Capítulo 6

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Elena aponta para frente, dizendo ter visto sua mãe. Eu me viro, e Tátia, ansiosa desce do meu colo quase se desequilibrando.
--Mamãe!!! – ela grita, correndo na direção de Olívia.
Olívia nos olha e lança um belo sorriso, parecendo entender o que está acontecendo. Matt continua olhando para frente e comenta:
--Eu sei que vocês se encontraram em sua casa, Daryl. Olívia me contou o que aconteceu, você teve a oportunidade perfeita para tentar alguma coisa, mas não fez, agora eu acredito em você cara. só o perdão pode curar essa ferida que tenho no coração e eu escolho te perdoar, irmão.
Elena desce do colo de Matt e corre atrás da irmã, Olívia entra apressada nos fundos da igreja, e Matt a segue com passos lentos, provavelmente refletindo sobre tudo isso.
Eu olho para o jardim, inspiro o ar e o solto devagar, sentindo minha alma leve pela primeira vez. Penso em Martina e decido que vou deixá-la livre para ir embora. Não quero mais vê-la infeliz e sentindo-se presa para atender às minhas vontades. Ela merece ser feliz e encontrar um cara de sorte que a terá ao seu lado.

Posiciono-me próximo à entrada, aguardando meu momento de entrar como padrinho, e enquanto espero, penso comigo mesmo: "A minha madrinha deve ser uma baranga"
Matt está logo à minha frente e eu pergunto:
-A que horas isso começa? Nunca vi tanta demora assim. - Digo, bufando.
Coloco minhas mãos no bolso do paletó, pego meu celular, verifico as horas e o guardo de novo. Lanço um olhar rápido para o portão de trás, mas um detalhe chama minha atenção, fazendo-me repetir a ação e fixar os olhos naquele belo traje. Concentro minha atenção na elegante mulher que se aproxima, vestindo um traje de cor vibrante, com metade do cabelo preso. À medida que ela se aproxima, meu coração acelera e sinto o sangue ferver em minhas veias.
-Martina! - Murmuro.
Todos os presentes viram seus olhares para a jovem. Os fogos de artifício indicando o início da cerimônia iluminam o céu e parecem estar em celebração à presença da bela moça, que caminha majestosamente em nossa direção.

POV MARTINA.
Fiz exatamente como combinei com Olívia, caminhei em direção a ele e apesar da vergonha que me consumia, mantive meu andar leve e seguro. A sensação de nervosismo quase me fez hesitar, mas continuei firme. Cheguei ao lado de Daryl e com um movimento confiante, enganchei meu braço no dele, exatamente como havíamos planejado, Olívia, Niki e eu.
— Olá, sou a madrinha da noiva. Prazer, Martina. — Anunciei aos cerimoniais, tentando manter a voz firme.
Daryl me olhou de queixo caído, a expressão em seu rosto era uma mistura de surpresa e admiração. Carmen com os olhos marejados, parecia profundamente comovida e Matt me observava como se estivesse vendo um fantasma.
— Martina? É você mesma? Não... Impossível. — Matt disse, sua voz carregada de descrença.— Nossa, você está muito bonita. É inacreditável.
— Ela está maravilhosa. — Daryl acrescentou, levando minha mão aos lábios e beijando-a suavemente.
Eu senti um calor subir ao rosto, mas mantive a compostura, ciente de que por um momento, eu estava exatamente onde sempre desejei estar: ao lado de Daryl, sentindo seu calor e apoio, ainda que apenas por um breve instante.
Sentia tanta emoção como se fosse a própria noiva. O olhar de Daryl para mim era diferente, como hoje mais cedo. Eu havia sido injusta com ele, com minhas infantilidades agora deixadas de lado, junto com aquelas velhas roupas e o velho jeito de agir.
Olívia sorria para mim o tempo todo, orgulhosa do que via, acho que no fundo, ela estava aliviada por saber que eu amo Daryl, pois repetiu várias vezes o quanto deseja a felicidade dele.
O casamento foi maravilhoso, realizado no salão menor da igreja. Durante a cerimônia, eu olhava para Daryl ao lado de Matt, bem à minha frente. Ele não tirava os olhos de mim, e eu sorria o tempo todo, até que Matt o cutucou, soltou um sorrisinho maroto e pediu que o irmão prestasse atenção nas palavras finais do padre.

Chegando na festa fui acompanhada por minha madrinha Carmen e meu padrinho Alejandro. Eles não paravam de dizer o quanto estavam orgulhosos de mim, pela mudança, pela alegria e também por eu ter contado que faria faculdade em Porto Rico logo que voltasse.
Estava entrando no salão quando recebi uma mensagem em meu celular:
"Martina, te espero ao lado de fora do salão. Venha pelo lado do jardim, estarei lhe esperando. Precisamos conversar." - Daryl
Meu coração se encheu de dúvidas e esperança ao mesmo tempo. Será que é o que estou pensando? Será que ele também sente algo por mim? Só pode ser isso, pela maneira como me olhava. Meu sorriso se fez presente e senti uma sensação tão boa como jamais havia sentido em toda minha existência.
Caminhava tão eufórica que não percebi por onde andava e acabei esbarrando em alguém. Automaticamente, olhei para pedir desculpas e tive uma surpresa bem desagradável.
— Desculpe, me perdoe, senhor. — Digo, tentando me esquivar.
— Martina? — Ele diz, olhando para a marca de nascença ao lado do meu pescoço.
— Peter, eu...
— Nossa! Uau! — Ele diz quase perdendo o ar.
— O que faz aqui, Peter?
— Eu sou amigo do seu patrão, que é amigo do noivo, então... sou convidado do noivo! — Ele diz com aquele sorriso petulante de sempre. — Você está diferente dos tempos de escola e do dia que te vi trabalhando de empregada na casa do meu amigo Ortega.
— Dá licença, Peter, estou ocupada! — Digo, tentando passar pelo canto da parede.
Ele segura meu braço, chega perto de mim, cheirando meu pescoço, e diz:
— Sabe, Martina, ainda lembro da nossa noite. Ainda lembro de quando fui o seu primeiro homem. Esta noite eu irei até a casa de Daryl. Vou mandar Maya embora de táxi, o que acha de me dizer onde fica seu quarto?
As lembranças de todas as humilhações vêm à minha mente e um nó se forma na minha garganta. Fico imóvel, sem reação.
-- Maya está aqui? – Pergunto.
-- Sim ela é minha acompanhante.
— Esta noite o quê, Peter? — Daryl diz, vindo em nossa direção.
— Essa noite vamos nos divertir, meu camarada! Venha cá me dar um abraço, meu amigo. — Peter diz, tentando disfarçar.
Daryl o abraça, desconfiado, sem ter ouvido nada do que o descarado acabara de me dizer. Ele pega minha mão e me leva para fora do salão. Delicadamente, ergue minha cabeça com o dedo indicador e pergunta o que houve. Decido contar tudo, revelando um segredo que apenas meus pais e minha madrinha conheciam.
Contei a Daryl sobre o que aconteceu naquela época, e ele ouviu tudo com indignação. Ao final, ele me abraça e me aconchega em seu colo. O perfume cítrico dele me acalma, e sinto uma sensação de segurança e conforto.
Daryl me segurava firmemente, mas com delicadeza, como se quisesse me proteger de todas as dores do passado. Ele afastou-se um pouco, olhando nos meus olhos, e disse com seriedade:
— Martina, ninguém deveria ter passado pelo que você passou. Mas eu estou aqui agora. Você não está sozinha.
Seus olhos refletiam uma mistura de raiva e compaixão. Ele segurou meu rosto entre suas mãos, como se quisesse que eu entendesse a profundidade de suas palavras.
— Eu não vou deixar ninguém te machucar de novo.
As palavras dele me trouxeram uma sensação de alívio, como se um peso estivesse sendo retirado dos meus ombros. Senti meus olhos se encherem de lágrimas, mas dessa vez eram de gratidão e não de dor.
Daryl me puxou para um abraço mais apertado, e eu me permiti afundar naquele momento, sentindo a segurança que ele oferecia. Depois de alguns minutos, ele se afastou ligeiramente, ainda segurando minhas mãos.
— Agora, vamos voltar para a festa e aproveitar a noite. — Ele disse, sorrindo. — Mas, se em algum momento você não se sentir confortável, me avise ok?

POV POR DARYL
Pensei que ele tivesse alguma consideração por mim. Mas, depois que fiquei com Maya, não espero mais nada dele, pelo menos agora não preciso mais me sentir culpado por pegar aquela vadia. Depois de tudo que Martina me contou, meu sangue fervilhava de ódio e minha vontade era de matar aquele desgraçado. Mas eu tive uma ideia muito melhor. Martina pode até ser boazinha, mas sinto no ar um cheirinho de vingança que me agrada demais.
Esperei a festa chegar quase ao fim, minhas filhas já haviam ido embora com a babá, Ruth, e somente as pessoas mais íntimas permaneceram. Combinei tudo com Enrico e Liza, encomendei tudo que eu precisava, expliquei os motivos, e eles concordaram. Estavam prestes a sair para a lua de mel e até lamentaram não poder assistir ao episódio que estava por vir.
Quando a festa estava no seu clímax final, caminhei até a pista de dança onde Peter ainda estava desfrutando da festa sem a menor ideia do que o aguardava. Segurei o microfone, pedindo a atenção de todos. O salão foi ficando em silêncio gradualmente, todos curiosos para saber o que eu tinha a dizer.

- Pessoal!! – Eu digo batendo a faca na taça simulando um discurso. – Gostaria de chamar todos para irmos até o Jardim, eu tenho uma surpresa.
Depois de todos reunidos, eu olhava de longe o crápula do Peter devorando Martina com os olhos, enquanto a tonta da Maya estava ao lado dele, preocupada apenas em tirar fotos para postar nas redes sociais.
— Martina... por favor, fique ao meu lado.
Alejandro e Matt pegaram o imbecil do Peter, que começou a espernear, sem entender o que estava acontecendo. Todos ali estavam confusos, mas eu fazia tudo com a frieza que tanto apreciava.
Peguei Maya pelo braço e a coloquei ao lado de Peter.
— Mas o que está acontecendo, seu louco? — ela disse, contestando.
Coloquei Martina na frente dela e olhei para Maya com um sorriso sarcástico.
— Reconhece essa garota, Maya?
Ela espremeu os olhos e torceu o nariz, tentando identificar o rosto que lhe parecia familiar.
— Não sei, aliás, ela não me é estranha, mas o que isso tem a ver? Está bêbado, Ortega?
— O quê? — Peter se pronunciou, ainda mais confuso.
— Calem a boca! Isso não tem nada a ver comigo, mas sim com Martina!
— Martina?? — Maya perguntou surpresa. — Aquela Martina que parecia uma mendiga morta de fome? — Ela disse, gargalhando. — Não, claro que não, essa mulher é muito bonita para ser ela...
— Sim, Maya, é a mesma Martina. — Interrompi, minha voz carregada de sarcasmo e frieza. — A mesma que vocês humilharam e desprezaram. A mesma que você, Peter, abusou.
O silêncio caiu sobre o grupo, e os rostos de todos refletiam choque e incredulidade. Peter tentou se soltar de Alejandro e Matt, mas eles o seguraram firmemente.
— Você vai pagar por tudo, Peter. — Eu disse, minha voz baixa e perigosa. — E você, Maya, vai aprender que não pode passar por cima dos outros sem consequências.
Martina, ao meu lado, estava visivelmente emocionada, mas também havia uma força renovada em seus olhos. Ela olhou para Peter e Maya, agora reduzidos a nada mais do que sombras do passado que ela estava finalmente superando.

— Pronto, Daryl, já deu seu showzinho. Agora vamos sair daqui. — Maya disse, visivelmente desconfortável.
— Não sem antes você me responder uma pergunta... Você ainda gosta de peixe?
— Do que você está falando, idiota? — ela gritou, histérica.
No instante seguinte, baldes com vísceras de peixe despencaram de cima da pilastra, caindo diretamente sobre Maya e Peter. Todos ao redor começaram a rir e aplaudir, vaiando aqueles dois inúteis como nunca antes.
Eu gargalhei alto, enquanto eles saíam dali me praguejando e até jurando vingança. Mas eu não estava nem aí, até porque ninguém conhecia Max ou sabia de todo o episódio. Sentia-me aliviado por Martina. Ela levou as mãos à boca, ainda não acreditando no que via, eu a abracei com carinho e sussurrei em seu ouvido:
— Nunca mais, ninguém vai te humilhar ou te maltratar enquanto eu viver.
Ela me olhou com olhos cheios de gratidão e emoção. Naquele momento, senti que havia feito a coisa certa, não apenas por mim, mas principalmente por ela.


Poucos minutos antes de nos despedirmos na frente do salão de festas, me aproximei de Carmen.
— Carmen, posso levar Martina em meu carro? — Pedi, esperando sua permissão.
Carmen me olhou, hesitante, mas assentiu.
— Depois do que fez essa noite... claro que sim filho.
— Eu vou cuidar dela até o meu último suspiro — Garanti, estendendo a mão para Martina, que se aproximava timidamente.
Dirigi devagar, quase flutuando pelas ruas de Nova Iorque, uma mudança notável em meu habitual estilo de dirigir. Martina permaneceu em silêncio durante todo o trajeto, com os braços apoiados nas coxas e os dedos estalando de nervosismo, esboçando um sorriso tímido. Era claro que ela estava preocupada e talvez quisesse dizer algo, mas hesitava. Ao estacionar o carro e atender uma ligação, virei-me para ela.
— Espere-me perto da piscina, por favor — pedi, enquanto me afastava.
Caminhei na volta devagar, observando Martina com uma atenção renovada. A luz suave da noite refletia em seu rosto, revelando uma beleza que eu havia ignorado antes. Como eu não a havia notado antes? Até mesmo durante os tempos no bangalô, quando a escuridão em mim parecia tudo consumir. Agora, porém, a confiança tomou conta de mim. Eu sabia que ela também sentia algo por mim, algo genuíno que não se baseava na aparência ou no dinheiro, mas simplesmente em quem eu era.
Martina se levantou, seus olhos me procuravam com ansiedade, carregados de expectativas de alguém que havia esperado muito tempo por aquele momento.
— Martina, precisamos conversar.
— Daryl, estou com medo. Sinceramente, não sei o que está acontecendo. Aliás, até imagino, mas não tenho certeza. — disse Martina, sua voz carregada de vulnerabilidade.
Um sorriso involuntário surgiu em meu rosto ao pensar: "Somos mais parecidos do que eu imaginava." Eu também me sentia inseguro diante daquela situação, mas sabia que precisava mostrar a ela quem eu realmente era, este novo Daryl Ortega.
Com um gesto relaxado, tirei meus sapatos e meias, puxei a barra da minha calça de tecido italiano até a metade das canelas e me sentei na beirada da piscina, buscando um alívio para o calor da madrugada. Mantive meu olhar fixo em Martina, esperando que ela seguisse meu exemplo.
Ela, com um movimento hesitante, tirou seus sapatos e se sentou ao meu lado, fazendo uma pequena careta ao sentir a água gelada tocando sua pele macia.
Coloquei minha mão sobre a dela, sentindo o leve tremor de sua pele. Martina ficou paralisada, e eu pude perceber o suor em suas mãos, misturando-se com o meu, em um instante de conexão silenciosa.
— Martina, já passou um bom tempo... Até o momento em que Olívia e eu chegamos ao fim, eu acreditava que seria para sempre. Mas não foi e nunca poderia ser, porque ela sempre amou meu irmão. Olívia deixou isso claro para mim, mas meu egoísmo falou mais alto, e eu a quis mesmo assim. Experimentei o fogo de uma paixão que ela sentiu por mim, tivemos momentos intensos, muito bons e quentes, não vou negar. Tivemos um luto juntos, pois ela pensava que eu estava morto, e eu sabia que ela havia se casado com meu irmão depois de um tempo. A fase de aceitar esse término foi demorada e solitária. Só eu sei a dor que senti, mas passou e graças a essa relação, vieram minhas filhas, Tatia e Elena, Elena que considero como minha também. Elas têm um papel fundamental em minha vida e foram responsáveis pelo homem que me tornei hoje. Minhas filhas acabaram com meu egoísmo e plantaram uma semente de bem, que cresce a cada dia dentro de mim.
Ela me escuta com atenção e ao soltar minha mão, seca a palma da sua na barra do vestido, que está um pouco acima de seus joelhos.
— Você tem certeza de que não sente mais nada por Olívia? — Martina pergunta, voltando a segurar minha mão com um olhar curioso.
— Sabe, o amor é uma coisa muito poderosa. Na minha visão, se é verdadeiro, não se acaba como o meu por ela acabou. Olívia e Matt passaram por tantas coisas juntos, e o amor deles resistiu. Hoje eu entendo que isso é amor de verdade, quando você tem alguém que te ama de verdade baseado na simplicidade, a história não termina. Esse sentimento não se limita a uma mera atração física. Martina... o que eu sinto agora é uma força de gratidão por poder ver seu olhar doce todos os dias, e seu sorriso tímido quando ouve a minha voz.
— Daryl, eu quero que saiba que realmente fico muito feliz em ver seu sorriso e suas conquistas. Mas, principalmente, estou feliz por você não ter deixado seus sentimentos morrerem e por ser esse homem tão maravilhoso — disse Martina, com uma sinceridade tocante.
— Tudo isso é porque eu tenho um anjo na minha vida, chamada Martina. Você também me ajudou muito, com seu jeito simples e a beleza dos seus sentimentos — respondi, passando a mão suavemente pelo seu rosto.
Não consegui deixar de notar o arrepio em seu braço quando desviei meu olhar.
— Você é tão linda. Como pôde se esconder por tanto tempo, minha boneca? — perguntei, com um sorriso admirado.
— Eu fui uma tola, mas agora sou uma nova Martina, assim como você é um novo Daryl. As pessoas podem mudar, e hoje eu acredito nisso — respondeu ela, com um brilho renovado nos olhos.
Com um gesto hesitante, coloquei uma mão suave no rosto dela sentindo a textura delicada da sua pele sob meus dedos. O calor dos nossos corpos parecia se fundir, e os olhares que trocávamos eram carregados de uma intimidade silenciosa e profunda. O mundo ao nosso redor parecia desaparecer, reduzido ao simples ato de estarmos ali, juntos.
Martina, com um leve tremor, olhou para mim com uma mistura de vulnerabilidade e desejo. Seus olhos estavam brilhando, refletindo uma confiança crescente, ela deu um pequeno sorriso, e eu senti uma onda de emoção que me fez querer capturar aquele momento para sempre.
Inclinei-me lentamente em direção a ela com meu coração batendo forte, quase em descompasso, o gesto era suave e o espaço entre nossos lábios diminuiu de forma quase imperceptível. Quando nossos lábios se tocaram pela primeira vez, foi como uma revelação, uma fusão de sentimentos que não haviam encontrado palavras. O beijo foi delicado, uma expressão de toda a ternura e intensidade que compartilhamos.
O toque foi um misto de doçura e intensidade, um beijo que parecia dizer tudo o que palavras não podiam expressar. Eu senti o gosto da esperança e da redenção em cada movimento dos nossos lábios. Martina correspondeu com um fervor suave, seu corpo encostando-se ao meu, suas mãos se entrelaçando nas minhas com uma força sutil.
O beijo durou alguns momentos, um tempo suficiente para que o mundo voltasse a girar ao nosso redor, mas não o suficiente para dissipar a conexão que agora existia entre nós.

Coloquei uma toalha sobre a espreguiçadeira acolchoada, garantindo que estivesse bem posicionada e com um gesto cuidadoso, levei a mão até as costas de Martina, desfazendo o laço do vestido com uma suavidade que refletia o quanto eu desejava que ela estivesse confortável e à vontade.
Senti que Martina estava preparada e desejava aquele momento tanto quanto eu. A tensão que havia entre nós estava prestes a ser transformada em algo mais íntimo e pessoal.
— Você terá uma noite maravilhosa minha bela.
Ela me abraçou e o calor do seu corpo irradiou uma segurança que acalmava minhas próprias ansiedades. Um pequeno grito de aflição escapuliu de seus lábios, com uma mistura de antecipação e nervosismo.
Com um movimento gentil, o vestido deslizou lentamente até os seus tornozelos, o momento estava carregado de emoção, e enquanto o vestido se amontoava ao redor dos seus pés, eu sabia que estávamos prestes a viver uma noite intensa e cheia de prazer.
O brilho da piscina iluminava o ambiente, criando um cenário mágico que realçava a intimidade do momento. Eu olhei para ela com admiração e desejo, percebendo a confiança que ela havia demonstrado ao se revelar para mim.
— Você está deslumbrante — murmurei, meus olhos fixos em cada detalhe dela, capturando a beleza que antes havia sido ocultada pelo vestido.
Martina me respondeu com um sorriso tímido, seus olhos brilhando com uma mistura de expectativa e afeto. Ela se aproximou mais, com seu corpo agora encostando-se ao meu, e pude sentir a batida suave de seu coração.
— Eu confio em você — disse ela em um fio de voz.
Com delicadeza, comecei a acariciar suas costas, traçando os contornos de sua pele com a ponta dos dedos. A sensação de sua pele nua sob a minha mão era indescritível, um contato que parecia ser tanto uma promessa quanto um presente. Ela se curvou um pouco, repousando a cabeça em meu ombro, e eu a envolvi em um abraço firme, transmitindo todo o carinho e proteção que sentia por ela.
— Você é tudo o que eu esperei e mais — falei suavemente.
— Então vamos aproveitar esta noite — ela respondeu.
Nossos lábios se encontraram novamente, desta vez com uma intensidade mais profunda e apaixonada. O beijo era um misto de ternura e desejo, cada movimento refletindo a harmonia que agora existia entre nós. As mãos de Martina se moveram para envolver meu pescoço, enquanto as minhas exploravam seus ombros e costas com um carinho que era ao mesmo tempo protetor e amoroso.
A noite continuava a se desenrolar ao nosso redor, mas naquele momento, nada mais importava além do calor dos nossos corpos juntos em toda a intimidade.
Nosso beijo se aprofundava, a respiração de Martina acelerava contra meus lábios, e eu podia sentir o leve tremor em suas mãos enquanto segurava meu pescoço com firmeza. Meus dedos desceram lentamente por suas costas, traçando o contorno de sua coluna, fazendo-a arquear-se levemente, um suspiro suave escapando de seus lábios. Era como se cada toque meu fosse uma promessa silenciosa de que ela estava segura, de que ali, naquele instante, não havia medo ou insegurança.
Martina afastou-se por um breve segundo, seus olhos encontrando os meus, brilhando sob a luz suave da lua. Havia uma mistura de sentimentos neles – algo que ia além do simples desejo. Era como se estivesse me vendo de uma nova maneira, entendendo, talvez pela primeira vez, que aquilo que sentíamos um pelo outro era mais profundo do que ambos haviam imaginado.
-Eu nunca pensei que me sentiria assim. -Sussurrou ela, com a voz trêmula, quase como se estivesse com medo de quebrar a magia do momento.
Seus dedos traçaram uma linha suave ao longo do meu rosto, cada toque delicado e cheio de significado.
-Daryl, você me faz sentir coisas que eu achava que estavam fora do meu alcance.
Eu sorri, minha testa encostando na dela.
-Nós dois estamos descobrindo isso juntos. - Respondi, minha voz também um sussurro. - E não há nada de errado em sentir, em se deixar levar. Estamos seguros aqui, com nós mesmos e com o que estamos construindo.
Então, com um sorriso tímido, Martina voltou a me beijar e eu soube que por mais complicada que a vida pudesse ser, naquele instante, nada poderia ser mais simples ou mais verdadeiro do que o que estávamos compartilhando. Ela me puxou para mais perto, e nossos corpos se encaixaram com uma naturalidade que era quase sobrenatural, como se tivessem sido moldados um para o outro. O calor dela irradiava contra mim, e senti o tremor sutil em sua pele quando minhas mãos voltaram a explorar suas curvas, desta vez com um desejo inegável e urgente.
Cada toque meu em seu corpo era uma declaração silenciosa, uma promessa de que eu estava ali, completamente presente, totalmente entregue. Suas mãos percorriam meu corpo com uma intensidade crescente, e o espaço entre nós foi se estreitando até que não houvesse mais distância, até que nossos corpos se unissem de uma maneira que transcendia o físico e tocava algo muito mais profundo.
Martina arqueou-se contra mim, seus dedos agarrando meus ombros enquanto um gemido suave escapava de seus lábios. Eu respondi com igual intensidade, meus próprios suspiros se misturando aos dela, criando uma sinfonia de prazer que reverberava em cada fibra do meu ser. Seus olhos encontraram os meus mais uma vez, e naquela troca silenciosa, soube que havíamos cruzado um ponto sem retorno – um ponto onde nossos corações, mentes e corpos estavam irrevogavelmente entrelaçados.
Nosso clímax foi uma explosão de sensações, um momento de pura entrega, onde o mundo ao nosso redor desapareceu completamente, deixando apenas o brilho de um sentimento avassalador, algo que era mais do que paixão – era amor em sua forma mais pura e crua. E quando finalmente nos deixamos cair juntos, ainda entrelaçados, o mundo voltou a nos envolver, mas com uma nova luz, uma nova esperança.
Deitamos lado a lado, ofegantes e satisfeitos, nossos corpos ainda vibrando com a energia do que acabara de acontecer. Martina aninhou-se contra mim, seus braços envolvendo meu torso enquanto eu a puxava para mais perto, os dois buscando conforto na proximidade.
-Eu não sabia que poderia ser assim. - Ela sussurrou, a voz suave e trêmula, ainda tomada pela intensidade do momento.
-Nem eu. – Respondi. - Mas agora que sei, não quero nunca mais perder isso.
Ficamos assim, em silêncio, deixando o calor de nossos corpos misturados nos envolver. Não precisávamos de palavras; o que tínhamos dito e sentido naquela noite era mais do que suficiente para preencher qualquer vazio que pudesse ter existido entre nós.
Martina tomou minha mão e a levou aos lábios, pressionando um beijo suave sobre a pele. Com um tom envolvente, ela me disse:
— Daryl, eu não posso mais viver aqui. Eu não pertenço a esse lugar e não sei o que será de nós dois morando tão longe um do outro.
Ouvindo suas palavras, meu coração apertou e eu a olhei nos olhos, com meu sentimento de urgência e amor claramente refletido em meu olhar.
— Martina, eu vou estar com você sempre. Para mim, nada disso importa — respondi, apontando para minha casa ao fundo. — Nada disso importa sem você.
— Semana que vem, Enrico e eu inauguraremos nosso resort em Porto Rico. Ele e Liza irão morar aqui em Nova Iorque, e eu tomarei frente dos negócios. Claro que precisarei vir aqui com frequência, por causa das minhas filhas, mas você pode vir comigo de vez em quando. Isso tudo, claro, depois que a situação com Max for resolvida.
Ela me olhou com uma expressão de surpresa e esperança, com seus lindos olhos esverdeados arregalados.
— V-você está me dizendo que voltará para Porto Rico também?
— Na verdade, pretendo passar um pouco do tempo lá e um pouco aqui. Minha ideia é passar 20 dias em Porto Rico e 10 dias aqui — expliquei, com um sorriso tranquilizador.
Sem mais palavras, Martina se lançou em meus braços ainda nua, e eu senti o calor de seu corpo acender um desejo profundo em mim. Com um movimento delicado, a envolvi em meus braços e a carreguei em direção ao meu quarto. A noite estava apenas começando, e eu queria aproveitar cada momento com ela.

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