Capítulo 08: O Encontro Inesperado

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Avenida

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Avenida. Um cenário que costumava ser familiar, mas que agora se sentia como uma armadilha. O sol brilhava intensamente, refletindo nas vitrines das lojas e nas janelas dos carros luxuosos que passavam. Mas a luz que antes trazia calor agora parecia apenas um lembrete do quão longe eu estava do que uma vez considerei normal. Eu deveria estar a caminho da empresa, mas o que deveria ser uma simples pedalada se transformou em um pesadelo. A Porsche de Patrícia — sim, Patrícia Marques — havia me atingido.

A minha fiel escudeira, minha bicicleta, estava ali, esmagada no lixo, um símbolo da minha desgraça. Eu sempre a considerei mais do que apenas um meio de transporte; ela era minha companheira, a única que nunca me decepcionou. Agora, com o joelho ardendo e a raiva fervendo dentro de mim, eu só conseguia pensar no quanto aquilo era injusto. Não era apenas uma bicicleta; era uma parte de mim que havia sido destruída.

E então eu a vi. Patrícia. Com seu cabelo loiro, seus olhos claros, e a mesma postura altiva que sempre teve. Um misto de nostalgia e frustração me invadiu. Como ela podia parecer tão despretensiosa, mesmo em um momento como aquele? Ela se aproximou, e por um instante, o mundo ao meu redor desapareceu. O trânsito, o caos, tudo se tornou secundário.

"Está tudo bem?" ela perguntou, seu tom casual como se eu estivesse apenas levando um tombo na calçada.

"Tá tudo bem, Patrícia," respondi, tentando esconder a dor. Ela não parecia nem um pouco preocupada com a situação. E, como se estivesse conversando com alguém desprezível, virou as costas e saiu, como se nada tivesse acontecido.

Foi como uma facada. O olhar que trocamos — se é que podemos chamar de olhar — foi rápido, mas para mim, significava tudo. Uma mistura de raiva, dor e um desejo desesperado de que as coisas fossem diferentes. Mas ali estava eu, com meu joelho ardendo, lembrando-me de cada risada compartilhada, cada momento em que o passado dela havia sido parte da minha vida. E agora, ela simplesmente desaparecia na multidão, enquanto eu permanecia ali, impotente.

Com a cabeça baixa, comecei a andar, arrastando os pés, a mente cheia de pensamentos confusos. O caminho até a empresa era de apenas dois quilômetros, mas cada passo parecia mais pesado que o anterior. Não queria me atrasar; a ideia de enfrentar minha supervisora me fazendo perguntas sobre onde estive já era o suficiente para me deixar ansioso. O último que eu precisava era de mais problemas.

A vida às vezes parece uma piada cruel. Patrícia, a mulher que nunca deu atenção a mim, agora era o centro de todas as minhas frustrações. E ali estava eu, um nerd apaixonado por uma patricinha, pensando no que poderia ter sido, enquanto as luzes da cidade piscavam em meu campo de visão. A pergunta se repetia na minha cabeça: será que algum dia ela realmente enxergaria quem eu sou?

 A pergunta se repetia na minha cabeça: será que algum dia ela realmente enxergaria quem eu sou?

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