Quando Nós Damos Uma Chance

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Depois de um mês de castigo, eu finalmente consigo o meu celular de volta. Mas claro, eu ouvi minha mãe falando sobre "Cuidado com as pessoas que você tem amizade".

Aquele dia era apenas um dia super normal que eu havia ido para a escola, quando houve uma treta de duas meninas na hora da saída.

Por conta de fofoca.

A treta aconteceu do lado de fora da escola. E como os alunos são todos curiosos, eles foram correndo, para ver a treta de perto (até eu me incluo nesses "alunos curiosos").

As duas já estavam para se bater, quando várias pessoas (acredito que seja amigos de cada uma delas) intervenham, afastando-as para longe.

Várias pessoas da minha escola estavam com os seus celulares, gravando a treta.

Eu apenas fiquei observando.

Mas depois que separaram as duas, ficou tudo sem graça. Cada uma foi para um lado, beeem longe (mas ainda dava pra ouvir uma ou outra xingando), e todos que estavam ali só para ver a treta foram embora.

E eu segui com o meu grupo para voltar para casa.

Thaís, que ama uma fofoca, começar a explicar tudo o que ela ficou sabendo sobre a fofoca que causou essa treta. O restante do grupo apenas escutava ela falando.

– Então galera, mudando de assunto. – Davi diz assim que Thaís termina de contar tudo sobre esse negócio da treta – Sábado vocês vão lá pro Parque Turístico?

– O que é que vai ter lá, no sábado?

– Nada demais. É que eu e os mano vamos jogar um fut – Samuel responde.

– Ah, entendi. Talvez eu dê uma passada por lá. – Clara diz.

– Queria muito ir. Mas não sei se a minha mãe vai deixar. Depois do meu último passeio...

– Mas você não saiu já do seu castigo, Bia? – Júlia pergunta.

– É, mas... Sei lá.

– Tenta pedir pra ela, amiga. – Thaís tenta me convencer – Diz pra ela que, qualquer coisa, se ela deixar, me pai te dá uma carona.

– Tudo bem, eu vou pedir pra ela.

Fizemos o mesmo trajeto de sempre. Cada um foi para a sua casa.

Quando chego em casa, fiz tudo da minha rotina de sempre. Casa arrumada; lições feitas (posso até fazer parte do grupo do fundão, mas eu sou a que mais tem conteúdo no caderno. Só não sou a aluna inteligente); meus desenhos estão melhorando cada vez mais que eu vou praticando; e também dei uma olhada no meu celular.

20h00 e pouca da noite a minha mãe já estava chegando em casa, e eu estava receosa de perguntar a ela sobre a permissão de ir ao Parque Turístico no sábado. Ela ficou muito brava no dia que eu inventei de sair escondido para a festa.

– Oi, filha.

– Ah, oi mãe. Tudo bem?

– Tudo. Só... – ela dá um suspiro – Nossa, eu estou tão cansada.

– Eu já fiz a janta. É só esquentar agora. Quer que eu deixe na mesa para a senhora?

– Por favor, filha.

Ultimamente, a minha mãe parou de reclamar sobre o financeiro. Apesar de o trabalho ser exaustivo, ela ganha um salário bom. Ela vive ocupada, mas de alguma forma eu consigo falar sobre o meu dia e ela dá atenção, dizendo para eu ficar mais nos meus estudos, etc.

Aproveito o momento em que a minha mãe está jantando para falar sobre o tal passeio.

– Então, mãe... É... – suspiro – Deixa, melhor deixar para falar sobre isso amanhã.

– Pode falar, filha.

– Não, não. A senhora está muito cansada. Trabalhou muito hoje.

– Não, pode falar, filha.

– Tudo bem. É que... Sábado a galera que vem comigo depois da escola vai lá pro Parque Turístico, e eu queria saber se...

– Eu deixo você ir? Depende. Vai ter algum responsável?

– A Thaís disse que o pai dela pode me dar uma carona, e a mãe da Clara vai estar por lá, observando a gente.

Ela ficou em silêncio por alguns segundos.

– Vocês vão fazer o que por aí?

– Ficar lá numa quadra perto do parquinho, jogando um vôlei e um futebol.

Ela permaneceu calada por mais alguns segundos.

– Sem esses negócios de beber e fumar – garanti a ela.

Depois de tentá-la convencer, ela finalmente disse:

– Tudo bem. Como você se mostrou mais obediente, não decidiu sair de casa escondida e ainda me avisou sobre esse passeio... Você pode ir.

Sério que ela disse isso?!

– Obrigada, mãe! Muito, muito obrigada!