Capítulo 09 - Revelações e Confrontos

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Marinette saiu do hospital aliviada por não ser nada grave, apenas uma infecção que seria tratada com alguns medicamentos. Enquanto caminhava de volta para casa, seu celular tocou. Era Alya, sua amiga de longa data.

— Marinette, o Adrien está mal! Ele está com febre e delirando — disse Alya, a voz preocupada.

Sem hesitar, Marinette apressou o passo e foi direto para a casa de Adrien. Ao chegar, viu que ele estava deitado, coberto de suor, claramente sofrendo com a febre. O rosto dele estava pálido, os olhos meio fechados e as palavras que saíam da boca dele eram incompreensíveis.

— Adrien! — chamou ela suavemente, tocando o rosto dele com cuidado.

Adrien apenas murmurou algo inaudível, ainda mergulhado no delírio febril. Marinette foi até o banheiro, pegou uma toalha, molhou-a com água fria e a colocou sobre a testa dele. Depois, encontrou um remédio para febre na prateleira e o ajudou a tomar, erguendo a cabeça dele suavemente.

— Vai ficar tudo bem — sussurrou ela, sentando-se na cama ao lado dele.

Enquanto o tempo passava e a febre começava a diminuir, Marinette sentiu o peso do cansaço nas costas e nos ombros. Sem perceber, ela acabou adormecendo ali, ao lado de Adrien, enquanto ele continuava a repousar.

Algumas horas depois, Adrien abriu os olhos. O ambiente ao redor estava calmo, e sua febre já havia abaixado. Ele olhou para o lado e, para sua surpresa, viu Marinette dormindo tranquilamente na cama, sua cabeça inclinada para o lado. Ele sorriu, aliviado ao perceber que ela estava lá com ele. Não era um sonho.

Com cuidado, Adrien puxou o lençol e cobriu Marinette, tentando não acordá-la. Quando ele tentou se levantar, Marinette se mexeu e acordou.

— Ei, ei, não se levanta — disse ela com a voz ainda sonolenta, segurando o braço dele. — Você ainda está fraco. Deixa que eu cuido de você.

Adrien hesitou por um momento, mas depois sorriu de leve e assentiu, deitando-se novamente.

— Você sempre cuidando de mim... — murmurou ele, com uma pitada de carinho na voz.

— Claro, alguém tem que fazer isso — respondeu Marinette, sorrindo enquanto se levantava. — Vou preparar algo para você comer. Fica aqui e descansa, está bem?

Adrien observou Marinette sair do quarto, e seu olhar caiu sobre a cama. Foi então que ele notou algo: a bolsa de Marinette estava ali, perto de onde ela havia adormecido. Algo lhe chamou atenção, uma pasta de documentos estavam impedindo de fechar a bolsa. Ele puxou a pasta, achando que eram apenas papéis comuns, mas ao abrir, o choque percorreu seu corpo. Eram os resultados dos exames de Marinette. No topo do relatório, estava claro: ela havia sido diagnosticada com câncer.

— Não... Isso não pode ser verdade... — Adrien murmurou, a mente girando com a revelação.

Sem pensar duas vezes, ele se levantou rapidamente e foi atrás de Marinette, ainda processando o que havia lido. Ao encontrá-la na cozinha, preparando uma sopa, ele a confrontou.

— Marinette, o que é isso? — perguntou ele, segurando os resultados dos exames com a mão tremendo.

Marinette congelou por um momento, o coração batendo forte no peito. Ela sabia que esse momento chegaria, mas não imaginava que seria assim, de forma tão abrupta.

— Adrien... — começou ela, tentando manter a calma. — Isso... isso é algo do meu passado. Não importa mais, eu estou bem agora.

Adrien se aproximou, o rosto ainda pálido de choque.

— Como assim, não importa mais? Você... você teve câncer e nunca me contou? Marinette, isso é sério! Por que não disse nada? — A voz dele estava embargada, cheia de dor e preocupação.

Marinette desviou o olhar, tentando encontrar uma maneira de fugir daquela conversa. Ela não queria que Adrien a visse como alguém frágil ou que precisasse de proteção.

— Eu não queria preocupar ninguém. Foi algo que enfrentei sozinha, e agora já passou. Não tem por que falar sobre isso — disse ela, mexendo a sopa nervosamente.

— Isso não é algo que se enfrenta sozinha, Marinette! — insistiu Adrien, a voz mais alta. — Eu... eu me importo com você. Sempre me importei. Não sei o que eu faria se... se tivesse acontecido algo pior e eu não soubesse. Por que você não confia em mim?

Marinette abriu a boca para responder, mas foi interrompida pela porta da cozinha se abrindo com força. Sabine, a mãe de Marinette, entrou junto com Emilie, a mãe de Adrien, ambas claramente tendo escutado a última parte da conversa.

— O que está acontecendo aqui? — perguntou Sabine, com o olhar sério, enquanto Emilie a seguia, preocupada.

Adrien se virou para elas, ainda segurando os resultados dos exames na mão. Sabine arregalou os olhos quando viu o papel e percebeu o que estava acontecendo.

— Marinette... — disse Sabine, sua voz vacilando. — É verdade? Você teve câncer e nunca nos contou?

Marinette respirou fundo, tentando controlar as lágrimas que ameaçavam cair.

— Sim, mãe. Há três anos, eu fui diagnosticada com câncer de estômago. Fiz uma cirurgia, e... removi 70% do meu estômago. Não contei porque... não queria que vocês se preocupassem. — Ela olhou para Adrien, sentindo o peso do olhar dele sobre ela. — Eu não queria que ninguém me visse como alguém quebrada ou frágil.

Sabine deu um passo à frente, agora com os olhos marejados. Emilie também parecia profundamente afetada, mas era Sabine quem estava mais devastada.

— Marinette... nós somos sua família. Como você pôde pensar que passaríamos por isso sem te apoiar? — disse Sabine, a voz embargada.

Marinette sentiu as lágrimas rolarem por seu rosto. Ela nunca quis machucar ninguém, mas agora via como sua decisão de esconder a doença havia afetado todos à sua volta.

— Eu sinto muito... — sussurrou ela, sem conseguir olhar para a mãe ou para Adrien.

Adrien se aproximou e colocou a mão suavemente no ombro de Marinette.

— Eu não me importo se você está quebrada ou não. Eu me importo com você, Marinette, com tudo que você é. — Sua voz era suave, mas firme, cheia de sinceridade.

Marinette olhou para ele, os olhos ainda cheios de lágrimas, mas uma chama de esperança começou a acender em seu peito. Sabine, por outro lado, ainda estava processando tudo, mas era claro que, apesar da mágoa, ela amava a filha e a perdoaria.

Naquele momento, havia muita coisa para ser dita, mas o mais importante estava claro: Marinette não estava sozinha. Nunca esteve. E, finalmente, ela começava a aceitar isso.

O amor mora ao lado Onde histórias criam vida. Descubra agora