CAPÍTULO 4 - Olhos Diferentes

35 6 26
                                    

POV CRISTIAN

Um mês atrás.

- Você irá se casar. - Ele disse ascendendo seu cigarro, dando a primeira tragada. - Tenho conversado com a viúva Victoria Donfort.
- Donfort? - levantei uma sobrancelha e me sentei na cadeira na frente dele.
- Sim, a filha deles já tem vinte e cinco anos e não se casou ainda, a empresa não vai bem desde que Tom morreu, é uma lástima. Tenho muito carinho por eles, com eles consegui comprar tudo de melhor aqui na Espanha, e Tom era ótimo. Investir e fazer um casamento é vantajoso pra nossa família.

Você não diria isso se soubesse o que eu sei.

- A filha deles é muito bonita, vocês têm apenas quatro anos de diferença, nada demais. - Ele empurrou uma foto dela pra mim.
- Eu sei como ela é - Peguei a foto pra olhar de perto mesmo assim - E eu tenho alguma escolha?

Ele apenas riu e se levantou.

- Você breve herdará tudo o que eu tenho, eu já não tenho idade pra administrar nada, falta pouco... Mas o principal está faltando. - Ele parou na minha frente e riu, jogando a fumaça de seu cigarro em meu rosto. - Uma mulher. Não somos nada sem as mulheres, principalmente pra gerar herdeiros.

Ele caminhou até a janela enorme de seu escritório, olhando para o jardim, pensativo. Para alguém com sessenta e cinco anos, ele estava muito bem e forte. Seu cabelo grisalhos penteados pra trás, seus anéis em excesso e seu cigarro em mãos era sua marca, digamos assim.

- Ela é filha única, e eu soube que seu pai deixou tudo pra ela, e você se casando, é tudo seu também. Você será dono de tudo que eles possuem, e não é só uma cidade, é a porra do país inteiro, você tem noção? Tantos lugares para esconder tanta coisa...

Contrabando, tráfico de drogas, jogos ilegais e tráfico de armas era só alguns... Quando completei meus dezesseis anos, depois de tudo que passamos, ele começou a me ensinar como tudo funcionava. Você poderia dizer que isso é ruim, mas é o que somos, é o que fazemos.

- E você acha que a tal Olívia irá querer? - perguntei olhando pra foto.
- Ela não tem escolha, e pelo o que parece ela faz tudo que a mãe pede, a própria mãe garantiu que ela se casará, não se preocupe com isso. Daqui um mês você conhecerá ela, até lá, faça uma pesquisa sobre sua futura esposa.

Saí da sala dele com um sorriso no rosto, eu estava com tudo em mente, mas meu pai me adiantou e nem sabe disso. Com a foto em mãos eu olho outra vez... um sorriso tão bonito, mas não durará muito minha querida... Porque sua vida vai virar um inferno ao meu lado.

Esbarrei com a minha mãe no caminho da escada e ela viu a foto em minha mão, um sorriso cresceu em seu rosto.

- Pelo visto, casamentos arranjados não saem de moda nessa família. - Dei um sorriso pra ela e ela levou sua mão até o meu rosto fazendo um carinho. - Você está cada dia mais parecido com o seu irmão... Ele faz tanta falta...

Seus olhos marejaram e eu peguei a mão dela, deixando um beijo carinhoso ali.

- Seja gentil com essa menina, Cristian. Eu sei como é casar com alguém que não conhece direito. Não haja como um idiota. - Ela disse limpando as lágrimas.

Você não diria isso se soubesse o que eu sei, mãe.

- Pode deixar, não se preocupe com isso. Farei ela feliz. - Puxei ela e a abracei fortemente, deixando carinho em seu cabelo.
- Tem tomado seus medicamentos? - Sua voz saiu abafada
- Às vezes. - Eu disse me afastando e olhando pra ela.
- Você está errado, sabe o que acontece... Mas bom, você é um adulto, não deixe de se cuidar. - Ela me deu um beijo na bochecha e se retirou, me deixando ali sozinho.

Promessa PerigosaOnde histórias criam vida. Descubra agora