, mas logo me tranquilizei, estava tudo bem.
Niki surgiu dos fundos do salão, visivelmente agitado.
— Olívia, precisamos retocar sua maquiagem, minha gravidinha linda.
— Niki, agora não é o momento para isso! Preciso da sua ajuda para buscar Martina. Quero que a deixe ainda mais deslumbrante! Mais do que já é, mais do que naquele dia.
— Adorooooo esse tipo de missão! Vamos transformar a princesa em rainha esta noite, com certeza! — Niki respondeu empolgado.

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