PEDRO
Entrei no meu apartamento carregando o peso de um mundo que parecia afundar sobre mim. Cada passo que eu dava ecoava no vazio do lugar, lembrando-me de tudo o que me faltava, tudo o que tinha perdido ou nunca tive. Fechei a porta atrás de mim, como se isso pudesse trancar, junto com ela, as lembranças que me torturavam. Mas a imagem de Laura, de mãos dadas com aquele homem - seu marido - ainda queimava nos meus pensamentos, como um veneno que se espalhava devagar. Cada sorriso que ela dava a ele era uma facada nas minhas entranhas.
O som abafado do celular vibrando sobre a mesa me trouxe de volta à realidade. Peguei o aparelho com uma hesitação involuntária, esperando alguma distração, mas o que encontrei foi uma mensagem de um número desconhecido.
"Você não cansa de ser o brinquedo dela. Que incrível!"
Li aquelas palavras diversas vezes, sentindo a raiva crescer como um incêndio incontrolável. Era ela. A impostora. A mulher que havia roubado a imagem de Laura e jogado comigo como se fosse um fantoche. Joguei o celular no sofá com um movimento brusco, tentando afastar o turbilhão de frustração e dor que começava a me engolir. Mas a verdade é que ela sabia exatamente onde atacar.
Aquela noite se arrastou como um pesadelo. Na cama, onde eu costumava encontrar paz, agora só existia tormento. Me virei de um lado para o outro, preso em um loop interminável de pensamentos sobre Laura, sobre aquela maldita mensagem, sobre tudo o que estava fora do meu controle. Quando a luz da manhã finalmente invadiu o quarto, eu estava exausto, mas com uma decisão martelando na minha mente. Eu precisava me afastar de Laura. Ou pelo menos, tentar.
O celular vibrou de novo, e desta vez era Suzana. Ela queria me encontrar no restaurante da empresa. Não estava no clima para socializar, especialmente com alguém tão próximo de Laura. Mas havia algo em sua mensagem que me fez reconsiderar.
No restaurante, o ambiente parecia uma ironia cruel - elegante, repleto de pessoas que riam e conversavam como se o mundo fosse um lugar fácil de se viver. Por dentro, eu estava quebrado. Encontrei Suzana já à mesa, com aquele sorriso acolhedor que ela sempre tinha. Ela era confiável, discreta, mas o fato de ser amiga de Laura me deixava inquieto.
- Oi, Pedro! Que bom que você veio. - O sorriso dela era caloroso, quase como se quisesse aliviar a tensão que carregava comigo. - Vamos almoçar primeiro, depois conversamos com calma, tá?
Assenti, incapaz de brigar com a simpatia dela. Enquanto comíamos, minha mente vagava, distante. As palavras de Suzana pareciam ecos distantes, incapazes de fixar-se em mim. Meu coração estava em outro lugar, com outra pessoa. E então, uma risada familiar preencheu o ar, me fazendo virar o rosto.
Era Laura. Ela estava rindo, rodeada por Mércia e alguns outros colegas. O sorriso dela era radiante, a despreocupação estampada em cada gesto. E eu? Eu estava aqui, despedaçado.
"O que ela tem para estar tão feliz?" O pensamento me atingiu como um soco. "Ela me destrói um dia e no outro age como se nada tivesse acontecido."
Suzana percebeu meu silêncio e seguiu meu olhar, pousando seus olhos sobre Laura. Seus olhos estreitaram-se levemente, como se tentasse decifrar o que passava pela minha cabeça.
- Pedro, eu sei que as coisas estão difíceis entre você e ela - começou Suzana, sua voz baixa e suave, quase um sussurro. - Mas talvez seja hora de você pensar mais em si.
Olhei para ela, meus olhos pesados de dor e confusão.
- Eu não sei mais o que fazer, Suzana. Parece que o chão está desmoronando aos meus pés.
Ela colocou a mão sobre a minha, um gesto que não esperava, mas que trouxe um pouco de conforto, como se soubesse exatamente o que eu precisava naquele momento.
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Além das Telas: Uma Jornada de Amor e Descobertas
Romanzi rosa / ChickLitPedro Luiz, um jovem carismático e ambicioso, vive no caos vibrante da favela carioca. Em uma noite qualquer, em meio a sua rotina exaustiva, ele se depara com o perfil online de Laura Alessia, uma empresária poderosa e misteriosa. A troca de mensag...