Barbara Passos
Os dias se arrastavam como se o tempo estivesse brincando com minha ansiedade. Cada minuto parecia mais longo que o anterior, e a proximidade do final de semana só fazia meu coração bater mais rápido, mas não de uma forma boa.
Havia uma mistura de expectativa e medo, como se eu estivesse esperando algo que eu nem sabia se queria que acontecesse. A cada notificação no celular, meu coração disparava, esperando que fosse uma mensagem de Victor, alguma explicação, qualquer coisa que pudesse me dar uma pista do que estava acontecendo entre nós.
Mas nada vinha, apenas o vazio de uma conversa incompleta.
As conversas com Tainá e Carol tinham ajudado a acalmar a turbulência interna, mas só por alguns momentos.
Eu sabia que as duas tinham razão — eu precisava falar com ele, entender de uma vez o que estava acontecendo.
A situação com Madison continuava me corroendo por dentro. As fotos deles, estavam em todo lugar nas redes sociais. Eu tentava não olhar, mas era impossível fugir. E quanto mais eu via, mais me perguntava: por que ele não me falou nada? ele não deveria ter me dito o que estava acontecendo? Ou eu só estou criando problemas em copo d'água?
Então, na quinta-feira à tarde, enquanto eu terminava de editar um post, meu celular vibrou. Era uma mensagem de Victor. Por um segundo, hesitei antes de abrir, com medo do que poderia estar lá. Mas, ao deslizar o dedo pela tela, o que li me deixou em choque:
"Oi, amor. O que acha de passar o final de semana aqui em casa? Sinto que precisamos conversar."
Eu fiquei ali, olhando para o celular, como se aquelas palavras fossem difíceis de decifrar.
Era um convite para o final de semana. Direto, quase casual, mas com o peso de semanas de incertezas.
Senti um nó se formar no estômago.
Eu deveria ficar feliz? A verdade é que, naquele momento, tudo o que eu sentia era confusão.
Esse era o Victor de sempre, o cara que eu conhecia, o que costumava me convidar para os finais de semana na casa dele. Mas, ao mesmo tempo, esse era o Victor que tinha me deixado de lado, que se afastou sem motivo aparente.
Tentei racionalizar. Ele estava convidando-me para conversar. Talvez fosse isso que eu estava esperando — uma oportunidade de resolvermos as coisas. Mas e se eu estivesse me precipitando? E se o motivo desse distanciamento fosse algo que eu não queria descobrir? Eu me forcei a respirar fundo, a lutar contra a avalanche de pensamentos que estavam me arrastando para um lugar escuro.
Minha mente estava em um caos completo. Por um lado, eu queria desesperadamente ir, resolver isso de uma vez por todas. Por outro, o medo de descobrir algo que poderia machucar ainda mais me paralisava.
Acho que é a TPM. Ela que tá fazendo- me ficar assim. Né?
Peguei o celular e digitei uma resposta, hesitante:
"Claro. Acho que precisamos mesmo conversar. Que horas você quer que eu chegue?"
Enviei a mensagem e me deitei no sofá, sentindo um peso cair sobre meus ombros. O que ele tinha para me dizer? E por que agora, depois de tanto tempo distante?
