𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏: 𝐓𝐇𝐄 𝐋𝐀𝐒𝐓 𝐁𝐑𝐄𝐀𝐓𝐇

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5 anos atrás

Bath - Inglaterra

Elowen subia as escadas da mansão com passos leves, um sorriso iluminando seu rosto. O dia tinha sido especial; queria contar tudo à sua mãe, desde as flores que desabrocharam no jardim até o novo livro que havia encontrado na biblioteca. Ao chegar ao quarto, empurrou a porta suavemente, encontrando Catherine deitada na cama, cercada por travesseiros de seda. Ela parecia melhor, com um sorriso sereno nos lábios e os olhos brilhando ao ver a filha entrar.

⸻ Ah, minha princesinha. - disse Catherine, a voz suave como sempre. ⸻ Conte-me sobre seu dia.

Elowen se aproximou, sentando-se na beira da cama e segurando a mão da mãe entre as suas. O calor familiar daquele toque encheu-a de conforto, e por um breve momento, esqueceu a sombra do diagnóstico terrível que pairava sobre elas. Começou a falar animadamente sobre as flores no jardim, descrevendo os tons vibrantes e o perfume doce que impregnava o ar. Catherine ouvia com atenção, os olhos fechados de leve enquanto imaginava cada detalhe, absorvendo a alegria na voz da filha.

⸻ Isso me faz lembrar dos tempos em que eu costumava cuidar do jardim. - comentou a mãe, com um toque de nostalgia. ⸻ Você sempre gostou de correr entre as flores... como uma pequena fada.

Um sorriso aquecia o coração de Elowen, e as duas continuaram conversando por um bom tempo, rindo e relembrando memórias preciosas. À medida que a tarde avançava, o sol começou a se pôr, lançando um brilho dourado através das cortinas do quarto.

⸻ Por que não vai ler um pouco no jardim, querida? - sugeriu Catherine, com uma ternura que escondia a fraqueza em sua voz. ⸻ O ar fresco vai te fazer bem.

Elowen hesitou, mas diante da insistência da mãe, beijou-lhe a testa suavemente e foi para o jardim. Ali, entre as flores e o suave sussurro das árvores, ela se perdeu em um livro, deixando-se envolver pela tranquilidade do lugar. O sol filtrava-se pelas folhas, lançando sombras delicadas ao seu redor, e o aroma suave das rosas criava uma sensação de paz que quase a fez esquecer, por um breve momento, o estado frágil de Catherine.

Ela leu por horas, imersa nas palavras que lhe ofereciam um breve refúgio da realidade. O vento leve acariciava sua pele, e o som distante das risadas dos criados no jardim parecia tão distante, quase como se viesse de outro mundo. Mas então, o leve prazer daquele momento foi interrompido.

Foi apenas quando um dos empregados se aproximou, com o rosto pálido e preocupado, que algo no peito de Elowen se apertou. O sorriso que pairava em seus lábios desapareceu instantaneamente, substituído por uma sensação de inquietação crescente.

⸻ Senhorita... Sua mãe... - a voz dele tremia, quase inaudível, carregada de uma dor silenciosa, e antes que pudesse terminar a frase, Elowen já estava correndo de volta para a mansão, o coração disparado.

Cada passo que dava parecia uma eternidade. Seu corpo reagia antes mesmo que sua mente compreendesse completamente o que estava acontecendo. O medo, tão familiar e tão temido, a envolvia. Ao atravessar o corredor, o ar parecia mais denso, o ambiente mais sombrio.

Ao entrar no quarto, encontrou Catherine pálida e ofegante, a respiração irregular e os olhos semicerrados. Aquele sorriso que tanto a confortava havia desaparecido, substituído por uma expressão de dor profunda. Elowen caiu de joelhos ao lado da cama, tomando a mão fria da mãe entre as suas, enquanto o pânico tomava conta de seu coração.

⸻ Mãe, por favor, aguente firme - sussurrou, com a voz embargada. ⸻ O papai já está vindo com o médico.

⸻ Minha pequena... - A voz de Catherine era apenas um fio de som, cada palavra um esforço tremendo. ⸻ Eu... sempre... estarei... com você.

Seven hearts in darknessOnde histórias criam vida. Descubra agora