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Algumas semanas se passaram, e a minha mãe ainda não me deu a resposta, se ela deixa eu ter uma aula com esse tal de Beto. Mas também, decidi não insistir demais, perguntando a mesma coisa várias vezes.

Mas agora é melhor eu te atualizar sobre os últimos acontecimentos.

Esses dias eu saí da escola com vontade de dar um murro numa garota que inventou coisas de mim.

Em um dia super normal que eu havia ido para escola, descobri que uma garota estava falando coisas de mim sem motivo algum.

Quer dizer, até tem um motivo, mas tudo começou quando alguém disse para essa menina que eu estava falando mal dela. A menina simplesmente ficou furiosa e foi atrás de quem.estava.falando.mal.dela.pelas.costas.

Mas era mentira. Para começo de história, eu nem sei quem é ela.

Como eu ia falar mal de alguém que eu nem conheço?

Só sei que assim que ela descobriu o meu rosto, começou a falar um monte de coisa nada haver na minha sala. Só não rolou uma briga naquele momento porque a professora de português pediu para menina voltar para a sala dela.

Depois começaram a falar que ela ia "me pegar na saída". E ela realmente fez isso.

Até aquele momento eu não estava afim de bater nela. Mas como ela pediu se fazendo de doida, gritando mais do que tudo, me xingando...

Thaís fez questão de me levar até a casa dela, para a mãe dela me ajudar com ferimentos. Eu só aceitei ir porque Thaís insistiu.

Mas eu posso cuidar de mim mesma.

Assim que a mãe de Thaís me vê, ela fica horrorizada ao ver meu estado. Ela sai rapidamente atrás do que precisa para me ajudar com ferimentos.

Enquanto a tia Lúcia me ajuda, a Thaís vai explicando tudo que aconteceu.

– Meu Deus do céu. Sua mãe sabe disso, Bia?

– Ainda não. Nem sei como vou contar e nem como ela pode reagir.

– Quer que eu converse com ela?

– Não precisa, tia. Isso é coisa minha. Eu tenho que falar com ela sobre isso.

– Não, deixa que eu falo com ela. E você pode passar a tarde aqui, com nós.

– Que isso. Não quero atrapalhar.

– Imagina. Se ela está dizendo que você pode passar a tarde aqui, é porque você não atrapalha. Fica, por favor.

Decidi ceder ao pedido de Thaís porque ela e tia Lúcia insistiram.

Mas, sinceramente, essa tarde com elas foi muito boa.

Eu e Thaís contamos várias fofocas para tia Lúcia. Não sabia que tia Lúcia realmente amava saber de tudo o que acontecia na nossa escola.

Tia Lúcia também nos contou várias histórias sobre adolescência dela na escola. São tantas coisas que ela disse, que eu não lembro de quase nada. Só sei que nós rimos muito ouvindo as histórias.

E, sinceramente. De todas as coisas possíveis, eu não esperava que tia Lúcia fosse igual a Thaís, que ama ver brigas de escola rolando, e ainda dizia para um meter o murro no outro.

Claro, hoje em dia a mãe dela não vai fazer isso, né? Mas ela sempre sabe de tudo que rola, graças a sua filha, que sempre está fazendo o mesmo que tia Lúcia fazia em sua adolescência.

À tarde se passou e, assim que deu 18h00 e pouca, minha mãe me liga, perguntando onde eu estou. Digo que estou na casa de tia Lúcia porque ela implorou para que eu ficasse lá. E disse também que tia Lúcia estava esperando ela para conversar com ela, na casa da Thaís mesmo.

Enquanto sua Lúcia conversa com a minha mãe, eu e Thaís estamos na sala, vendo as mensagens que o nosso grupo mandou no WhatsApp.

A maioria das mensagens são figurinhas, porque a galera não tem mesmo o que fazer.

Minha mãe me chama para irmos embora. Pego a minha mochila e me despeço de Thaís e tia Lúcia.

Enquanto andamos em direção à nossa casa, minha mãe decide conversar comigo:

– A mãe da Thaís me falou sobre o que aconteceu.

Fico calada. Não sei o que minha mãe pode falar em seguida.

– Mas eu acredito que você realmente não falou nada dessa menina.

– Lógico que não. Nem sei o nome dessa garota.

– pelo que eu entendi, alguém falou mal de você para essa garota...

– Provavelmente.

– Você não sabe quem foi?

– Não. Mas eu estou doida para saber quem fez isso.

– Opa! Ninguém vai bater em ninguém caso descubra quem fez isso.

Bufo.

– Olha, amanhã você não vai para a escola, tá bom?

– Tá bom. Pelo menos eu não vejo ela, se ela for amanhã.

Estava feliz porque minha mãe havia deixado eu não ir amanhã para a escola.

Só que eu não esperava que a minha mãe ia fazer no dia seguinte.

——— • ———

No dia seguinte eu aproveitei para fazer a maior parte dos afazeres de casa de manhã, para poder ter um tempo livre à tarde.

De manhã, dou uma olhada no celular para ver se tenho mensagens no WhatsApp ou no Instagram. Thaís me mandou uma mensagem de 08h23, perguntando como eu estava. Respondo que estou bem, que não estou sentindo tanta dor como antes, e que a minha mãe achou melhor eu ficar em casa hoje.

No Instagram só tem mensagens do grupo do fundão da minha sala e do meu grupo de amigos que vão e voltam da escola andando até a suas casas. Porém as mensagens tem mais reels do que gente falando sobre outras coisas.

À tarde, enquanto aproveito o tempo livre que tenho, olho o Instagram de novo. A primeira coisa que aparece assim que entro no aplicativo é um do Beto Skate, postado recentemente. O vídeo mostra ele ensinando crianças que são iniciantes, a aprenderem a andar de skate.

Será que a minha mãe já pensou se deixa eu ter aulas de skate?

Mais tarde eu falo com ela sobre isso.

Quando Nós Damos Uma ChanceOnde histórias criam vida. Descubra agora