Capítulo 4: O Acerto De Contas

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LAURA

Entro no quarto e lá está Matheus, dormindo feito um anjo. Irônico, não? Eu tinha imaginado que hoje seria a nossa noite, mas parece que fui trocada novamente... por clientes, e-mails, planilhas e o 5X que até hoje não descobri o que era. Para ele, o lema é claro: dinheiro primeiro, esposa depois. Suspiro, enquanto envio a foto da "impostora" para o investigador. Ele me garante que está cuidando de tudo, mas, ao invés de alívio completo, sinto uma pontada de ansiedade. Alguém lá fora está se passando por mim, usando minhas fotos, minha vida... meu nome. Será que essa "usurpadora" já sabe mais sobre mim do que eu mesma? E se um dia ela resolver roubar não só a Laura virtual, mas também a real?

Com esses pensamentos circulando na minha cabeça, a noite foi um verdadeiro terror. Um pesadelo atrás do outro. E pra piorar ainda mais a situação? Hoje é o famigerado jantar de aniversário do papai. Que maravilha.

No escritório, encontro Mércia já sentada no café, com seu capuccino em mãos. Não perco tempo e me aproximo, precisando de qualquer distração para aliviar o caos que virou minha vida.

— Bom dia, amiga. Tudo bem? — ela pergunta, sempre tão gentil, mas eu já sinto a avalanche de perguntas inevitáveis.

— Ah, tudo ótimo! — ironizo, suspirando profundamente. — Hoje é dia de enfrentar o show das perguntas sem fim, principalmente com essas olheiras de panda que estou carregando. Mamãe vai adorar! Sem contar os amigos da família, tipo a nutricionista e o cardiologista. Vai ser uma noite pra guardar no fundo do coração... ou no fundo de um poço! — reviro os olhos, mastigando minha barrinha de cereal com o entusiasmo de quem mastiga papelão.

— Laura, não exagera — diz Mércia, com aquele sorriso de quem acha que eu estou sendo dramática demais. — Sua mãe só quer o seu bem, é cuidado!

— Cuidado? — dou uma risada seca, abrindo a embalagem da barrinha com mais força do que o necessário. — Se fosse na Idade Média, minha mãe já teria encomendado a cruz pra me crucificar hoje à noite no jantar.

Ela ri, puxando-me para um abraço rápido e reconfortante.

— Amiga, eu queria poder ir com você, mas te prometo que vou torcer para que você sobreviva a esse interrogatório familiar.

— Vou precisar de toda a ajuda espiritual disponível — digo, retribuindo o abraço com uma risada. — Ah, falando em sobrevivência, o projeto social está indo de vento em popa! Já conseguimos patrocinadores, e estou pensando em usar o andar do RH como base para o Projeto Mão Solidária.

Falo animada, mas Mércia me olha de um jeito ligeiramente cético, como se estivesse ponderando o peso da minha empolgação.

— O que você decidir, eu tô contigo — ela responde, me arrastando em direção ao elevador. — Fico feliz que o projeto esteja avançando.

No elevador, sem aviso, ela resolve tocar no assunto Pedro.

— E o seu funcionário novo? Ouvi dizer que ele se envolveu numa briga com outro rapaz. Laura, você sabe que não dá pra controlar gente assim, né? Ele vem de um ambiente complicado. Gente que resolve as coisas no braço — ela sorri, mas há uma preocupação genuína por trás.

Pronto. Mais uma. Reviro os olhos internamente, tentando não perder a paciência.

— Mércia, você e o Matheus estão conversando sobre o Pedro? Porque é exatamente isso que ele me diz — retruco, mantendo um tom leve, mas irritada por dentro. — E vou dizer o mesmo pra você que disse pra ele: Pedro não é perigoso. Ele tem seus momentos impulsivos, sim, mas eu estou de olho em tudo.

Ela me lança aquele olhar de "você vai se arrepender," mas, graças a Deus, a porta do elevador se abre antes que o sermão continue.

— Só espero que depois você não diga que eu não avisei — diz ela, saindo.

Além das Telas: Uma Jornada de Amor e DescobertasOnde histórias criam vida. Descubra agora