Capítulo 03 - Pedro: O Dia do Café

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Cheguei no trabalho mais cedo do que de costume, o que pra mim já era um grande feito

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Cheguei no trabalho mais cedo do que de costume, o que pra mim já era um grande feito. O prédio da empresa, todo modernoso e cheio de vidros espelhados, parecia olhar pra mim com um certo desprezo, como se soubesse que meu dia ia ser um desastre. Entrei com o crachá pendurado no pescoço, já meio torto, como sempre. Quando o elevador abriu, fui direto pra minha mesa. Nada de e-mails urgentes, pelo menos por enquanto. Respirei aliviado.

Mas, claro, essa paz não duraria muito. Nem deu tempo de dar o primeiro gole no café — que, por algum milagre, ainda não tinha derramado — quando o telefone começou a tocar. Não era qualquer ligação. Era da central de atendimento. A central de atendimento.

"Pedro, a gente tá com um problemão aqui. Um dos atendentes derrubou café no teclado, e o sistema caiu. Precisa vir aqui agora."

Café. No teclado. De novo. Eu sabia que o dia estava bom demais pra ser verdade. Peguei minhas ferramentas, joguei tudo na mochila e desci voando pro andar onde fica a central. A sensação de que eu estava prestes a entrar numa guerra era real. A única diferença é que, no meu caso, as armas são cabos USB e chaves de fenda.

Quando cheguei lá, a cena era digna de filme de desastre. Vários atendentes com cara de pânico, teclados empilhados como se fossem vítimas de uma batalha, e o ar cheirava a café queimado. "Tá de sacanagem", pensei. Como é que conseguem derrubar café num teclado que nem fica tão perto da mesa? Eu sabia que a resposta não importava, o que importava era que eu precisava arrumar a bagunça. E rápido.

Comecei a desmontar o teclado encharcado, e enquanto eu tentava salvar o pobre coitado, alguém me chamou para ver outro problema. "Pedro, o sistema caiu! E tem um cliente na linha há 20 minutos!" Claro, porque quando uma coisa dá errado, é sinal verde pro universo jogar mais problemas no colo da gente. Passei as próximas horas pulando de um lado pro outro, tentando não apenas arrumar os teclados, mas também reiniciar o sistema, trocar cabos, reiniciar roteadores, tudo ao mesmo tempo.

Não era só o café no teclado que tinha causado o caos. Como era de se esperar, o sistema inteiro resolveu pifar no mesmo dia. E eu, sendo o cara de TI, tinha que ser o "herói" do momento. Herói de quê, eu não sei, porque me senti mais como um bombeiro apagando incêndios.

O dia passou voando, mas eu mal percebi. Quando olhei pro relógio, já eram seis da tarde. Eu não tinha almoçado, minha camiseta estava cheia de manchas de café — que nem era meu — e meu cabelo estava mais bagunçado do que quando eu saí de casa. Por fim, consegui fazer o sistema voltar a funcionar, troquei os teclados danificados e até limpei um mouse que tava pegajoso de tanto café.

Sentei na minha mesa, exausto, pensando que o dia finalmente ia acabar. Foi aí que ouvi a voz da supervisora da central: "Pedro, a gente tá com outro probleminha...".

"

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Amor sem igual  -Volume 01Onde histórias criam vida. Descubra agora