Além das Telas: Uma Jornada de Amor e Descobertas

Capítulo 13: Paciência e Desejo

PEDRO

Laura me deixou sozinho na festa. Simples assim. Em um instante, ela estava ao meu lado, sorrindo, iluminando o ambiente com uma leveza que fazia tudo parecer certo. Mas no momento seguinte, sumiu. Aproveitou minha ida ao banheiro e desapareceu. Fugiu de mim ou dela mesma? Essa é a pergunta que nunca sai da minha cabeça. Laura tem um jeito único de escapar quando as coisas se tornam intensas, mas eu não consigo me desvencilhar tão fácil assim. A cada dia, ela se torna um enigma mais intrincado, e me vejo preso em suas armadilhas, querendo desesperadamente decifrar seus mistérios.

Antes que eu pudesse ir embora, Mércia apareceu, com aquele jeito presunçoso que sempre me incomodou.

— Pedro, tudo bem? Cansou de brincar com a Laura? — Ela riu, fazendo parecer que tinha presenciado algo que eu não vi.

— O que você quer, Mércia? — perguntei, pegando minha jaqueta e pronto para deixar aquela festa.

Ela se aproximou e tocou minha mão, num gesto tão familiar que me provocou repulsa. Retirei minha mão com força, o olhar firme em seu rosto.

— O que foi? Não sou tão atraente quanto ela? — Mércia provocou, sua voz carregada de veneno.

— Nem toda a beleza do mundo me faria querer te tocar — rebati, com uma frieza que ela claramente não esperava.

Ela me encarou, seus olhos estreitos, um leve sorriso de satisfação surgindo em seu rosto.

— Nossa, que grosseria... — suspirou, como se estivesse gostando do meu desprezo. — Olha, Pedro, se eu fosse você, começaria a me comportar. Porque Laura... ela pode descobrir algo muito importante, e aí o conto de fadas de vocês vai se transformar em pesadelo.

O tom dela era uma ameaça velada, e senti o peso dessas palavras. Mércia sempre soube manipular as pessoas, mas, por algum motivo, minha mente voltou a Laura. Ao que ela realmente sente. Será que ela me vê apenas como um passatempo? Ou há algo mais, algo que nem mesmo ela consegue entender?

Olhei para Mércia, determinado a encerrar aquilo.

— Se você acha que pode manipular a Laura ou a mim com essas ameaças baratas, está se enganando. Fique fora disso, Mércia.

Ela sorriu, um sorriso gelado, antes de se afastar, me deixando com uma sensação incômoda.

Na manhã seguinte, eu não consegui tirar a sensação de abandono do peito e ameaça de Mércia. Me arrastei até o trabalho, decidido a confrontá-la. Não queria esperar mais um segundo para saber por que ela sempre me afastava, por que esse jogo de proximidade e distância parecia nunca acabar. Lá estava ela, no restaurante da empresa, sentada em uma mesa próxima à janela. Tinha uma xícara de café ao lado e o tablet à sua frente. Seus dedos deslizavam com precisão, alternando entre e-mails e o que quer que estivesse dominando sua mente no momento. A Laura profissional. Impecável. Intocável.

Aproximei-me, e ela percebeu a minha presença sem levantar os olhos. Eu podia sentir a tensão no ar antes mesmo de abrir a boca.

- Você me deixou na festa - comecei, tentando manter a calma, embora meu coração batesse com força contra o peito. - Fugiu na verdade. Eu pensei que iriamos embora juntos.

Ela continuou a rolar a tela do tablet, como se eu fosse um incômodo, um ruído que ela podia ignorar. Eu sabia que ela me ouvia. Sabia que não conseguia ignorar o que tínhamos - o que ainda estava acontecendo entre nós.

- Pedro, não comece. Estou ocupada - ela disse, sem tirar os olhos da tela. Sua voz era fria, mas havia uma hesitação ali. Eu a conhecia bem o suficiente para perceber quando ela estava se escondendo atrás dessa fachada de indiferença.