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Barbara Passos

O sábado amanheceu e a cidade de Madrid parecia mais viva do que nunca.

Era o dia antes da final, e cada canto da cidade parecia respirar futebol.

Victor acordou cedo, mas diferente dos outros dias, havia uma tensão sutil em seus gestos. Ele era sempre focado, determinado, mas hoje, algo mais pairava sobre ele.

Talvez fosse a pressão do jogo, ou talvez o fato de que tanto estava em jogo — não apenas em campo, mas na vida pessoal também.

Eu acordei com o som dos passos dele pela casa. Victor já estava na cozinha, mexendo em algo, provavelmente um café rápido antes de sair para o último treino antes da final.

A final era um momento gigantesco, e eu sabia o quanto significava para ele.

E sim, eu dormi na casa do Victor essa semana inteira.

Levantei-me e fui até a cozinha, onde ele estava encostado no balcão, a xícara de café nas mãos.

Seus olhos encontraram os meus, e mesmo sem palavras, eu sabia o que ele estava sentindo.

— Bom dia — murmurei, me aproximando e encostando a cabeça em seu ombro.

Ele sorriu, beijando o topo da minha cabeça.

Victor— Bom dia, amor — respondeu, mas havia uma distração na voz dele, uma preocupação velada.

— Ansioso para amanhã? — perguntei, olhando para ele.

Victor— Um pouco — ele admitiu, soltando um suspiro. — É estranho. Eu me preparei tanto para esse momento, mas agora que está tão perto, parece... surreal.

— Você vai arrasar — disse com convicção, segurando sua mão. — Todo esse esforço, essas semanas de treino... você está pronto. E eu estarei lá, torcendo por você, como sempre.

Ele olhou para mim, e por um breve momento, seus olhos se suavizaram. Era como se, por mais que o peso do jogo estivesse sobre ele, minha presença ainda fosse um ponto de calmaria em meio à tempestade.

Victor— Só espero conseguir focar no que importa amanhã. Às vezes, é difícil desligar de tudo. Sabe? A pressão, a torcida... — Ele balançou a cabeça, como se tentasse afastar as preocupações.

— Ei — segurei seu rosto, fazendo-o olhar diretamente para mim. — Amanhã, você só precisa ser o Victor que você sempre foi. O cara que se dedica em cada treino, que sabe o que está fazendo. Você já ganhou só por chegar até aqui. Não se esqueça disso.

Ele sorriu, dessa vez um sorriso mais genuíno, e me puxou para um abraço apertado.

Victor— O que seria de mim sem você, hein?

— Não vamos descobrir — brinquei, tentando aliviar o clima.

Ele terminou o café, e logo em seguida se arrumou para o treino.

Victor— Te vejo mais tarde — disse, antes de desaparecer pelo corredor.

Assim que ele saiu, o silêncio da casa caiu sobre mim como um lembrete de que, apesar de toda a minha confiança em Victor, eu também estava nervosa.
Não apenas pelo jogo, mas por tudo o que ele representava.

A carreira dele estava no auge, e com isso, os olhares sobre nós também aumentavam.

Eu sabia que os comentários e as críticas só se intensificariam conforme a visibilidade dele crescia. E, para ser honesta, eu ainda estava aprendendo a lidar com isso.

Passei o resto do dia tentando me distrair. Fiz algumas edições em vídeos que precisava postar, arrumei a casal...

Sabia que, no momento em que fosse vista ao lado de Victor, os comentários na internet recomeçariam. E dessa vez, em uma escala ainda maior.

Mais tarde, já perto do fim da tarde, recebi uma mensagem de Tainá.

"Babi, tá preparada para amanhã? Já escolheu o look de namorada de jogador em final?"

Ri sozinha ao ler a mensagem. Tainá sempre conseguia me tirar um sorriso.

"Ainda estou decidindo. Mas acho que vai ser algo bem discreto. Menos é mais, né?" — respondi.

"Menos é mais? Amiga, você tem que arrasar! Todas as câmeras vão estar em você!"

Suspirei. Era disso que eu tinha medo.

"Pois é. Justamente por isso quero ser mais discreta."

"Entendo, amiga. Mas você tem que ir linda! Deixa que os comentários a gente lida depois. Vai lá e mostra o quanto você está com ele."

A conversa com Tainá me deixou pensativa. Ela tinha razão. Eu queria estar lá por Victor, mostrar meu apoio, mas, ao mesmo tempo, a ideia de estar sob os holofotes me assustava.

No entanto, essa final era um momento importante não só para ele, mas para nós dois. Eu precisava estar ao lado dele, independente de qualquer coisa.

Ao cair da noite, Victor voltou para casa, visivelmente exausto, mas com um brilho nos olhos. O treino tinha sido bom, e a confiança nele parecia ter voltado.

— Como foi? — perguntei enquanto ele tirava os tênis.

Victor— Melhor do que eu esperava. Estamos prontos. — Ele se aproximou e me puxou para o sofá. — E você? Tudo bem por aqui?

Assenti, deitando a cabeça em seu ombro.

— Eu estava pensando em amanhã... — comecei.

Victor— Vai ser incrível. Eu só quero ver você lá na arquibancada torcendo por mim. Quero que no meio do jogo, quando eu fizer um gol, e olhar para arquibancada, posso ver você lá.

— Hum, então quer dizer que você vai fazer um gol? Tem certeza? — brinquei. Quero provocar um pouquinho.

Victor— Você sabe sim. — ele sorriu e veio para cima de mim. — e ele vai pra você. — sussurrou próximo ao meu ouvido,e em seguida deixou um beijo atrás da minha orelha.

Todos os pelos do meu corpo arrepiaram.

𝐎 𝐜𝐚𝐦𝐢𝐬𝐚 𝟒Onde histórias criam vida. Descubra agora