Princípio

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- Eu já disse que não sei, tá legal? - Anahí respondeu ríspida, mordiscando a unha do anelar direito. Os dedos cheiravam a nicotina, e o ir e vir frenético da mão esquerda sobre a meia arrastão que vestia denunciava que ela começava a ficar irritada.

- Eu vou pedir pela última vez senhorita, o que fazia na casa do Senhor Herrera, na noite em que ele fora assassinado? - Herrera? Assassinado? Só podia ser uma brincadeira de muito mal gosto. 

Ela o vira a quinze minutos atrás comendo muffins e bebendo chocolate quente com a vadia ruiva de peitos fartos que trabalhava no clube concorrente ao do seu pai, na esquina com a 5th. Dulce Maria. O nome tilintou na sua mente como uma colher em uma xícara de café quente. 

Como odiava Dulce Maria.

- Será que pode repetir o que acabou de dizer? - pediu novamente, estreitando-se sobre a cadeira. Alfonso havia triturado seu coração a poucos minutos e agora estava morto? Era no mínimo curioso.

- Sobre Herrera estar morto ou sobre - ela o interrompeu. 

Riria se a situação fosse outra. Era ela quem devia mata-lo. Mason jamais interferiria nisso, disso ela estava certa.

- Eu não estou entendendo - murmurou confusa. Na verdade, ali naquela sala quente e impessoal, tudo cheirava a confusão.

- Nós já sabemos que tinha ordens expressas para matá-lo Anahí.

- Mas não o o fiz.

- Como é que é? - o Delegado Ian a encarou com o cenho franzido, diante da simplicidade  com que a mulher a sua frente delatava aquela informação.

- Eu não o matei, simples. Não fui capaz de fazê-lo. Alfonso me ludibriou - explicou com um meio riso irônico, completamente amargurada -Me deixei levar e agora querem acabar comigo. Se eu o tivesse matado, juro por Deus que estaria orgulhosa de mim mesma agora.

Ian esmurrou a mesa, deixando Anahí assustada. Herrera havia escapado outra vez, logo agora que ele e o agente De La Parra estavam prestes a pôr as mãos nele. Ela compreendia muito bem o que acontecia. Iam queria Alfonso , e bem, ela queria Dulce Maria. 

Queria a cabeça daquela maldita trapaceira em uma bandeja de prata.

- Eu tenho uma proposta.

Anahí o olhou resignada incontáveis vezes. Até decidir falar, curiosa.

- Do que é que você está falando?

- Eu mando limpar sua ficha, esqueço o estelionato, faço retirarem do seu histórico até do assalto a banco, mas você - apontou pra ela - Você me trás o Herrera.

- Simples assim? - indagou, incerta. A proposta era tentadora e ela não tinha nada, absolutamente nada a perder. Alfonso era um babaca maldito. Era do que Anahí tentava se convencer.

- Como dois e dois são quatro.

- Temos um acordo - ela estendeu a mão, recebendo a dele que lhe apertava com firmeza.

- É sempre uma honra fazer negócios com a senhorita - acendeu um charuto cubano enquanto via a silhueta de Anahí sumir pelo corredor escuro.

Eles tinham um trato, e sem dúvida alguma ela não mediria esforços para fazer com que Alfonso Herrera pagasse todo o mal que havia lhe causado. Disso Ian tinha plena e total certeza.


Da mesma autora de "Paraíso Proibido".

Vem ai, Honey: Um clube de elite sensual onde não existem limites na busca por prazer.




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