Eles perderam para o Aoba Johsai.
Faz algumas horas. Todos já comeram, choraram e foram para casa, mas Kageyama ainda está aqui. Praticando vôlei no parque às duas da manhã.
A bola já tem visíveis marcas dos seus dedos, que estão lisos e dormentes, mas ele não para de levantar.
Tudo é silencioso, com exceção dos grilos e o ruído da ventania de madrugada. Está muito, muito frio, porém Kageyama tem um bom moletom e está se exercitando. Tecnicamente, ele deveria estar quente.
Mas acontece que Tobio lembra da partida. Do rosto de Oikawa através da rede. Da sensação de cair derrotado no chão ouvindo o outro time comemorar. De se sentir um fracasso completo.
Então houve Hinata gritando com ele, agarrando a gola da sua camisa com ódio. O rosto que Kageyama tanto gosta tinha várias linhas de raiva, confusão e tristeza que, comicamente, combinavam perfeitamente com as de Kageyama. Com lágrimas prontas para cair.
No calor do momento, com as mãos tremulantes de Shouyou tão perto, Tobio quis passar os dedos nelas na esperança de que Hinata relaxasse e voltasse a sorrir, como de costume. Mas ele apenas o deixou gritar até que se cansasse.
Hinata, apesar de ser um grande idiota, ainda é o mesmo caos derrotado que Kageyama. Com os mesmos desejos, ambições e força de vontade. Então não é tão surpreendente que os passos atrás de Tobio sejam dele, que acabou de entrar no parque e está tirando as mãos geladas dos bolsos do moletom para que Kageyama lhe lançasse a bola.
E ele lança.
Os dois ficam intercalando entre recepções e cortadas até que um caminhão passe. Comparada à luz dos postes, as luzes dos farois são vermelhas e cegantes, então Hinata pisca algumas vezes até que sua visão fique confortável. A bola cai neste meio tempo.
— Seu idiota — chama Kageyama, caminhando até ele. — O que cê tá fazendo aqui? Por que você desceu a montanha a essa hora?
Hinata se agacha para pegar a bola, depois passa reto por Kageyama.
Tobio ia gritar, claro, mas Hinata teve a boa vontade de responder.
— Vim fazer a mesma coisa que você. Não é como se eu precisasse me estender, né?
Hinata está dando passos demais, indo para longe. Sem pensar muito, Kageyama o segue.
— Fiz uma pergunta, seu ignorante. — Kageyama segue com as mãos nos bolsos. Ele não grita, nem puxa o cabelo dele. O clima não é esse.
Hinata não responde, mas senta em uma mureta, perto de uma fileira de bancos. Kageyama ainda não briga com ele, nem diz como ele é idiota por sentar num pedaço de concreto ao invés de bancos mais ou menos limpos. Ele só dá impulso e se senta ao seu lado.
Por muitos minutos, há silêncio.
Hinata está encolhido no próprio moletom, porque o calor do exercício se dissipa a cada minuto. A rajada de ar fria, pouco a pouco, queima suas narinas e balança levemente a sua franja.
— Me desculpa.
Kageyama faz contato visual na hora.
— Quê?
— O último movimento foi meu. — Ele brinca com as cordas do moletom. — Eu errei. Daí a gente perdeu.
Carrancudo, Kageyama o encara com uma pitada de raiva. Hinata está dando o mesmo discurso que saiu da boca de Kageyama há algumas horas. O engraçado é que Shouyou o repreendeu.
— Não foi sua culpa, idiota.
— Claro que foi! — Hinata vira o rosto para ele, os olhos marejados. — A bola veio pra mim, e eu não acertei!
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Borboletas Sempre Voltam (KageHina)
RomanceKageyama perdeu todas as oportunidades de dizer que o amava. Então, no casamento de Hinata, ele invade a cerimônia gritando "Eu protesto". KageHina • Long-fic • Getting back together ➞ História com playlist própria para você ouvir (link na bio) ➞ Pu...