O primeiro jogo da copa está prestes a começar.
A abertura foi linda e a energia no estádio está alta.
Noah está no gramado, o uniforme azul e vermelho se destacando nele. Ele arruma o elástico fino que mantém os cabelos dele para trás e me procura com os olhos pela área vip da arquibancada. Nós nos encaramos por alguns segundos até que ele se reúne com o time antes que o jogo comece.
O primeiro jogo é entre os Estados Unidos e Suíça, ambos os times fazem parte do grupo A com outros dois times, no fim da fase de grupos, apenas dois times devem continuar, ao invés de quatro.
Heyoon se agita ao meu lado. Ela dá gritinhos e bate palmas, ela olha para Nour e eu, nos incentivando a torcer.
— Você está torcendo 'pra Suíça, né? — Nour questiona, bebendo um pouco de sua mimosa em uma taça.
Eu a acompanho, bebendo um gole da bebida em uma tentativa de me distrair. Está um calor infernal aqui, tenho que fingir que vou torcer por Noah quando sei que no final da noite ele estará em alguma boate por aí, enquanto eu tenho que dar satisfações aos paparazzi e para a imprensa.
— Vamos só assistir, isso deve fazer com que acabe rápido. — Digo, arrastando meu óculos escuro para a ponta do nariz. — E assim eu posso ir a piscina do hotel.
— Piscina de hotel, Any Gabrielly? Nós vamos sair hoje a noite, independente do resultado desse jogo. Aliás, vamos com certeza se os Estados Unidos perderem. — Nour provoca.
O jogo começa. Tento resgatar todo o meu reduzido conhecimento de futebol no mesmo momento para que isso não seja um tédio total. Os jogadores da Suíça são até que ágeis, mas não chegam perto de serem bons de forma notável. Noah está tranquilo no início do jogo, os primeiros vinte minutos são os dois times tentando abrir espaço para fazer o primeiro gol.
Quando estamos em meia hora de jogo, posso ver que o time começa a tentar outra estratégia. Noah faz sinais e se comunica para que eles sejam mais agressivos e isso parece funcionar. Gol dos Estados Unidos.
Uma parte da torcida vai à loucura e eu tenho o reflexo de me levantar e gritar um pouco. O gol é feito por Edward, um sujeito não muito sociável, mas um dos melhores do time. Noah não gosta muito dele.
Os 15 minutos restantes do primeiro tempo são marcados de tentativas de gol pela Suíça e os EUA tentando marcar novamente, sem sucesso por enquanto.
O intervalo entra e aproveito para fofocar com minhas amigas sobre o flerte de Nour pelo Instagram com um jogador da seleção espanhola. Ela fica tímida e não abre muito o jogo, mas nós a provocamos o suficiente para que ela diga pelo menos o nome dele.
Quando saímos da nossa bolha percebemos a volta do jogo. Logo nos primeiros dez minutos, a Suíça faz um gol. Há gritos e torcidas. Noah está tentando não parecer nervoso, mas posso ver que ele está preocupado.
Eu aproveito a oportunidade para me levantar e pegar outra mimosa no bar exclusivo da área vip. Vejo Joanna, esposa de Julian, um jogador até que próximo de Noah. Nós nos cumprimentamos, ela sorri para mim e eu para ela.
Enquanto aguardo a bebida, me pergunto se ela vive uma farsa também. Eu já a vi diversas vezes em eventos e festas íntimas do time, eles sempre pareceram muito próximos, íntimos, um casal de verdade. Ela com certeza sabe que Noah e eu não somos realmente um casal, a maioria dos jogadores do time sabem mas ninguém jamais diz uma palavra sobre isso.
Noah não respeita muito nossa farsa, mas a ideia de seus colegas de time falando algo sobre isso o deixa irritado. A ideia me assusta, porque hoje em dia, tudo pode vazar muito fácil e nossas vidas podem ser destruídas como um castelo de cartas.
Recebo outra mimosa do garçom bronzeado e me viro para observar a área vip. As mães e pais de alguns jogadores estão aqui, tanto quanto esposas e algumas delas com crianças pequenas.
Meu coração se aperta por um momento. Eu sempre estive muito focada na minha carreira e não me arrependo disso. Mas quando eu paro e penso sobre ter filhos, minha mente e meu coração entram em conflito.
Olhando para a vida que eu tenho, que eu construí, tudo me leva a pensar que eu estou no momento perfeito para ter um bebê. Tenho 27 anos, sinceramente, não gostaria de engravidar em uma idade mais avançada porque quero acompanhar o crescimento do meu filho de forma ativa.
Mas isso tudo é hipotético, pode nunca acontecer.
O próprio Noah não sabe disso, nem mesmo minha mãe.
E eu não sei se tenho coragem de expor esse desejo, até porque eu jamais iria querer envolver uma criança em uma farsa. Espanto a ideia com um balançar de cabeça, voltando para o meu lugar na arquibancada.
Percebo que o jogo está acirrado, os EUA tentam a todo custo atacar, mas então se lembram da defesa e quase tomam outro gol da Suíça.
— Quem será que leva essa? — Heyoon questionou, realmente envolvida.
— Espero que a Suíça. — Nour respondeu despreocupadamente e logo em seguida, Noah fez um gol.
A torcida toda comemora, todos ficam de pé e gritam, inclusive eu, é claro. Preciso performar a esposa orgulhosa. Com certeza estou sendo observada e gravada. Minhas amigas também se levantam e "comemoram", Heyoon mais do que Nour, mas sei como ela está se esforçando.
Noah corre pelo gramado se jogando em seus companheiros e gritando. Ele chega perto da área em que estou e aponta na minha direção antes de voltar rapidamente para o centro do campo. Eu forço um sorriso apaixonado e me sento novamente.
— Deus, eu realmente preciso sair hoje. — Declaro.
— Isso! — Nour balança meus ombros e comemora.
O jogo segue sem muitas mudanças, os meninos continuam tentando fazer mais um gol, mas o jogo acaba por se encerrar desse modo. Dois gols dos Estados Unidos e um da Suíça.
Eu arrumo minhas coisas e saio da arquibancada, minhas amigas vêm logo atrás de mim. Eu espero por algum tempo até que Noah e o resto do time saiam do vestiário. Ele me abraça rapidamente e eu digo que foi um bom jogo. As famílias dos jogadores também se aproximam, abraçando e parabenizando seu filho/marido/pai.
Juntos, nós deixamos a arena, ignorando os fotógrafos de plantão no caminho da porta da arena para o ônibus do time.
A euforia é clara ali. O trajeto da arena até o hotel é pura farra. Quando chegamos ao quarto, vejo que Noah está se arrumando para sair. Em nenhum momento ele me diz nada sobre e então tenho certeza de que vou sair também.
Assim que ele sai pela porta, percebo como estou cansada de ser a única tentando manter meu caráter por essa mentira. Estou cansada de deixar que ele faça o que quiser enquanto eu fico aqui sustentando tudo.
Foda-se tudo isso.
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world cup - beauany
FanfictionOnde a modelo Any Gabrielly se cansa de ser traída pelo marido, capitão do time de futebol dos Estados Unidos e resolve ficar com o capitão do time rival durante a Copa do Mundo.