Yes... I remember!

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                    Sunisa ainda se lembrava da primeira vez que levou um garoto para casa. Era um amigo na escola – quando ainda estudava – que estava lhe ajudando com o trabalho de ciências e os dois estavam ali para terminá-lo. John, seu pai, foi muito gentil. Naquela época, ele ainda podia caminhar e, como era de seu feitio, preparou sanduíches de pasta de amendoim e leite para os dois. Lembrava de que os dois se divertiam bastante enquanto faziam aquele trabalho, falando sobre assuntos completamente aleatórios; lembrava-se também do tema do trabalho: astronomia. Os dois estavam montando uma maquete sobre o Sistema Solar e estavam prontos para falar sobre a órbita de cada um dos oito planetas ali e explicar o porquê de Plutão não ser mais considerado um planeta. Porém... Era bem óbvio que a calmaria do momento foi quebrada no momento em sua mãe chegou. Lembrava-se claramente do diálogo que teve com ela. Como sempre, foi um dos piores.

                   "– Como você ousa trazer um garoto para casa, Sunisa? – Yeev havia levado a filha até a cozinha e segurava-lhe o braço com força, assustando-a.

– Mamãe... – Sunisa não conseguiu responder de imediato por causa do susto. – Ele... Ele é apenas o meu colega da escola...

– Você conhece muito bem as regras desta casa e sabe que elas não se discutem. Como ousa me desobedecer? Huh?

– Mas... Mas o...

– Mas o quê? – Yeev ficou ainda mais irritada. – Fala logo, sua imprestável!

– O papai deixou... – Sunisa respondeu, com a voz um pouco chorosa, ao receber um puxão no braço. Tentava ao máximo não chorar ali ou emitir algum barulho que pudesse alertar os outros na sala. – Ele...

– O seu pai não manda nessa casa. Já esqueceu?

– Não... Eu apenas...

                      A jovem tentou argumentar, mas o aperto em seu braço estava ficando mais desconfortável.

– O que está acontecendo aqui? – John adentrou o cômodo. – O que está fazendo com a menina, Yeev?

                    Sunisa sentiu o aperto da mãe em seu braço se desfazer e, respirando fundo para suprimir o choro, virou-se para ele. Era sempre um alívio vê-lo naquelas horas, pois John sempre lhe livrava de um castigo aterrorizante, era o seu protetor.

– Você autorizou que ela trouxesse um garoto para dentro de casa? – A fúria da mulher se voltou para o marido. – Como foi capaz de fazer isso, John? Que tipo de pai é você?

– Por que você está falando assim? – O Senhor Lee ficou confuso. Nunca tinha visto a esposa tão agitada daquela maneira por um motivo que lhe parecia tão banal.

– Não acredito que foi capaz de fazer isso, John! Fica incentivando os desmandos dessa garota! O que pensa que está ensinando a ela? Huh?

– Yeev... Primeiro de tudo... Você precisa se acalmar e abaixar o tom, ok? Segundo: o rapaz é colega de turma da Suni e os dois estão terminando um trabalho para apresentarem.

– É mesmo? E quanto tempo acha que vai demorar para que essa sem vergonha nos apareça com mais uma dúzia de rapazes dentro dessa casa? Você não pensa nas consequências da sua fraqueza! E quando essa... Essa imprestável me aparecer com um filho dentro da barriga? Huh? – A mãe estava irredutível.

– Você está ouvindo os absurdos que está dizendo, mulher? – John rebateu. – Está passando dos limites, Yeev. – A paciência dele parecia se esvair. – A Suni está apenas terminando um trabalho com o colega. Não tem por que fazer uma tempestade num copo d'água. Não está acontecendo nada demais.

Podium and Fire - Kiss Me Like You Mean it.Onde histórias criam vida. Descubra agora