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Estamos no México.

Faz algumas horas que chegamos. Saímos do avião direto para o hotel que o time fora designado. Eu posso dizer que é luxuoso sem nem precisar ver por dentro. O conjunto de hotéis fica cerca de 20 minutos do estádio e possui um centro de treinamento. É como se tivesse sido construído para isso.

Existem seis prédios no conjunto. O primeiro prédio é o Coral, aparentemente é onde ficaremos. Depois há o prédio Cielo, onde ficarão os japoneses, Paraíso que foi destinado aos brasileiros, Brisa para a seleção italiana, o edifício Luna ficará com os nigerianos e por fim, Delfín será onde os canadeses ficarão.

Noah está animado. Durante o vôo ele bebeu duas garrafas de champanhe. Tive que praticamente carrega-lo até o carro. Ainda bem que o resto do time veio de ônibus.

Bato de frente com Gregg, treinador dos meninos quqndo deixo Noah no quarto que foi designado para nós.

— Oi, Any. — Há certa decepção nos olhos dele. — Como ele está?

— Oi Gregg, eu deixei ele no quarto. Pedi para levarem água, comida e deixei um remédio pra ele.

— Ótimo, se parecer que ele está melhor, por favor pede pra ele ir até o centro esportivo certo?

— Pode deixar. — Garanto. — Sinto muito por isso.

— Tudo bem. — Ele dá de ombros, já está acostumado aos caprichos de Noah. Ele sai andando pela recepção do hotel com o resto dos meninos, alguns deles me cumprimentam.

Deve demorar até Noah ficar sóbrio, Nour e Heyoon devem chegar ao México amanhã, então eu não tenho muito com o que me preocupar agora. Decido colocar um biquíni e andar pelo conjunto, conhecendo todas as suas instalações.

Eu posso escolher usar um carrinho de golfe se eu quiser, mas preferi ir andando. O que depois de alguns minutos embaixo do sol do México acaba sendo uma péssima ideia.

Eu paro na área da piscina e me sento em uma das espreguiçadeiras estofadas, observando as quatro piscinas enormes na minha frente. Um homem se aproxima de mim rapidamente, me oferecendo um cardápio com diversas opções de bebidas e porções.

Gracias. — Agradeço e acabo pedindo por um drink. Afinal, não sou eu quem vai jogar em uma copa do mundo, não é?

Enquanto ele sai para buscar minha bebida, tiro minhas sandálias e me sento no chão, deixando minhas pernas submergidas na água refrescante. É aí que vejo uma movimentação na piscina a minha frente. Há alguém nadando. Um homem, consigo ver apesar da imagem turva da água.

Quando o vejo voltando a superfície, sei quem é. E ao me perceber aqui, do outro lado da piscina, ele nada na minha direção.

Eu provavelmente deveria sair, mas não tenho a mínima motivação para isso.

— Any Gabrielly...o que eu fiz para merecer ter o prazer da sua companhia? — Seu sorriso grande toma conta de quase todo o seu rosto. Josh tem a mandíbula marcada, bem definida em seu rosto. Nunca deixo de reparar nisso quando nos encontramos a cada 4 anos. Isso me irrita um pouco.

— Não fique se achando, Joshua, estou apenas fugindo do calor. — Tento não olhar diretamente em seus olhos azuis. Ele sorri ainda mais, apoiando os braços fortes e definidos na borda da piscina, ao lado de onde estou sentada.

— É claro. O que está achando do lugar? — Ele tomba a cabeça, os olhos azuis fixos em mim.

— É bonito. Estou pensando nos bares e nos clubes. — Ele ri novamente.

— Alguns caras do time e eu vamos a um hoje, por que não me acompanha?  Tenho certeza que será muito melhor com a sua companhia.

Josh é um cafajeste. Em toda oportunidade que tem, ele dá em cima de mim sem remorso algum.

— Ah, Josh... você é engraçado. Noah não vai gostar disso, mas é claro que esse é justamente o seu objetivo.

— E quem está falando do Noah? — Ele fala, despreocupadamente, como se o fato dele ser o capitão do time canadense, "inimigo" n° 1 de Noah não estivesse influenciando.

— Por favor. — Nego com a cabeça e agradeço quando o funcionário traz a minha bebida.

— Eu tentei pelo menos. Sabe, nem tudo é competição. Também tem a ver com você ser a mulher mais atraente daqui. — Meu coração erra uma batida e imediatamente gargalho alto, tentando disfarçar meu nervosismo.

— Também sou uma mulher casada. — O lembro, dando um gole na minha bebida. A palavra parece estranha saindo da minha boca, é como se eu fosse uma impostora, afinal de contas, o que eu vivo não é um casamento de verdade.

— Se fosse a minha mulher, não estaria aqui, e com certeza não estaria sozinha. — Josh sai da piscina com um impulso, se sentando ao meu lado. Minha respiração fica presa por alguns segundos, meus pés se movem agitadamente na água.

— E onde eu estaria?

Ele sorri e pega o copo da minha mão, bebendo no mesmo lugar onde minha boca estava.

— No quarto. Inaugurando os cômodos. — Ele me devolve o copo.

— Você é um canalha. — Sopro, segurando meu copo com força, tentando me concentrar no vidro gelado.

— Culpado. — Ele se levanta e vai até uma espreguiçadeira, alcançando sua toalha e seu chinelo. — A oferta ainda está de pé.

— Vou considerar. — Viro o resto da bebida, egolindo junto meus próprios desejos.

"Chumbo trocado não dói". Foi o que Heyoon disse.

Eu poderia ir ao clube com Josh, poderia perder a linha com ele. Acabo me encontrando desejando isso mais do que nunca, mas não consigo. Simplesmente não posso.

world cup - beauany Onde histórias criam vida. Descubra agora