Capítulo IX

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GABRIELA GUIMARÃES.

Gabi nunca pensou que, de todas as inúmeras dificuldades em se declarar para alguém, a parte mais tortuosa para ela seria esperar.

Durante os últimos dias, ela percebia o olhar nublado e confuso nos olhos de Naemi, ou a maneira que suas mãos se erguiam para tocá-la e se estendiam no ar, paradas. Gabi poderia estar alucinando e desenhando detalhes entre linhas inexistentes, mas mesmo assim, a mulher tinha uma certa esperança de que, no fundo, Naemi também queria. Ela só precisava esperar.

E o quão difícil isso foi. Afinal, Gabriela já havia esperado por tanto tempo que poucos dias ou semanas foram suficientes para mexer com a sua cabeça de um modo que ninguém conseguira antes. Mas era necessário, ela se lembrava. Deixá-la decidir era necessário.

Então, ela a deu espaço.

Se manteve distante por um tempo; o suficiente para admirá-la de longe sempre que pôde. A elogiava em quadra como capitã, mas evitava tocar ou olhá-la muito como Gabriela. Passou a lanchar mais com as outras garotas e a treinar com Thaísa durante os intervalos sempre que podia.

— Ela te respondeu? — a loira de repente a perguntou durante um treinamento, e pega de surpresa, Gabi perdeu a recepção da bola. Thaísa sorriu satisfeita.

Frustrada, ela ergueu a aba da própria camisa, enxugando o suor do rosto. — Não.

A mulher a encarou com um olhar penoso, como se soubesse de toda a aflição que Gabi estivesse passando. E talvez, ela realmente soubesse. Afinal, a capitã tinha um certo problema em guardar frustrações, fora que todas as outras jogadoras pareciam conseguir lê-la até bem demais.

— Isso não vai te atrapalhar, Gabi? — ela disse após a jogadora perder mais outra jogada. Em resposta, ela bufou fraco.

— Relaxa. Já enfrentei coisa pior que isso. — ela soltou em um humor ácido, mesmo que seus olhos estivessem sérios e seu maxilar trincado. Ela bateu na bola com mais força, assistindo a maneira em que ela chicoteou o chão num estrondo.

— Gabi... — Thaísa a cortou, pegando a bola. Quando parecia querer falar alguma coisa importante, porém, seus olhos se desviaram para algo atrás dela. Ou alguém, mais especificamente.

Ah, Gabriela pensou ao ver quem era, Sheila.

Por algum motivo, desde os dias no fatídico hotel da Turquia, Sheila tem estado por perto até mais que o necessário. Seja conversando com funcionários pelos cantos da quadra, seja permanecendo no refeitório após terminar a comida, e pelos olhares que recebia, Sheila certamente queria conversar com ela. Gabriela não queria saber o motivo, e assim que podia, se esquivava. Já tinha problemas o suficiente para lidar.

— Eu vou manter a minha distância, de qualquer jeito. Dando certo ou não. — Gabi voltou ao assunto, ignorando completamente a mulher atrás de si. Ela parecia estar conversando com alguém novamente. — Nada é forte o suficiente para me distrair do jogo. Não se preocupe.

Assim, o assunto se encerrou. Assim, Gabriela prometeu; não se deixaria levar. Se manteria distante o suficiente de Naemi.

Bom, pelo menos até o dia do jogo.

Quando a esperada data chegou, Gabriela havia percebido desde o início, como sempre havia notado antes. Tanto por ser a capitã quanto por ter seus olhos colados em Naemi quase que o tempo inteiro. Foi fácil notar a tensão palpável em seus ombros, ou a maneira em que ela disfarçava a própria ansiedade por trás de risadas forçadas. Se Gabriela pudesse, ela a mostraria o quão boa Naemi era através de seus olhos.

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⏰ Última atualização: Sep 26 ⏰

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O ódio está no ar | Gabi GuimarãesOnde histórias criam vida. Descubra agora