POV CRISTIAN
Os dias se passaram lentamente, me torturando e me deixando irritado como sempre. A pior traição é aquela que vem de alguém que um dia esteve ao seu lado, tendo acesso às suas informações, suas fraquezas e pontos fortes... Isso estava me deixando tão puto que esses dias apenas o meu braço direito Lucian conseguia falar comigo, eu não queria ver ninguém ou poderia acontecer o pior. Eu ficava irreconhecível, até mesmo para mim.
Tenho passado as noites no galpão principal em que eu lidero minha equipe, não consigo ir para casa e sequer encarar meu pai. Estamos vasculhando toda a cidade atrás do infeliz e de sua família, mas até agora nada, ele provavelmente pediu ajuda para se esconder em troca de entregar tudo sobre nós, pensar nisso me deixa furioso. Apertei o copo que está em minha mão, sentindo que o copo quebraria a qualquer momento quando a porta abriu e Lucian entrou.
- Você está um trapo. - Disse fechando a porta atrás de si, me olhando.
- Foda-se porra, você já viu a merda?! - Disse quebrando o copo de vez.
- Você devia ir pra casa tomar um banho, trocar de roupa e descansar, você já tá aqui a três dias, sem seus remédios, sem dormir... Você vai ter uma crise pior a qualquer momento.
- Sabe que eu não me importo, não é? -Levantei-me e fui em sua direção, minha mão estava sangrandoTínhamos a mesma altura, da equipe ele era o único que conseguiria me conter caso acontecesse o pior. Era o único que eu tinha uma ligação boa o suficiente para ouvir, mas ele sabia como eu era, sabia o que poderia acontecer desde que começou a trabalhar comigo há dez anos. Tinha dias em que confiava nele e tinha dias, como hoje, que ele não deveria estar na minha frente.
- Cristian, vá para casa. - Falou olhando em meus olhos. - Você sabe que também tem seu casamento pra resolver, não é?
- Meus pais vão resolver junto com aquela velha nojenta da Victoria. - Me afastei e peguei um cigarro ascendendo.
- Mas quem tem que conviver com ela é você. Até o momento vocês só se viram duas vezes em um dia, e já faz mais de uma semana. Está querendo ver ela apenas no dia do casamento?Soltei a fumaça pensando em Olívia, desde aquele dia da festa eu não a vejo.
- Eu não quero conviver com ela, você mais do que ninguém sabe o porquê. - Apertei a mão, mais sangue escorrendo.
- Mas o senhor decidiu no momento em que planejou tudo e também quando aceitou sem questionar se casar com ela.
- Ela é a porra de uma menina mimada, assustada. Não tem controle das suas próprias coisas... Ou de suas emoções. Não tem nada de bom nela além da beleza dela. Nada. - Dei uma última tragada no cigarro e botei no cinzeiro.
- Oh, e o senhor tem? - Começou a rir.Olhei pra ele furioso e peguei um vaso que tinha ali de enfeite e joguei em sua direção, ele desviou ainda rindo.
O barulho do recipiente se estilhaçando invadiu meus ouvidos.- Some daqui! Me deixe sozinho! - Disse aos gritos.
- Você tem que ir para casa, deixe que eu tomo conta de tudo, hoje você terá que se encontrar com a sua noiva, por isso vim aqui. - Ele disse ainda segurando o riso
- Seus pais me ligaram e falaram que hoje a noite irão fazer um jantar para oficializar de fato o noivado. Vá para casa, tome banho e seus medicamentos e durma. Se não já sabe... será uma noite agitada! - Ele riu e saiu da sala.Hoje era o pior dia pra isso, não tenho controle nenhum nesses dias irritadiços. Fingir, ser cordial... Só de pensar nisso me irrita, me estressa. Depois da conversa com Lucian fui para casa, tomei banho e vesti apenas uma calça e fui deitar e apaguei rapidamente. Quando acordei, já era fim da tarde, dormi o dia inteiro.
Me levantei e fui procurar algo para comer, encontrei algumas coisas já feitas para o jantar de mais tarde, peguei apenas um suco de laranja e um sanduíche que achei pronto ali. Saí dali e andei pela casa comendo, o silêncio... Essa casa era silenciosa demais e isso me incomodava tanto, as lembranças do meu irmão e eu correndo pela casa quando éramos pequenos é o que me mantém aqui ainda. Minha mãe ainda mantinha o quarto dele, as paredes que rabiscamos e principalmente onde mediamos nossa altura na parede. Cada detalhe ela guardava.

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Promessa Perigosa
RandomOlívia, herdeira de uma empresa em crise, é forçada a casar-se com Cristian, um homem enigmático com conexões obscuras. A pedido de sua mãe, ela sacrifica sua liberdade para honrar a memória do pai. No entanto, Cristian esconde segredos sombrios e s...