Capítulo VII

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Por um momento, um silêncio desconfortável se instalou no cômodo.

Incerta, Naemi iniciou. — Você tem—

Certeza de que é esse o quarto? — Gabi a cortou de forma igualmente incrédula. — Tenho.

— Bom, vai ver ela confundiu e...

— Naemi.

Elas se olharam. Gabi ergueu suas sobrancelhas, e Naemi pôde notar o claro olhar de "é sério isso?" escrito em seus olhos.

— Eu vou tomar um banho.

— Você já não tomou?

Entrando no pequeno banheiro que havia ali, Naemi exclamou. — Eu vou tomar outro!

Ao entrar, rapidamente trancou a porta e escorou as costas contra a madeira, desesperada. Puta merda.

Agora que estava sozinha, pôde notar o quão forte o seu coração batia contra o peito. Talvez, se ela tomasse um banho extremamente quente, Naemi pudesse se esquecer disso e se acalmar um pouco. Talvez.

Por isso, não hesitou em se despir e entrar no box do banheiro simples, desesperada por uma água quente sobre seus músculos tensos. Porém, de tão sortuda que era, ao finalmente ligar o chuveiro, faltou gritar ao sentir a água fria perfurar a sua pele em gotas pesadas.

— Que merda!

Como um gato após ser jogado numa banheira, Naemi tentou escapar dali o mais rápido possível. Sem a maioria dos seus produtos ali, ela se virou com os que a hospedagem havia oferecido. Secou o corpo numa velocidade até impressionante, e ao se encontrar totalmente vestida, levou os olhos para o próprio reflexo do espelho, imediatamente suspirando com o que viu.

Qualquer um perceberia a tensão palpável de seus ombros, ou o desespero escrito em seus olhos. Naemi não conseguia esconder o que sentia por trás de panos finos, muito menos no frio. Ao sair, do outro lado daquela porta, teria que enfrentar o problema ali. Uma só cama.

Respirou fundo, e como sempre, abriu a porta sem pensar muito sobre o que sentia.

— A água é fria. Não tem água quente. — disse logo após sair, vestida e ao contrário do que pensou, nada calma.

Gabriela estava sentada na beira da cama, com os cotovelos apoiados em seu colo. De maneira falha, Naemi tentou conter os seus olhos de tomarem vida própria e focarem nas coxas musculosas e desnudas da mulher à sua frente, mas quando se deu conta, seu próprio corpo havia desobedecido seu pedido.

— Eu durmo no sofá se... Isso te incomodar.

Naemi subiu os olhos para o rosto da mulher, envergonhada ao perceber que não havia entendido nada do que disse anteriormente. — O quê?

— Eu durmo no sofá e você na cama. — ela se levantou, e para o terror de Naemi, se aproximou. — Tudo bem?

Então, com a mulher próxima demais de si, Naemi desviou os olhos para o sofá em questão. Era marrom, pequeno e aparentemente desconfortável. De imediato, uma careta surgiu em seu rosto. Além de ser incapaz de suportar uma mulher em seus aproximados 1,80, dormir naquilo durante um frio parecia terrível.

Naemi voltou os olhos à mulher, percebendo que esta já a encarava. — Você ronca?

Confusa, a mulher franziu o cenho. — Não...?

— Você se debate enquanto dorme?

— Não.

— Você faz os outros de travesseiro?

O ódio está no ar | Gabi GuimarãesOnde histórias criam vida. Descubra agora