Sinopse:
Patrícia, uma mulher que leva uma vida de luxo e excessos, se vê forçada a se adaptar a uma nova realidade como funcionária CLT para agradar sua melhor amiga, Marcela. Desafiada a se encaixar em um mundo que não é seu, Patrícia enfrenta uma...
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Espero que esteja bem, penso, enquanto estaciono apressada e saio do carro, ainda um pouco atordoada. Pedro, logo ele, foi a vítima. Eu o reencontrei depois de tantos anos, e mal tivemos tempo de trocar algumas palavras antes do desastre. Ele estava ali, parado, e de repente, bum, meu Porsche — que eu dirigi com a confiança de sempre — foi o causador do caos. Deus sabe o quanto eu queria que isso não tivesse acontecido.
Tudo que está ruim pode piorar, como dizia minha amada vó. Que Deus a tenha. E, claro, hoje parecia ser um desses dias onde cada segundo traz um novo desastre. O pior de tudo é que não consigo me livrar da sensação de que as coisas vão desandar ainda mais.
Chego atrasada ao escritório, mantendo a postura, apesar do meu mundo estar desmoronando por dentro. Como se não bastasse todo o drama envolvendo Pedro e o acidente, ainda tive que lidar com a audácia das pessoas de classe inferior. Sim, de classe inferior! Acredita que algumas delas me chamaram para tomar café na cantina? Na cantina! Eu, Patricia Marques, ex-mulher do maior investidor do mundo, uma socialite conhecida em todos os círculos importantes, sendo convidada para me enturmar com esse tipo de gente. É de rir.
Obviamente, minha resposta foi curta e direta. "Claro que não", disse com toda a calma do mundo, mas com a frieza necessária para que essas pessoas ignorantes entendessem de uma vez por todas o lugar delas. Ignorante, sim, porque alguém que ousa pensar que eu iria me misturar com elas só pode ser.
E como se isso não fosse o suficiente para azedar meu humor, fui obrigada a passar no RH para pegar meu novo uniforme. Um uniforme! Minha vida está uma merda, e o dia ainda nem começou direito. Eu, que já fui o centro de festas luxuosas, que já ocupei as melhores mesas em restaurantes estrelados, agora me vejo descendo ladeira abaixo, como se tudo o que conquistei estivesse se esvaindo entre os dedos.
Minha avó tinha razão. Tudo sempre pode piorar.
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