Dez dias antes.

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Sentir o impacto forte de um punho em meu rosto me faz cair para trás. Eu normalmente não era boa em luta corporal, mas naquele dia, estava tão distraída que com certeza estava cinco vezes pior. Tinha decidido ir na aula naquela semana (sem faltar nenhuma vez) mas não porque queria, precisava pegar coisas do meu dormitório para levar ate o apartamento de minha irmã, principalmente roupas. Não somente pra mim, mas para as meninas também. Geto havia dito que eu deveria sair pra fazer compras com elas mas eu ainda achava um pouco arriscado. Era uma nova realidade que exigia mais de mim, minha mente mal conseguia raciocinar nas outras atividades que eu possuía. E uma delas era o treinamento de luta corporal que estávamos fazendo naquele dia na escola Jujutsu. Levo a mão sobre o olho sentindo a área latejar, era provável que ficaria roxo por alguns dias. Solto um grunhido baixo de dor enquanto fazia uma careta, não acreditava que realmente havia levado um soco.

– Você está bem?! -diz Nanami preocupado, se abaixando ao meu lado.- Me desculpe, Dhalia, realmente pensei que você fosse desviar desse.

– Estou bem. -falo abrindo um dos olhos enquanto me sentava na grama.- Não foi nada, fique tranquilo.

– Vamos, eu te ajudo. -fala o rapaz loiro me ajudando a levantar do chão.

– Obrigada, Nanami. -digo passando a mão no meu uniforme pra tirar a grama que estava agarrada no tecido.- É uma pena que a aula já tenha chegado ao fim, na próxima eu revido. -falo em um tom sarcástico.

Um pequeno sorriso surge nos lábios de Nanami, o que era algo raro de se ver já que ele sempre andava por aí com uma expressão séria no rosto. Ele concorda com a cabeça e antes que ele pudesse dizer algo, a visão de Satoru chegando no local faz minha barriga gelar. Precisava sair dali.

– Até mais! -digo pra Nanami enquanto me virara rapidamente, andando em direção a outra saída do local.

Naqueles últimos dias estava tentando me manter distante de Gojo, apesar de tal atitude parecer meio suspeita. O ponto é que sua espertice e inconveniência poderiam fazer com que eu soltasse algo sobre como e onde Geto estava no momento, algo que Suguru havia preferido manter sigilo. Principalmente diante da situação atual. Caminhava com passos apressados ate a saída ate ouvir a voz do rapaz de cabelos brancos chamando meu nome. Faço uma careta e continuo como se não tivesse ouvido, ele chama outra vez mas não respondo. Escuto passos se aproximando de mim, até sentir uma mão segurando meu ombro e me obrigando a parar.

– Ei! Não me ouviu te chamando? -diz Gojo, me fazendo olhar para ele um pouco assustada, não esperava que ele fosse me alcançar tão rápido.- Desculpa te assustar.

– Ah. -falo com um sorriso sem graça.- Eu estava distraída, acho que ainda estou meio desnorteada pelo soco.

Gojo franze um pouco a testa, finalmente percebendo o meu olho meio inchado. Ele faz uma careta como se estivesse sentindo a minha dor.

– Ai... Você está bem? -ele pergunta.

– Sim, não foi nada. -digo desviando o olhar enquanto levava alguns dedos sobre o local da pancada. Solto um suspiro enquanto pensava em uma forma de sair logo dali, precisava fazer isso rápido.- Ah, Gojo, eu realmente preciso ir. Quero ver se consigo algo gelado pra por no olho. Até mais.

– Dhalia. -volta a dizer Satoru, dessa vez com uma voz mais firme.- Eu preciso falar com você.

– Precisa ser agora? Estou com um pouco de pr...

– Dhalia. -ele interrompe.- Agora.

       Naquele momento, a expressão de Satoru estava séria. Haviam poucos momentos que já havia visto o rapaz daquele jeito, perceber até mesmo a mudança em seu tom de voz havia me feito perceber que fugir daquela conversa seria pior. Seus olhos antes brilhantes e cheios de vida, agora pareciam cinzentos por baixo do óculos redondos que Gojo sempre usava. Apenas respiro fundo e volto minha atenção para ele, esperando para ouvir o que quer que fosse. Ele suavemente segura em meu pulso para que pudesse me levar para um canto mais distante da grande quadra aberta que estávamos treinando, parando de baixo da arquibancada de madeira. Confesso que podia sentir meu coração se acelerar a cada passo que dava, mas precisava me manter calma e encarar a situação. Ao chegarmos no local onde ele queria, o rapaz solta meu pulso e suspira antes de olhar pra mim da mesma forma séria de antes. Mas dessa vez podia perceber um tom de frustração em seu rosto, parecia estar sofrendo com algo.

Drowing | Suguru GetoOnde histórias criam vida. Descubra agora