Matcha Latte, Matche Latte

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Não vai me afetar, Kageyama repete como um mantra para si mesmo. Mas o treinador acabou de colocá-lo no banco então, caramba, ele se afetou.

Antes de Kageyama ser enxotado daquele set, o primeiro desde que os treinos do Adlers voltaram, Hoshiumi e Ushijima lhe deram olhares estranhos, às vezes desesperados no meio de um levantamento ridiculamente errado, ou daquela vez que a recepção foi tão mal feita que nem parecia que Tobio era, de fato, um atleta olímpico.

No momento em que ele se joga no banco junto de uma toalha, Kageyama não quer olhar para frente e encontrar seus colegas de time. Todo mundo tem dias bons e ruins, mas isso é um dia péssimo. Ele é indigno de contato visual e de estar naquela quadra. Afinal de contas, não importa o quanto ele se esforce ou seja bom, no fundo ele é só um fracassado.

— Tá, cê vai me explicar que porra foi aquela ou o quê? A convocação pra seleção tá quase aí, seu maluco. Não é porque você já foi pras Olimpíadas que eles não possam te cortar dessa vez! — Hoshiumi põe as mãos na cintura, apoiando o peso numa perna só e encarando-o como se Tobio fosse um prisioneiro de guerra.

Ushijima aparece por trás, o cabelo molhado pela ducha pós-treino com um semblante inquisitivo.

— Desembucha logo aí, ô Kageyama! — Korai, vendo que Kageyama não faria nada além de olhar pra baixo igual um coitado, dá um tapinha no seu braço.

Kageyama responde fraco, ainda encarando o ladrilho branco do vestiário:

— Desculpa.

— Que porra de desculpa o quê! Não tem que pedir desculpa, não! Vira homem! — Hoshiumi dá mais dois tapinhas.

De repente, da água pro vinho, Hoshiumi suspira cansado e olha ao redor.

— Vai, fala o que aconteceu. Só tá nós três aqui.

Ushijima assente e também insiste, mais formalmente, para que Kageyama o diga.

Então Tobio estufa o peito para falar:

— Eu odeio vocês.

Hoshiumi e Ushijima sorriem de canto, e é tudo que Kageyama precisa para contar. Ele diz que a razão pela qual o seu vôlei está uma merda se chama Hinata Shouyou, que marcou um café com ele hoje às quatro, e Tobio simplesmente não sabe o que fazer, vestir ou — talvez o mais importante — falar.

A compreensão banha o rosto de Korai e Ushiwaka, que ficam assustadoramente calados. Kageyama, notando o silêncio, toma coragem para levantar o queixo.

Hoshiumi encara o piso do vestiário.

— Cara... — Crispa os lábios. — Que merda, hein?

Ushijima parece que comeu uma comida salgada, porque ele olha para Kageyama com as sobrancelhas franzidas.

— E como você tá lidando com isso? — pergunta, preocupado. — A lista te ajudou?

Kageyama geme, quase arrancando o cabelo da cabeça. Foi tudo por causa daquela lista estúpida.

Hoshiumi senta no chão e balança a cabeça.

— Que merda, cara. Nem tenho o que te dizer. Quero dizer, desculpa, mas foi você que inventou de ser a porra do padrinho dele, isso ia acontecer eventualmente. Só foi mais cedo do que eu esperava.

A contragosto, Ushijima concorda.

— Bom, o jeito é ir. Se você não for vai ser estranho.

— Eu sei.

— O assunto é só o casamento mesmo, né?

— É.

— E você vai dizer mais alguma coisa pra ele?

Borboletas Sempre Voltam (KageHina)Onde histórias criam vida. Descubra agora