Capítulo 04 - À Beira do Colapso

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Minha cabeça latejava, e o som dos papéis amassados na minha mesa só aumentava a angústia dentro de mim

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Minha cabeça latejava, e o som dos papéis amassados na minha mesa só aumentava a angústia dentro de mim. Eu estava afundando, e cada carta que eu abria parecia ser mais um tijolo no muro que estava me aprisionando. Avisos de pagamento, contas atrasadas, e o saldo da minha "fortuna" reservada, o que restava da minha glória passada, minguava a cada dia. Eu sempre pensei que essa fase seria temporária, mas agora... parecia que ela estava prestes a se tornar permanente.

O que mais doía não era o fato de estar sem dinheiro, mas sim o orgulho ferido. Como alguém como eu, Patrícia Marques, que sempre teve tudo à disposição, podia estar à beira de ser despejada do meu próprio apartamento de luxo? Eles estavam fazendo uma votação, uma votação para me retirar do prédio. Minha presença, diziam, estava se tornando um "incômodo". Um incômodo! Logo eu, que já fui a inveja de todos naquele lugar.

A cada olhar de desprezo dos vizinhos, cada cochicho quando eu passava, meu sangue fervia. Mas por dentro, eu sabia que estava desesperada. O dinheiro estava acabando, e eu já não tinha mais para onde correr. Restava uma última carta para jogar. Marcela.

Eu precisava de ajuda. E quem melhor para isso do que a minha melhor amiga? Ela era rápida, prática e, acima de tudo, tinha uma estabilidade que eu invejava silenciosamente. Talvez, se eu conseguisse convencê-la a me ajudar, eu teria mais tempo para pensar em uma solução.

Decidi ir até a empresa dela, tentar conversar. No caminho, repassei na minha cabeça as palavras certas para fazer Marcela entender a gravidade da situação. Eu precisava soar vulnerável, mas não fraca. Não podia deixar transparecer o quanto eu estava perdida.

Ao chegar na empresa, o caos parecia ter tomado conta. As pessoas corriam de um lado para o outro, vozes altas ecoavam pelos corredores, e o som constante de telefones tocando me deixava ainda mais ansiosa. Algo estava errado ali. Percebi que uma fila se formava na recepção, todos reclamando sobre a queda de sistema. Ninguém me deu atenção quando entrei, e a irritação que já estava borbulhando dentro de mim começou a transbordar.

— Isso aqui é um absurdo! — minha voz saiu antes mesmo que eu percebesse. — Eu não vou ficar esperando por mais tempo.

Eu não sabia com quem estava falando, mas a minha paciência tinha chegado ao limite. A recepcionista, uma garota magra de rosto pálido, olhou para mim com os olhos arregalados, claramente sem saber o que fazer. Eu bati a mão no balcão, sentindo o sangue ferver em cada célula do meu corpo.

— Vocês têm noção de quem eu sou? — continuei, como se isso fosse resolver alguma coisa. — Eu exijo ser atendida agora!

Minha mente estava uma bagunça. O orgulho que ainda existia em mim lutava com a realidade brutal que me cercava. As contas, as cartas de cobrança, a votação no prédio... Tudo isso pesava como uma âncora no meu peito. E ali, naquele instante, eu só queria um pouco de controle, uma sensação de que eu ainda tinha poder sobre alguma coisa. Qualquer coisa.

— Senhora, o sistema caiu, e estamos tentando resolver — a recepcionista murmurou, claramente assustada com o meu tom.

— Tentar não é o suficiente! — vociferei. — Estou cansada de ser tratada como se eu fosse uma qualquer!

A sala ao meu redor parecia sufocante, e as paredes pareciam se fechar. Meu mundo, que antes era cheio de festas e luxo, agora estava desmoronando diante dos meus olhos, e o que restava era esse pânico constante de não saber o que fazer a seguir.

— Eu preciso falar com Marcela — eu disse, minha voz mais baixa, mas ainda com um tom de urgência. — Agora. Ela precisa saber que estou aqui.

A garota assentiu nervosa e fez uma ligação rápida, mas naquele momento eu já estava à beira do colapso. Não era só a situação na empresa que me irritava. Era tudo. Era a vida que estava desmoronando. Eu estava perdendo o controle, e essa sensação era insuportável.

Enquanto esperava por Marcela, encostei-me no balcão, respirando pesadamente. Talvez ela pudesse me salvar de mais essa.

 Talvez ela pudesse me salvar de mais essa

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Amor sem igual  -Volume 01Onde histórias criam vida. Descubra agora