O jogo está para começar.
A arena está tão cheia quanto estava ontem, eu diria que até um pouco mais. A área VIP onde muitos familiares dos jogadores ficam também está mais cheia.
Eu me sinto um pouco deslocada até, espero que as pessoas apenas vejam isso como uma pessoa tão famosa quanto os jogadores os assistindo.
Irei xingar Heyoon e Nour por me abandonarem hoje.
— Com licença?
Jesus. Por favor, não.
Quando eu olho para o lado, uma mulher está ao meu lado com um sorriso doce e contido. Ela parece estar na casa dos 50 anos, seu cabelo fino e liso possui um tom lindo de loiro e seu rosto é levemente avermelhado, com marcas de quem provavelmente já viveu muito.
— Sim?
— Você poderia me ajudar? Eu só enxergo com meu olho esquerdo e às vezes é um pouco difícil me localizar. — Ela pede e então finalmente consigo perceber. Há um tipo de ferida em seu olho, a íris quase não pode ser vista e é muito clara.
— É claro que sim. — Me disponho imediatamente a guiar a senhora pelas fileiras dos bancos. Com o braço enganchado ao dela, sentamos uma ao lado da outra nas cadeiras mais próximas a visão do campo.
Me sinto aliviada ao estar ao lado de alguém, principalmente alguém que parece ser simpática. A senhora se acomoda no banco e busca por alguém no campo. Em seguida, vira o rosto todo na minha direção para que seu olho esquerdo me veja.
— Muito obrigada, querida. — Ela sorri de forma tão doce que é impossível não sorrir também. — Eu nem sequer perguntei o seu nome primeiro. O meu é Ursula.
Ursula.
É um nome lindo. Não vejo em muitas pessoas.
— Que isso, não se preocupe. Meu nome é Any. — Ela sorri ainda mais e assente.
— Eu acho que te conheço...mas não sei de onde.
— Será? — Dou um sorriso a ela, escolhendo não trazer à tona minha carreira nesse momento.— A senhora veio ver alguém em específico?
Ela concorda enquanto olha para o campo novamente. Os times estão entrando.
— Meu filho. — Ela sorri brevemente, e sem me dar a oportunidade de perguntar mais alguma coisa, ela retribui a pergunta. — E você? Veio assistir a alguém especial?
Um suspiro me escapa antes de simplesmente falar sem receio:
— Na verdade sim. — Me surpreendo com a facilidade com a qual a respondo.
— Eu entendo...Com esse sorrisinho eu arrisco dizer que é um rapaz do seu interesse, acertei?
Pela primeira vez me permito rir timidamente como uma adolescente com uma paixonite. Não sinto vontade de me repreender ou sentir que preciso me esconder para Ursula.
Eu posso estar maluca, mas sinto uma conexão com ela que me acalma. É como se ela fosse um dos poucos pontos de paz e calmaria que encontro nos últimos anos.
— É...quase isso.
— Quase? Você gosta do rapaz, ou não? — Ela dá uma risadinha, se divertindo com a minha confusão ao tentar explicar.
Bem, é possível que eu não a veja mais, certo?
— Eu...estou em um tipo de relacionamento, que não existe amor nenhum, há alguns anos. — Receio que haja uma reação de repreensão ou julgamento em seu rosto, mas ela apenas pisca levemente surpesa e em seguida concorda. — Eu tenho estado sozinha, e então esse rapaz surgiu e, abalou um pouco as estruturas aqui dentro. Me faz querer viver um pouco por mim mesma, entende?
Uau. Eu nem mesmo sabia que era isso que eu sentia em relação a Josh.
— Eu entendo, querida. — Ela coloca sua mão na minha, a segurando de forma reconfortante e acolhedora. — Existem situações que são difíceis de sair, Deus sabe que eu sei disso. E eu acho que você deve ir atrás desse rapaz.
— Mesmo? Eu sinto que estou errando, manchando o significado do casamento.
— É claro que não. Em um casamento de verdade existe amor, sentimento. Aquilo que não pode ser falsificado por ninguém. — Ursula fala com tanta intensidade e ao mesmo tempo sabedoria. Sinto que realmente posso confiar em suas palavras. — Viva o que você precisa viver por agora e ninguém tem nada a ver com isso além de você. Mas, ouça, não leve isso a longo prazo. Quando conseguir, saia deste casamento que não te faz feliz e siga a direção que quiser. Você é jovem, a vida ainda é uma caminhada longa para você.
Me recosto no banco acolchoado e suspiro, absorvendo as palavras de Ursula. Ela dá risada e pousa a mão no meu ombro.
— Leve o tempo que precisar para pensar, mas lembre-se de que quando se trata da vida, tudo pode acontecer antes que você pisque.
Eu concordo com ela e com certo esforço tento prestar atenção no jogo que acabou de começar.
Ursula enxerga razoavelmente bem com o olho esquerdo, mas eu preciso narrar a maior parte do jogo para ela. Ela não pergunta sobre nenhum jogador em especial e apenas pede para que eu continue contando.
É quando perco meu ar, o raciocínio da narração não muito profissional que eu estava fazendo. Josh fez o primeiro gol.
Ele corre pelo gramado comemorando com os colegas de time, principalmente com Lamar.
Eu me levanto com Ursula para observamos melhor do parapeito junto com algumas outras pessoas.
Ele se aproxima da área VIP rapidamente, levantando seu indicador para o alto, como se estivesse fazendo uma contagem.
É impossível não sentir as borboletas idiotas no estômago. Tento não demonstrar nenhuma reação e me limito a sorrir e bater algumas palmas.
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world cup - beauany
FanficOnde a modelo Any Gabrielly se cansa de ser traída pelo marido, capitão do time de futebol dos Estados Unidos e resolve ficar com o capitão do time rival durante a Copa do Mundo.