Capítulo 01 - O Retorno

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Era uma manhã fresca em Paris, e as ruas tranquilas estavam ainda mais bonitas com as folhas douradas caindo das árvores. Sabine e Emilie caminhavam lado a lado, como faziam toda semana desde que os filhos eram pequenos. Embora suas vidas fossem agitadas, sempre encontravam tempo para uma boa caminhada e uma conversa, especialmente quando o assunto envolvia Adrien e Marinette.

— Marinette está tão bem em Nova York — comentou Sabine, com um sorriso de orgulho. — Relações públicas em uma das maiores empresas dos Estados Unidos. Não é todo dia que se vê uma jovem alcançar tanto em tão pouco tempo.

Emilie sorriu, mas não ficou atrás. — Ah, sim, nossa Marinette sempre foi brilhante. Mas Adrien também não fica para trás, você sabe. Ele está trabalhando em um projeto arquitetônico ambicioso, algo que pode mudar a paisagem de Paris. Quem diria, não é? Meu pequeno Adrien desenhando grandes arranha-céus.

As duas riram, sem deixar de notar o orgulho que sentiam pelos filhos. Desde crianças, Adrien e Marinette eram inseparáveis, quase como irmãos, mas com aquela relação típica de amor e ódio que, em algum momento, parecia ter se transformado em algo mais.

— Será que eles ainda se falam? — perguntou Sabine, de repente, interrompendo o próprio riso. — Marinette está tão distante agora... E eu sei que Adrien é muito ocupado. Fico me perguntando se eles se distanciaram demais.

— Oh, eles sempre se falam, tenho certeza — respondeu Emilie, pensativa. — Mesmo que seja apenas de vez em quando. Eles têm algo especial, você sabe disso.

— É eu sei. Mas será que eles vão manter a amizade depois do casamento de Marinette? — Sabine perguntou pensativa.

— Com certeza amiga.

[...]

No aeroporto Charles de Gaulle, Marinette desembarcava com uma expressão cansada, mas aliviada. Ela estava de volta a Paris, sem que ninguém soubesse. Não havia informado seus pais nem amigos sobre sua chegada. Na verdade, precisava de um tempo para se reajustar, para colocar as ideias no lugar.

— Ayla, você pode vir me buscar? — disse Marinette ao telefone, enquanto esperava no saguão do aeroporto. — Sim, eu cheguei agora... Não, não conte a ninguém, por favor. Só... só me busque.

Sua amiga Ayla, sempre prestativa e discreta, chegou pouco tempo depois. Elas se abraçaram calorosamente, e no olhar de Ayla havia uma mistura de surpresa e preocupação.

— Marinette! Por que não me contou que estava voltando? — perguntou Ayla, enquanto as duas saíam do aeroporto e se dirigiam para o carro. — O que aconteceu? Achei que você estivesse nos preparativos para o casamento...

Marinette suspirou profundamente, sem saber por onde começar.

— Eu terminei com o Luka — revelou, enquanto olhava pela janela do carro, vendo as ruas familiares de Paris passarem rapidamente. — Não faz muito tempo, mas precisava de um tempo pra mim. Faltava apenas um mês para o casamento, e... bom, as coisas simplesmente não deram certo. Eu precisava voltar para casa.

Ayla franziu o cenho, claramente surpresa com a revelação, mas decidiu não pressionar Marinette naquele momento. Sabia que a amiga estava enfrentando uma tempestade interna e que precisaria de tempo para falar sobre o que realmente estava acontecendo.

[...]

Chegando à casa dos pais, Marinette sentiu um nó no estômago. Ela havia passado por tanta coisa nos últimos anos: o relacionamento com Luka, a batalha contra o câncer, o afastamento de sua própria família. Agora, de volta a Paris, tudo parecia novo e, ao mesmo tempo, assustadoramente familiar.

Quando Ayla estacionou o carro, Marinette hesitou por um momento antes de sair. Era difícil voltar para a casa onde cresceu sem avisar ninguém, sabendo que carregava um segredo que ainda não estava pronta para compartilhar.

— Vai ficar tudo bem, Mari — disse Ayla, percebendo a hesitação da amiga. — Estou aqui com você. Vamos entrar e, se precisar, posso inventar alguma desculpa para sua mãe.

Marinette sorriu levemente, agradecendo em silêncio pela amizade de Ayla. Quando elas saíram do carro, mal tiveram tempo de se aproximar da porta antes que uma voz familiar soasse atrás delas.

— Marinette?

Ela virou-se bruscamente, seu coração pulando no peito. Era Adrien. Ele estava parado na calçada, segurando sua mochila de trabalho, claramente surpreso ao vê-la ali.

— O que você está fazendo aqui? — ele perguntou, franzindo a testa, ainda confuso.

— Eu... acabei de chegar — respondeu Marinette, tentando soar casual. Mas a surpresa no rosto de Adrien fez com que ela soubesse que não estava conseguindo disfarçar sua apreensão.

— Eu pensei que você estivesse nos Estados Unidos — disse Adrien, enquanto se aproximava. Seus olhos, sempre atentos, examinavam-na de cima a baixo, como se tentassem decifrar algo.

— E eu pensei que você estivesse no trabalho — retrucou Marinette, tentando manter o tom brincalhão que sempre usava com ele, embora sua voz soasse mais trêmula do que gostaria.

— Acabei de sair. — Adrien sorriu levemente, mas havia uma preocupação em seus olhos. — Está tudo bem?

Antes que Marinette pudesse responder, a porta da casa se abriu, e Sabine apareceu, arregalando os olhos ao ver sua filha parada ali, na entrada.

— Marinette! — exclamou Sabine, claramente chocada. — O que você está fazendo aqui? Por que não nos avisou que estava voltando?

Marinette engoliu em seco, sentindo o peso das perguntas que logo viriam. Mas, por ora, só conseguiu sorrir para a mãe, tentando ao máximo esconder tudo o que realmente sentia.

— Surpresa?

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