Na manhã seguinte, Sabine acordou cedo, como sempre, já preparando a comida para o dia. A cozinha estava cheia de aromas deliciosos, e Marinette descia as escadas com passos preguiçosos.
— Marinette, leve isso aqui para a casa de Adrien — disse sua mãe, colocando um grande recipiente com comida nas mãos da filha.
Marinette olhou para a comida, surpresa.
— Ainda mandamos comida para ele? — perguntou, um tanto confusa.
— Claro! Você sabe que Emilie está sempre viajando, e Gabriel nunca tem tempo para cozinhar. Eu cuido de Adrien desde pequeno. Ele é quase como um filho para mim — respondeu Sabine com um sorriso, entregando mais algumas coisas para Marinette carregar.
Sabine sempre teve uma relação maternal com Adrien, especialmente porque a mãe dele, Emilie, passava muito tempo fora a trabalho. Marinette, por sua vez, conhecia bem a dinâmica entre as duas famílias e sabia que, para sua mãe, isso era um hábito que ela nunca abandonaria.
Com os braços cheios de potes e tigelas, Marinette fez seu caminho até a casa de Adrien. Era uma caminhada curta, já que as casas eram praticamente vizinhas. Ao chegar lá, ela tocou a campainha, e logo foi recebida pela figura elegante de Gabriel Agreste, o pai de Adrien.
— Bom dia, Marinette — cumprimentou ele com um sorriso discreto, abrindo a porta para que ela entrasse.
— Bom dia, senhor Agreste! Trouxe um pouco de comida para vocês. Minha mãe não consegue ficar sem mandar algo — disse ela, rindo.
Gabriel agradeceu e, ao entrar, Marinette viu Emilie no sofá da sala, falando ao telefone. Ela acenou para Marinette e, assim que terminou a ligação, se levantou para cumprimentá-la.
— Marinette, querida! Que bom te ver! Como estão seus pais? — perguntou Emilie, sempre gentil.
— Estão bem, senhora Agreste. Minha mãe mandou essas comidas para vocês — respondeu Marinette, mostrando os potes.
Após conversarem brevemente, Marinette fez seu caminho até o quarto de Adrien, decidida a entregar a comida e, talvez, tentar descobrir o que ele tanto escondia sobre aquela carta. A curiosidade continuava a atormentá-la desde que ele recuperou a cápsula do tempo.
Ela bateu na porta do quarto, mas não obteve resposta. Assumindo que ele não estivesse por perto, Marinette entrou devagar, olhando ao redor. O quarto de Adrien era organizado, mas com um toque pessoal que refletia sua profissão. Havia maquetes de edifícios e pranchetas com desenhos espalhados, misturando-se com o mobiliário moderno e elegante.
Enquanto colocava a comida em uma mesa, Marinette não conseguiu evitar. Seus olhos vagaram por todo o quarto em busca da carta. Ela sabia que Adrien estava escondendo algo, e queria descobrir o que.
De repente, seus olhos pousaram em uma pequena gaveta na escrivaninha. Era ali. Ela sabia disso.
Sem hesitar, Marinette abriu a gaveta e, como esperado, lá estava a carta. A carta que Adrien escreveu anos atrás para a cápsula do tempo. Seu coração disparou de excitação e curiosidade. Ela pegou a carta com as mãos trêmulas, prestes a abri-la, quando ouviu o som da porta se abrindo.
Adrien estava ali, de pé, apenas com uma toalha em volta da cintura, os cabelos ainda molhados do banho. O choque no rosto dele foi imediato.
— Marinette! O que você pensa que está fazendo? — ele gritou, correndo em direção a ela e arrancando a carta de sua mão antes que ela pudesse abri-la.
Marinette, surpresa e envergonhada, deu alguns passos para trás.
— Eu... Eu só queria... — começou ela, mas Adrien a interrompeu, claramente irritado.
— Isso é invasão de privacidade! Você não pode simplesmente entrar no meu quarto e mexer nas minhas coisas! — disse ele, segurando a carta com força.
Marinette abriu a boca para responder, mas a raiva de Adrien a surpreendeu. Ela não estava acostumada a vê-lo tão sério.
— Adrien, calma! Não é tão grave assim. Eu só estava curiosa! — defendeu-se ela, ainda tentando amenizar a situação.
— Não sou mais uma criança, Marinette! Você não pode ficar brincando com minhas coisas como se ainda fôssemos adolescentes! — disse ele, a voz ainda firme.
Marinette sentiu um nó na garganta. Era verdade. As coisas haviam mudado. Eles não eram mais aquelas crianças que implicavam um com o outro sem se importar com as consequências. Havia algo mais profundo entre eles agora, algo que ambos estavam evitando confrontar.
— Desculpa... Eu não queria te irritar — disse ela, mais calma agora.
Adrien suspirou, percebendo que talvez tivesse exagerado.
— Tudo bem, eu só... Eu só não queria que você visse essa carta — ele disse, desviando o olhar.
Marinette, ainda curiosa, mas respeitosa, decidiu mudar de assunto.
— Certo, certo... Vamos esquecer isso por um tempo. Aliás, o que acha de sairmos hoje à noite? Eu, você e a Ayla? Seria bom distrair um pouco — sugeriu ela, tentando aliviar a tensão.
Adrien hesitou, mas acabou concordando.
— Tudo bem, vamos sair. Acho que pode ser divertido.
[...]
Naquela noite, os três amigos saíram para um barzinho local. Conversaram, riram e relembraram momentos da adolescência. No entanto, o que pairava no ar entre Marinette e Adrien era mais do que nostalgia. Havia algo não dito, algo que estava preso dentro daquela carta.
Depois de algumas horas, eles se despediram de Ayla, e Marinette voltou para casa com Adrien. Ao chegarem à casa dele, ela o acompanhou até o portão, e antes de se despedirem, Marinette olhou para o quarto dele, a mente ainda girando em torno da carta.
— Adrien, sobre mais cedo... Eu realmente sinto muito — disse ela.
Ele apenas sorriu, como se quisesse deixar tudo isso para trás.
— Já está tudo bem, Mari. Não se preocupe.
Mas Marinette ainda estava determinada. Depois que Adrien subiu para o quarto, ela decidiu agir.
Esperando alguns minutos, ela subiu novamente as escadas da casa e entrou no quarto dele sem fazer barulho. Adrien parecia já estar no banheiro, se preparando para dormir. Marinette sabia que essa era sua última chance de descobrir o que estava escrito na carta.
Ela vasculhou rapidamente o quarto e, dessa vez, encontrou a carta de Adrien dentro de uma pasta de documentos. Com o coração batendo forte, ela abriu o envelope e começou a ler.
Suas mãos tremeram enquanto as palavras de Adrien, escritas anos atrás, surgiam diante de seus olhos.
"Se no futuro eu já criei coragem para chamar Marinette para sair, parabéns para mim. Se não, então estou esperando o momento certo. De qualquer forma, sempre fui apaixonado por ela."
Marinette sentiu uma onda de calor atravessar seu corpo. Adrien tinha sido apaixonado por ela desde a adolescência, e ela nunca soubera. Seu coração disparou com a revelação, e ela soube que, a partir daquele momento, nada seria como antes.
Fechando a carta, ela se sentou na cama de Adrien, processando o que acabara de descobrir.
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O amor mora ao lado
Fiksi PenggemarDepois de passar anos vivendo nos Estados Unidos, Marinette retorna a Paris, levando consigo um segredo que ninguém mais conhece. Ao tentar se readaptar à sua antiga vida, ela reencontra Adrien, seu melhor amigo de infância e vizinho de longa data...