Capítulo 05 - Laços que se Aproximam

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Os dias em Paris iam passando de forma tranquila, mas ao mesmo tempo, cheios de pequenos momentos que faziam Marinette e Adrien ficarem cada vez mais próximos. Eles se viam quase todos os dias. Sempre que Marinette sentia o tédio bater, ela sabia exatamente onde encontrar um pouco de diversão: na empresa de Adrien.

À primeira vista, podia parecer que ela estava lá apenas para ajudar, mas a verdade era que Marinette adorava provocá-lo. Desde que haviam resgatado a cápsula do tempo e Adrien escondera sua carta, Marinette não conseguia pensar em outra coisa. O que ele teria escrito? E por que ele estava tão determinado a mantê-la escondida?

— Vai me contar o que está na carta hoje? — ela perguntou, sorrindo de forma travessa, enquanto se apoiava na mesa do escritório de Adrien.

Adrien, que estava concentrado em revisar os projetos de um cliente importante, apenas balançou a cabeça, rindo de leve.

— Não. E se você continuar insistindo, vou acabar escondendo a carta em outro lugar — respondeu ele, tentando manter a compostura.

Marinette bufou, fingindo indignação.

— Covarde! — exclamou, cruzando os braços. — Vai ficar escondendo isso para sempre?

Adrien levantou os olhos dos papéis e sorriu para ela.

— Quem sabe... — disse ele, com um brilho de mistério nos olhos. — Talvez eu só esteja esperando o momento certo.

Essa era a dinâmica entre eles. As provocações, as brincadeiras e o jeito como Marinette parecia iluminar o ambiente toda vez que aparecia. A verdade era que Adrien gostava da companhia dela muito mais do que estava disposto a admitir, até mesmo para si mesmo.

Mas nem tudo era brincadeira. Nos últimos dias, Marinette começou a sentir a necessidade de voltar ao trabalho. Após anos de rotina agitada nos Estados Unidos, o ritmo mais lento de Paris estava começando a cansá-la.

— Eu preciso de um emprego, Adrien — disse ela um dia, enquanto mexia em algumas maquetes no escritório dele. — Não aguento mais ficar sem fazer nada. Estou acostumada a trabalhar o tempo todo, e agora me sinto inútil.

Adrien olhou para ela por um instante, percebendo o tom sério em sua voz. Ele sabia que Marinette tinha uma carreira brilhante nos Estados Unidos, mas ela não parecia disposta a compartilhar o verdadeiro motivo de ter largado tudo.

— Você poderia procurar algo na sua área aqui em Paris — sugeriu ele. — Tenho certeza de que qualquer empresa adoraria ter você como parte da equipe.

Marinette suspirou, sentando-se em uma das cadeiras.

— Sim, talvez... — ela disse, distraída. — Mas eu não quero voltar para relações públicas agora. Quero fazer algo diferente, algo novo.

Antes que Adrien pudesse responder, a porta do escritório se abriu e Nino, seu amigo e sócio na empresa de arquitetura, entrou com um sorriso largo no rosto.

— Olha só quem está aqui! — disse Nino, cumprimentando Marinette com entusiasmo. — A nossa visitante diária!

Marinette sorriu, levantando-se para cumprimentá-lo.

— Pois é, estou ficando meio sem graça de aparecer todo dia — brincou ela. — Mas não consigo resistir a irritar o Adrien.

Nino riu, e então, olhando para Adrien, teve uma ideia.

— Você sabe, Mari, nós estamos precisando de alguém para nos ajudar aqui com a parte de organização e gestão dos clientes. Talvez você pudesse trabalhar conosco.

Marinette arregalou os olhos, surpresa.

— Trabalhar com vocês? — perguntou, animada com a ideia. — Seria incrível!

Adrien, no entanto, levantou-se da mesa rapidamente, a expressão no rosto mudando de relaxada para séria.

— Não, não acho que isso seja uma boa ideia, Nino — disse ele, cruzando os braços.

Marinette e Nino se entreolharam, confusos.

— Por que não? — perguntou Nino, ainda sorrindo. — Marinette é super qualificada e poderia nos ajudar muito.

— Exatamente! — Marinette acrescentou, empolgada. — Eu adoraria trabalhar com vocês.

Mas Adrien balançou a cabeça.

— Não, Mari. Não aqui. — Ele olhou para ela com um olhar firme, mas ao mesmo tempo, parecia estar tentando protegê-la de algo. — Você merece mais do que isso. Este é o seu momento de pensar no que quer realmente fazer. Se você começar a trabalhar conosco agora, pode acabar deixando de lado outras oportunidades.

Marinette franziu a testa, claramente irritada.

— Adrien, eu só quero trabalhar. Não estou deixando nada de lado.

— Eu entendo, mas... — Adrien hesitou. — Não quero que você se sinta presa aqui. Sei que tem muito mais a oferecer ao mundo.

O silêncio que se seguiu foi estranho. Marinette cruzou os braços, claramente frustrada com a atitude protetora de Adrien. Ela sabia que ele tinha boas intenções, mas não conseguia evitar se sentir sufocada por ele.

— Então você acha que trabalhar com você seria um retrocesso pra mim? — perguntou ela, com um tom desafiador.

Adrien abriu a boca para responder, mas Nino se adiantou.

— Espera aí, espera aí! — disse ele, erguendo as mãos. — Vamos com calma. Acho que Adrien só está preocupado com você, Mari. Ele sabe o quanto você se dedicou à sua carreira lá fora e talvez ache que isso aqui não seria o suficiente.

Marinette olhou para Adrien, tentando entender o que estava se passando em sua cabeça.

— Talvez eu só queira me distrair, Adrien — disse ela, com um suspiro. — Você tem razão, eu preciso pensar no meu futuro, mas não posso fazer isso parada. Eu preciso de algo para me manter ocupada, e, francamente, não vejo problema em ajudar você e o Nino enquanto penso no que fazer a seguir.

Adrien respirou fundo, ainda relutante, mas vendo que não havia muito que pudesse dizer.

— Tudo bem... — disse ele, finalmente cedendo. — Mas só enquanto você não encontra algo que realmente queira fazer, ok? Não quero que você se sinta presa aqui.

Marinette assentiu, satisfeita.

— Combinado. Vou fazer vocês se arrependerem de não terem me contratado antes! — disse ela, sorrindo de forma travessa, tentando aliviar a tensão.

Nino riu, enquanto Adrien apenas balançava a cabeça, resignado. A verdade era que ele estava feliz por tê-la por perto, mesmo que isso o deixasse desconfortável. A proximidade deles estava crescendo mais a cada dia, e Adrien sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria que encarar os sentimentos que estavam se acumulando dentro dele desde a adolescência.

Enquanto saíam do escritório, Marinette deu uma última olhada para Adrien, com aquele brilho de provocação nos olhos.

— E a carta? Ainda vou descobrir o que você escreveu, Adrien. — disse ela, com um sorriso.

Adrien apenas sorriu de volta, mas por dentro, ele sabia que esse momento estava se aproximando cada vez mais. E quando ela finalmente lesse sua carta, tudo mudaria.

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