Oitavo

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A tensão entre Alfonso e Anahí estava prestes a atingir seu ápice naquele fim de semana em Palm Springs. Eles haviam compartilhado momentos intensos desde que chegaram à casa de praia, mas agora o peso do segredo de Anahí era insuportável.

O dia havia sido tranquilo. Alfonso saíra para fazer compras, enquanto Anahí ficara sozinha, tentando organizar seus pensamentos. Quando abriu a mala e viu a arma, sentiu uma onda de angústia. Ela sabia que não poderia levar adiante o plano. Tudo o que ela sentia por Alfonso tornava aquilo impossível.

Alfonso colocou as sacolas sobre a bancada da cozinha e começou a retirar os ingredientes com um sorriso no rosto. Ele pegou uma garrafa de vinho tinto, abriu-a com facilidade e serviu duas taças, entregando uma para Anahí, que observava em silêncio. Ele não parecia perceber a tensão crescente dentro dela, distraído com a leveza do momento.

— Um brinde ao fim de semana! — disse Alfonso, erguendo sua taça. — Que seja memorável.

Anahí forçou um sorriso e brindou com ele, os copos tilintando suavemente. Ela tomou um gole generoso, na esperança de que o vinho a acalmasse, mas os pensamentos tumultuados continuavam a ecoar em sua mente. Alfonso, por outro lado, estava animado, movimentando-se pela cozinha com desenvoltura.

— Você vai adorar o que eu comprei para o jantar. Vamos fazer massa caseira com molho de tomate fresco. Achei até manjericão da melhor qualidade! — Ele gesticulou para os ingredientes com entusiasmo, e Anahí não pôde deixar de sorrir, mesmo que brevemente, diante da energia dele.

— Parece delicioso, — ela disse, tentando se concentrar no momento, mas a voz saiu com uma leve hesitação, que Alfonso não notou.

Eles começaram a preparar a massa juntos. Alfonso rolava a massa sobre a bancada enquanto Anahí o ajudava, seus dedos levemente roçando os dele a cada movimento. A química entre eles estava viva em cada toque e em cada troca de olhares. Alfonso, despreocupado, comentou enquanto trabalhava:

— Sabe, eu acho que nunca estive tão relaxado quanto agora. Ficar aqui, longe de tudo, com você... me faz esquecer qualquer problema.

Anahí mordeu o lábio, o peso do segredo se tornando ainda mais insuportável com cada palavra dele. Ela sorriu, mas dessa vez, seu sorriso não chegou aos olhos.

— É... também gosto de estar aqui com você, — ela disse, sua voz suave, mas interiormente lutando para manter a compostura.

Enquanto Alfonso continuava a falar sobre planos para o resto do fim de semana, Anahí se afastou um pouco e se aproximou da bancada, pegando a taça de vinho e tomando outro gole. Ela sentia que precisava de mais coragem, mas o medo de revelar tudo a paralisava.

— Jessie? — chamou Alfonso de repente, com um sorriso brincalhão no rosto. — No que você está pensando? Está tão distante...

Ela se virou para ele, forçando um sorriso de volta.

— Ah, nada demais, só estava... perdida nos meus pensamentos, — respondeu, tomando mais um gole de vinho para tentar esconder a ansiedade.

Alfonso parou de preparar a comida por um momento e se aproximou, envolveu-a pela cintura e deu um beijo suave em sua testa.

— Bom, seja lá o que for, espero que não seja nada que te preocupe. Quero que aproveitemos esse tempo juntos. — Ele lhe deu um sorriso caloroso, e Anahí sentiu uma pontada de dor ao perceber o quanto estava machucando alguém que agora significava tanto para ela.

— Eu também quero isso, — ela sussurrou, sem conseguir encará-lo diretamente. Ela sabia que estava prestes a explodir, que não conseguiria manter a fachada por muito mais tempo.

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