Capítulo 04 - Segredos Guardados

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Adrien estava a caminho da escola junto de Marinette, quando lembrou o do dia em que ele e Marinette escreveram as cartas para a cápsula do tempo. Como ele poderia esquecer disso?

Era o último ano de ensino médio. Eles estavam no jardim da escola, rindo e provocando um ao outro como sempre faziam. A ideia de fazer uma cápsula do tempo havia surgido de uma conversa aleatória sobre o futuro, e, como de costume, Marinette havia se empolgado com a ideia. Eles escreveram suas cartas, guardaram-nas em uma pequena caixa de metal, e enterraram a cápsula perto da piscina da escola, embaixo de uma árvore velha que havia lá.

Enquanto a caneta deslizava pelo papel, seus pensamentos estavam focados em Marinette. Naquela época, ele já começava a perceber que seus sentimentos por ela iam além da simples amizade. A cada provocação, a cada sorriso que ela lhe dava, algo dentro dele se acendia. Mas ele nunca teve coragem de confessar.

"Será que, no futuro, eu já criei coragem para chamar Marinette para sair? - foi o que ele escreveu.

Agora, anos depois, Marinette estava prestes a descobrir o que ele havia escrito naquela carta. A ideia de que ela pudesse ler seus sentimentos adolescentes o deixava nervoso, mas, ao mesmo tempo, havia uma curiosidade inquietante dentro dele. Ele queria saber como ela reagiria. Queria entender se, depois de tantos anos, havia algum espaço para aquele sentimento crescer.

Decidido a recuperar a cápsula antes que Marinette descobrisse seu segredo, Adrien apressou os passos para chegar antes de Marinette, deixando Marinette para trás.

Naquela noite, Adrien voltou à antiga escola, determinado. As luzes da escola estavam apagadas, e o lugar parecia deserto, mas ele conhecia aquele terreno como a palma de sua mão. Ele foi diretamente até a árvore onde haviam enterrado a cápsula.

Após alguns minutos cavando com uma pequena pá, ele finalmente encontrou a caixa de metal. Adrien sorriu, aliviado, ao segurar o pequeno objeto que continha tantas memórias. Mas no momento em que ele a levantou, Marinette apareceu atrás dele, rindo.

— Então você tentou me enganar, hein? — provocou ela. — Achei que íamos fazer isso juntos!

Adrien ficou paralisado por um segundo, mas logo sorriu.

— Bem, eu estava pensando em te surpreender... — disse ele, sem saber exatamente o que dizer.

Marinette correu até ele, tentando pegar a cápsula de suas mãos. Mas Adrien, vendo a oportunidade de brincar um pouco, levantou a cápsula para longe do alcance dela.

— Ei! Devolve, Adrien! — Marinette gritou, rindo.

— Ah, é? Quer a cápsula? Vem pegar então! — disse ele, correndo em direção à piscina da escola.

Marinette parou no lugar, cruzando os braços.

— Você sabe que eu não sei nadar, Adrien! Não seja covarde!

Adrien riu, olhando para a piscina iluminada pela luz suave da lua. Sem pensar duas vezes, ele pulou na água, segurando a cápsula com firmeza.

— Agora você vai ter que confiar em mim para pegar — gritou ele da piscina, seu rosto brilhando com um sorriso travesso.

Marinette revirou os olhos, claramente irritada, mas com um pequeno sorriso no canto dos lábios.

— Adrien, você é impossível! — gritou ela, ainda rindo.

Depois de nadar um pouco e se divertir com a situação, Adrien voltou para a borda da piscina, segurando a cápsula. No entanto, ao entregar a ela, ele tomou o cuidado de só dar a carta de Marinette, mantendo a dele guardada.

— Aqui está a sua carta — disse ele, entregando o envelope. — Acho que você vai gostar de revisitar o passado.

Marinette pegou o envelope, seus olhos brilhando de excitação e nostalgia.

— E a sua? — perguntou ela, curiosa.

— Ah, minha carta? — Adrien sorriu, hesitante. — Acho que prefiro guardar isso para mim, por enquanto.

Marinette estreitou os olhos, mas decidiu não insistir. Ela sabia que, mais cedo ou mais tarde, descobriria o que estava naquela carta. No entanto, a curiosidade continuava a perturbá-la.

[...]

No dia seguinte, a inauguração da empresa de Adrien aconteceu como o planejado. O evento era simples, mas elegante, reunindo amigos próximos e familiares. Marinette chegou mais tarde, cumprindo sua promessa de implicar com ele, mas, no fundo, estava orgulhosa do amigo. Ver Adrien finalmente realizar seu sonho era inspirador.

Durante a inauguração, eles conversaram, riram e brindaram à nova jornada de Adrien como dono de sua própria empresa de arquitetura. No entanto, ao final do evento, um clima mais tenso se instalou quando Sabine, a mãe de Marinette, se aproximou dela com um olhar frio.

— Marinette, precisamos conversar — disse Sabine, em um tom sério.

Marinette assentiu, sabendo que o confronto com a mãe era inevitável.

— Não acho que você deva ficar em Paris por muito tempo — começou Sabine, sem rodeios. — Você tem um futuro nos Estados Unidos, com Luka. Não faz sentido abandonar tudo o que você construiu.

— Mãe, eu...

— Eu não lutei tanto para você virar uma fracassada, Marinette. Você sabe disso. Volte para os Estados Unidos, ajeite as coisas com Luka, e retome sua vida. Essa pausa aqui em Paris não pode durar para sempre.

Marinette sentiu o peso das palavras da mãe como uma faca. Sabine sempre fora rígida, mas ouvi-la dizer aquilo em voz alta doía profundamente.

— Mãe, eu preciso de tempo — disse Marinette, tentando se conter. — Eu voltei para tentar me reencontrar. Preciso pensar no que realmente quero.

Sabine, no entanto, não parecia disposta a ceder.

— Só espero que você não desperdice todas as oportunidades que lutamos tanto para te dar — disse ela, antes de se afastar, deixando Marinette sozinha.

Marinette sentiu os olhos se encherem de lágrimas, mas se manteve firme. A pressão de sua mãe sempre havia sido pesada, mas agora parecia insuportável. Ela sabia que teria que tomar uma decisão em breve, mas naquele momento, a única coisa que sabia era que não estava pronta para voltar aos Estados Unidos. Não ainda.

Enquanto ela observava sua mãe se afastar, uma sensação de incerteza tomou conta de seu coração.

O amor mora ao lado Onde histórias criam vida. Descubra agora