𝐂𝐀𝐏𝐈́𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏𝟏: 𝐇𝐀𝐏𝐏𝐘 𝐁𝐈𝐑𝐓𝐇𝐃𝐀𝐘 𝐄𝐋𝐎𝐖𝐄𝐍

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4 anos atrás
Bath - Inglaterra

Um ano e nove meses haviam se passado desde a morte de Catherine, e a vida de Elowen seguia em um ciclo rotineiro de luto e resistência. Cada dia era uma batalha silenciosa contra a presença constante de Morgana, cuja frieza parecia se espalhar pela casa como um nevoeiro denso, e a indiferença de seu pai, Alaric, que, mergulhado em sua própria tristeza, frequentemente se perdia em reuniões e compromissos, deixando Elowen sozinha em sua dor. Fazia três meses desde a última visita ao cemitério, onde as flores que ela deixara murcharam, mas hoje era um dia especial. O dia de seu aniversário de 17 anos.

Diferente dos aniversários da infância, repletos de risos e abraços calorosos de sua mãe, este parecia mais sombrio e pesado. A casa, agora dominada pela presença de Morgana, parecia um labirinto de ecos e sombras, onde as memórias felizes de outros tempos eram abafadas pelo silêncio. A decoração que um dia trouxera alegria parecia agora uma lembrança amarga do que havia sido. Alaric, seu pai, prometera uma pequena festa para celebrar a data, mas Elowen sabia que não havia mais nada genuíno sobre o que um dia foi sua família. As risadas e os jogos de seu passado haviam sido substituídos por uma aura de tensão e superficialidade.

Descendo as escadas da mansão, Elowen ajustou o vestido branco que Alaric lhe comprara — uma escolha simples, mas elegante, que parecia refletir a ausência de emoção do ambiente. O tecido leve dançava suavemente ao redor de suas pernas, mas não havia como esconder a tristeza que pesava em seu coração. Cada passo em direção ao chão de mármore frio ecoava a ausência de sua mãe, como se o próprio lar estivesse em luto.

Na sala de estar, Morgana supervisionava os poucos preparativos, sua expressão imperturbável enquanto organizava os balões discretos em tons pastéis e arrumava uma mesa repleta de doces finos, mas sem alma. Os bolos, embora bem decorados, pareciam insípidos, como se fossem apenas uma obrigação, e o aroma doce no ar não conseguia aquecer a atmosfera. Era tudo perfeitamente organizado, mas faltava o calor, a alegria e a espontaneidade que uma verdadeira festa de aniversário exigia. Elowen se sentou à mesa, observando enquanto Morgana ajustava os detalhes, sentindo que cada movimento da mulher era um lembrete do quão distante ela se tornara de sua verdadeira família.

Em meio ao vazio, um desejo ardente de se conectar com as lembranças da mãe a envolveu, fazendo com que a dor se tornasse quase insuportável. Elowen fechou os olhos por um momento, tentando recordar a última vez que celebrara seu aniversário ao lado de Catherine, onde risadas ecoavam e o amor parecia palpável. Agora, a sala parecia um palco sem atores, apenas um cenário em que a tristeza e a distância dominavam, deixando a jovem em um estado de anseio e solidão.

Ela se forçou a manter uma expressão neutra, seus dedos entrelaçando-se nervosamente enquanto tentava afastar os pensamentos sombrios que começavam a se acumular. O peso da ausência de sua mãe parecia mais forte do que nunca naquele dia, o que transformava cada detalhe daquela festa em um lembrete doloroso de como as coisas haviam mudado. Elowen suspirou silenciosamente, encarando os doces que, por mais bonitos que fossem, não tinham o sabor da felicidade que costumavam ter nas celebrações organizadas por Catherine. O vazio dentro dela parecia crescer a cada segundo, e o aniversário que um dia trouxera alegria agora era apenas um ritual vazio.

Mas, antes que pudesse se afundar totalmente nesses pensamentos, a campainha tocou. O som ecoou pela mansão, trazendo um breve alívio ao silêncio opressor que a envolvia. Seu coração deu um pequeno salto, não pela expectativa de quem estava à porta, mas porque sabia que qualquer distração seria bem-vinda.

Morgana, com sua graça mecânica, lançou um olhar rápido para Elowen, o olhar frio e cheio de desprezo que ela já conhecia bem. Sem dizer uma palavra, dirigiu-se para atender a porta, seus saltos firmes ecoando pelo chão de mármore. Elowen permaneceu parada, sentindo o familiar desconforto que a presença de Morgana trazia. Ela nunca se sentia à vontade com aquela mulher, que desde o início fizera questão de deixá-la de lado, assumindo o controle da casa e tratando Elowen como um incômodo.

Seven hearts in darknessOnde histórias criam vida. Descubra agora