world cup - beauany

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Any's point of view

Depois de deixar Heyoon em seu apartamento, segui para a minha casa, estranhando o silêncio que ficou no veículo depois que ela saiu.

Peço para que, Ronald, meu motorista, ligue o rádio e assim ele o faz.

— Nessa estação, senhorita? — Ele questiona.

— Sim, por favor.

Checo meu celular despretensiosamente, vendo a repercussão que o anúncio do local da Copa causou nas redes sociais. Passo os olhos por cima de alguns tuítes de fãs meus e do Noah, mas não chego a ler nada além das mesmas discussões de sempre.

Em trinta minutos chegamos no condomínio. A maioria das casas está com as luzes apagadas. Já estou acostumada em chegar tarde do trabalho e de jantares com as minhas amigas, então não estranho.

Ronald estaciona o carro na garagem ao lado dos outros quatro. Ao ver a Lamborghini estacionada, meu coração acelera.

Noah está em casa.

Noah está em casa antes de mim. Que surpresa. Isso nunca acontece, eu sempre chego antes dele, não importa o quão tarde eu esteja voltando pra casa.

— Obrigada, Ronald. — Digo ao sair do carro com minha bolsa e seguir para as escadas que dão acesso a nossa área externa.

Entro em casa e ascendo poucas luzes. Me apoio na bancada da cozinha e tiro os sapatos de salto que estou usando. Sigo para a sala de estar e em seguida para a escadaria quando tropeço em alguma coisa no chão.

Um salto alto.

Um salto que não é meu.

Perto deles, como provas de um crime seguidas uma das outras, peças de roupa largadas no chão.

Subo as escadas rapidamente, sem querer ficar ali imaginando de quem são. Ignoro qualquer barulho enquanto atravesso o corredor da direita, mesmo que o quarto de Noah fique no corredor da esquerda.

Entro no meu quarto e guardo meus saltos no meu closet. Sou apenas uma mulher que acabou de chegar de um jantar com uma amiga e nada mais.

Largo minha bolsa na cama e entro no banheiro. Sou uma mulher bem sucedida.

Tiro minha blusa preta e em seguida minha calça jeans. Fui anunciada recentemente pela Forbes como a modelo mais bem paga do mundo.

Um gemido abafado, chega aos meus ouvidos. Baixo, mas com certeza é um gemido. Fico paralisada por alguns segundos, me olhando em frente ao espelho do meu banheiro.

Mesmo sendo tudo isso. Mesmo tendo a vida profissional que milhares matariam para ter, vivo essa vida miserável dentro da minha casa.

Desço as escadas depressa, pisando descalça para não fazer barulho algum. Pego todas as roupas espalhadas pela sala inclusive o salto e levo para o lado de fora. Chego até a nossa churrasqueira elétrica. Ascendo. Jogo as roupas ali e fecho a tampa.

Faço tudo isso depois de chorar no banho. Mas essa parte eles não vão saber.