Capítulo 1: Conexões Virtuais

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PEDRO

O sol castigava o morro, derramando seu calor sobre as casas apertadas e coloridas, que formavam um mosaico caótico nas ladeiras da favela. A vida ali tinha um ritmo próprio, uma harmonia que só quem vivia aquilo podia entender. E eu, Pedro Luiz Munhoz, observava tudo de cima, do pequeno pedaço de laje onde o mundo parecia se resumir aos meus pensamentos. Nunca imaginei que a vida pudesse mudar tanto por causa de uma simples troca de mensagens.

Voltei para o meu barraco, o único lugar que me dava refúgio em meio ao caos. O espaço era simples, mas havia algo que me ligava ao mundo: a internet. Instável, sim, mas era o que me permitia sonhar além das limitações do morro. E foi ali, com o celular nas mãos, que uma notificação mudou tudo. Um pedido de amizade.

Laura Alessia Lombardo.

O perfil dela imediatamente chamou minha atenção. Algo nela me intrigava profundamente, como se ela fosse de outro mundo, mas ao mesmo tempo acessível. Era impossível não notar sua confiança: o sorriso certeiro, o olhar seguro. Havia uma aura de poder e mistério em cada foto, em cada legenda. O tipo de mulher que eu jamais encontraria aqui, no meu universo.

Começamos a conversar, e a cada mensagem, eu me sentia mais conectado a ela. Laura parecia entender algo em mim que ninguém mais via. Havia algo de quase mágico em nossas trocas – era como se, por trás das telas, ela fosse real, palpável. Mas o que me seduziu, de verdade, foi sua determinação. Ela era forte, destemida, uma mulher que sabia o que queria e que, de alguma forma, também parecia precisar de mim.

Nossas conversas se tornaram o ponto alto dos meus dias. Eu ansiava pelas mensagens dela como quem anseia por ar. Laura passou a ser meu escape, minha confidente, e antes que eu percebesse, estava envolvido demais. A ideia de vê-la, de tocá-la, de sair dessa relação virtual e entrar no mundo real, me dominava.

Mas então, ela sumiu.

Sem aviso, sem explicações, apenas uma mensagem fria e curta: "Adeus, Pedro." Aquilo destruiu algo dentro de mim. Fiquei olhando para a tela do celular, esperando que fosse um erro, que ela voltasse, que dissesse que estava tudo bem. Mas ela não voltou. E eu fiquei ali, congelado no tempo, enquanto o mundo continuava a girar ao meu redor.

As semanas seguintes foram um tormento. Não consegui me concentrar em nada. As perguntas ecoavam na minha mente: Por quê? O que aconteceu? Nada fazia sentido. Fiquei obcecado, revendo nossas conversas, buscando qualquer pista que pudesse explicar seu desaparecimento.

Foi então que tomei uma decisão impulsiva. Eu iria atrás dela. Não importava o quão louco pudesse parecer, eu precisava de respostas. Usei o pouco dinheiro que tinha guardado e comprei uma passagem para o Oeste Paranaense, onde Laura vivia. Eu não sabia o que me esperava, mas algo dentro de mim gritava que eu precisava ir.

Sentado na laje de casa, com o sol carioca queimando minha pele, minha mente estava longe. Pensava nela. Paula, minha irmã mais velha, sempre perceptiva, se aproximou. Ela conseguia sentir quando algo me atormentava.

– Pedro, a gente precisa conversar – disse, a voz carregada de preocupação.

Eu a interrompi antes que ela pudesse continuar.

– Lembra da Laura? Aquela garota de quem te falei? Ela sumiu, assim, do nada. E eu... eu vou atrás dela. Não posso ficar aqui sem saber o que aconteceu.

Paula franziu o cenho, surpresa e desconfiada.

– Pedro, você tá falando sério? Você mal conhece essa garota! E agora vai sair correndo atrás dela como se fosse o amor da sua vida?

Respirei fundo. Sabia que parecia loucura, mas não podia mais ignorar o que sentia.

– Eu sei que parece absurdo. Mas, Paula, eu preciso saber. Ela sumiu sem dizer nada. Eu... eu preciso entender o que houve. Não consigo seguir em frente sem isso.

Além das Telas: Uma Jornada de Amor e DescobertasOnde histórias criam vida. Descubra agora