Capítulo Nove.

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"Olhando longe pra ontem; Gosto demais do que vejo; Nós dois varando a noite se amando; E agora não dá pra esquecer do beijo [...]"
Henrique & Juliano

  Antonia percorreu o caminho até a camionete de José Miguel em silêncio, estava nervosa demais para falar e absolutamente nada que lhe vinha a mente parecia correto. Ela enxergou o desejo nos olhos dele e temia que, se ele a observasse direito, visse o reflexo daquilo nos dela. Ele, no entanto, não parecia nada nervoso com a situação. Caminhava tranquilo ao seu lado, lhe guiando na direção de onde a RAM preta estava estacionada.

Ela percebeu que, talvez, a falta de nervosismo dele se devesse ao fato de que ele já havia beijado uma boa parcela das moças da cidade. Estava acostumado com aquilo, ela seria somente mais uma a ser beijada por ele. Esse pensamento só serviu para deixá-la mais ansiosa.

  — Antonia...? — chamou e ela percebeu que havia o ultrapassado. — Chegamos.

Ao olhar para trás, encontrou o homem escorado em sua camionete com os braços cruzados. A expressão de divertimento em seu rosto deixava claro o que ele pensava do momento: ela seria só mais uma diversão. A menina já estava quase dando meia volta e retornando ao bar quando José Miguel a chamou com a mão e a fez esquecer de tudo em um segundo.

  — Vem cá, meu bem — disse, acenando para que ela se aproximasse mais.

Ela se aproximou dele devagar, parando bem à sua frente. Seus olhos, no entanto, não alcançaram os dele e ficaram fixos em seu peito, como se o evitassem. A segurando pelo queixo, José levantou sua cabeça e fez com que ela finalmente o olhasse. A menina tinha as bochechas e os lábios rosados devido a bebida e seu cabelo caia perfeitamente ao seu redor, as ondas circulando seu rosto. Se ele acreditasse em Deus, tinha certeza de que ela seria um de seus anjos.

  — Posso te beijar? — perguntou, a voz em um sussurro rouco. Ele podia ver a incerteza em seus olhos e por isso decidiu ser gentil. Ela não era como as mulheres da cidade, na verdade, não achava que ela era como qualquer outra que ele já havia beijado.

Antonia assentiu, temendo que se falasse algo estragaria o momento. Com as mãos em um carinho suave, ele afastou o cabelo dela do rosto e se aproximou. Suas respirações estavam tão próximas que José sentiu o quanto a dela estava acelerada.

  — Você já foi beijada por um homem, menina? — perguntou, seus lábios roçando os dela em uma carícia suave. Ela fez que não com a cabeça. — Use as palavras, Antonia.

  — Não, eu nunca fui beijada. — respondeu, a voz não mais do que um sussurro.

Ele mal notou o rosnado baixo que deixou seu peito, satisfeito com a resposta que obteve. Foi então que José Miguel percebeu: ele não conseguiria tirar aquela menina da cabeça nem se a arrancasse fora. A puxando mais para si, ele inverteu as posições e a colocou encostada no carro de modo em que ele cobria seu corpo para qualquer um que passasse por ali.

Foi quando ele finalmente tocou seus lábios macios com os dele, iniciando um beijo lento. No começo Antonia não o correspondeu, estava inebriada demais com o perfume amadeirado e o toque firme em sua cintura para fazer algo. Quando Antonia finalmente se entregou, ele não conseguiu manter o controle.

Seu corpo quente pressionava o dela contra o carro e ele levou uma de suas mãos até seu cabelo, o puxando para ajustar o beijo a uma velocidade que o agradava. Ela pareceu entender como funcionava, pois passou os braços pelos ombros do homem e arranhou sua nuca com as unhas.

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