Capítulo 3: O Encontro

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PEDRO

Levei uma droga de advertência e ganhei três dias em casa. Três dias inteiros para tentar entender como tudo saiu do controle e, pior ainda, o que eu vou fazer agora. No elevador, Laura mal me olhou. Ela agiu como se eu fosse um estranho, e eu sei que ela está certa. Fui um idiota, deixei o ciúme me dominar. E agora? O que eu faço com esse tempo? Como conserto a besteira que fiz?

Não tenho o número pessoal dela, só o contato da construtora, o que complica tudo. Sei que Laura é casada e que ela nunca me enxergaria como eu queria, mas não consigo evitar. Cada vez que a vejo, sinto algo que parece um ímã me puxando para ela. É irracional, como se eu fosse um clipe de papel tentando grudar em algo que sei que vai me repelir.

Aquela cena de ontem... Eu perdi o controle. Só de pensar no Luiz falando dela daquele jeito, como se fosse um objeto, me subiu um ódio que não consegui segurar. O cara mereceu cada soco. Só de lembrar, minha mão dói, mas foi pouco. Ele devia ter apanhado mais.

Pego meu celular, e sem querer, revejo as conversas antigas com a "Laura" falsa. Como eu pude ser tão burro? Acreditar que alguém como ela poderia se interessar por mim... É ridículo. Ela é rica, poderosa, dona de uma empresa. Eu sou só um cara comum, vivendo na periferia. É como tentar misturar água com óleo — não dá.

Então, o celular vibra. Mensagem de um número desconhecido.

"Você quer realmente me conhecer? Ou acha que a sua amiga Laura irá reviver o amor que criamos? Se quiser me conhecer, não leve a sua amiga."

Meu coração quase sai pela boca. A usurpadora! Ela está de volta. Respondo na hora, sem pensar:

"Onde e quando?"

Mas a resposta não vem. O dia todo passa e nada. Vou ficando mais ansioso a cada minuto, checando o celular a cada cinco segundos. Quem essa garota pensa que é? Acha que estou à disposição para seus joguinhos?

Decido mudar de estratégia. Envio uma mensagem para Suzana, esperando que ela a passe para Laura.

"Oi, Suzana. Seria possível pedir para a Laura entrar em contato comigo? Tenho informações sobre a garota que se passava por ela. Você está por dentro disso, né?"

A resposta é rápida, mas longe do que eu queria.

"Oi, Pedro. Estou sabendo sim. A Laura não está na cidade no momento, mas vou passar seu recado."

"Obrigado."

E é isso. Laura está longe, ocupada com coisas muito mais importantes do que um cara que ela mal conhece e que já está envolvido em brigas no trabalho. Ótimo.

O dia vira noite, e ainda não há sinal da usurpadora. Minha paciência está no limite. Visto o casaco e saio para caminhar, tentando esfriar a cabeça. Talvez o vento gelado da noite ajude a me acalmar.

As ruas estão tranquilas, iluminadas só pelas luzes dos postes. Ando sem rumo, apenas tentando organizar os pensamentos. Mas é inútil. Só consigo imaginar o que vai acontecer se eu realmente encontrar essa garota. Será que finalmente terei as respostas que tanto busco? Ou estarei caindo em outra armadilha?

De repente, o celular vibra. Meu coração dispara. Será que é ela? Abro a mensagem.

"Encontre-me no lago central às 23h de hoje."

Olho para o relógio. Faltam trinta minutos. Estou perto o suficiente do lago, mas... deveria ir? E se for uma emboscada? Ou se ela só estiver me provocando de novo?

Antes que eu perceba, já estou caminhando em direção ao lago. Meu instinto está me dizendo que devo ir, mesmo que minha cabeça grite para eu ficar longe disso.

Além das Telas: Uma Jornada de Amor e DescobertasOnde histórias criam vida. Descubra agora