Capítulo 01

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Leblon, às 09:30 da manhã de uma sexta-feira...

Já estava na segunda aula do dia, anatomia era a mais legal das aulas, e eu te garanto, pra mim todas as outras são um porre, só estou aqui por que sou obrigada, meus pais são médicos, meu pai cirurgião, minha mãe pediatra, e na cabeça deles tenho que ser igual a eles e pronto.

Eu só prefiro evitar a confusão, aceitei e to aqui, já faz três anos, três anos que deixei toda a minha vontade de lado, tive que deixar o curso de dança, sair do grupo que eu participava e abandonar minhas redes sociais.

Mas o lado bom de tudo é o Caio, ele me tira da rotina, me faz sonhar, acreditar que mesmo depois de me formar, ainda posso ser tudo o que eu quiser, ele é do mesmo curso que eu e faz o que ama, ele canta, é vocalista de um grupo de pagode, e não é por ser meu namorado não, mas ele canta muito, é amoroso, e transa como ninguém.

A aula passou como um furacão, rápido demais, sai para o refeitório e fui em uma das lanchonetes, pedi um suco Detox e um lanche natural, paguei e procurei uma mesa, me sentei e em seguida Caio se sentou comigo, dei um selinho nele que retribuiu.

— Amanhã eu tenho um show, mas não sei se você vai querer ir. — Ele falou enquanto eu dava mais uma mordida no lanche, tomei um pouco de suco.

— Por que eu não iria? — Falei sem entender ele.

— Vai ser no Alemão, primeiro o pagode, depois vai ter o baile da comunidade. — Ele disse tomando um pouco do meu suco e fazendo careta.

— Não vejo nada de mais, aliás, posso levar a Rafa? — Terminei o lanche e limpei a boca.

— Pode, não vejo problema. — Ele respondeu enquanto dava beijos no meu pescoço, comecei a rir. — Vou voltar pra aula, a gente se vê daqui a pouco.

— Ta bem, vou te esperar naquele restaurante pra gente almoçar. — Falei e ele se levantou, fiquei olhando para o Caio enquanto ele saiu andando.

Me levantei e fui para a aula seguinte, minha manhã toda é assim, as vezes fico o dia todo na faculdade, mas hoje não era o caso, terminei de assistir todas as aulas e sai, fui até o restaurante que pelo horário está cheio, então precisei ficar na porta esperando por algum tempo.

A rua estava movimentada demais, e o que mais tem aqui é esses trombadinhas, eu odio essa parte do Rio de Janeiro, onde eu não posso andar pelas ruas sem ter medo de me roubarem.

Peguei meu celular e liguei para o Caio que já fazia meia hora que eu estava esperando e não apareceu, ele não me atendeu e quando fui guardar o celular senti uma mão puxar ele de mim, olhei para o homem e ele ficou me encarando.

Ficamos assim por alguns segundos, até que ele sorriu e correu para o outro lado da rua, não tive tempo nem de tentar correr atrás, ele sumiu no meio de todas as pessoas, olhei para os lados e nada.

— Qual foi cara, ta de sacanagem. — Comecei a resmungar e respirei fundo. — Que porra, ta vendo, essa merda de Cidade não tem segurança em lugar algum.

— O que foi? — Caio falou atrás de mim, me virei para olhar pra ele.

— Um idiota passou correndo e roubou meu celular, agora vou ter que comprar outro. — Resmunguei e cruzei os braços. — Que ódio.

— Calma amor, vamos lá no Shopping, você compra um novo e a gente come por lá, pode ser? — Ele segurou minha mão e me deu um beijo na testa.

— Ta bem. — Falei emburrada e ele sorriu pra mim.

Saimos dali e fomos para o shopping no carro do Caio, andamos um pouco até a loja da Iphone e comprei um novo, bloqueei o antigo e consegui recuperar todos os meus dados numa boa.

Ficamos a tarde toda no shopping, fizemos algumas compras, comemos e depois fomos ao cinema, Caio estava louco pra assistir Bad Boys e eu confesso que amei, mesmo não sendo fã de filmes de ação.

Caio me deixou em casa e meus pais não estavam, eles foram viajar já tem uma semana, resolveram tirar férias e sair do país, então a casa era só minha, mas é tão grande que eu me sinto sozinha a maior parte do tempo aqui.

Tomei um banho, coloquei meu pijama e fui para a cozinha, fiz um brigadeiro e depois fui pra sala, me sentei e coloquei na novela, fiquei assistindo a novela até sentir sono e resolver ir pra cama dormir.

A imagem do cara que me roubou não sai da minha cabeça, como pode um cara bonito daquele escolher uma vida tão fácil? Eu juro que eu não entendo, as pessoas têm escolhas, ele tinha escolha, por que ele escolheu a pior delas?

Tentei afastar esses pensamentos da cabeça, os empregados já tinham ido embora, só estava do lado de fora os seguranças, então fechei a porta e apaguei as luzes, fui para o meu quarto e me deixei na cama.

— Alexa, coloca uma música para dormir. — Falei rapidamente, ela mudou a música, senti os meus olhos pesarem e meu corpo pesar sobre a cama.

...

Acordei com o celular tocando, então  peguei o mesmo e sem nem olhar o desliguei, voltei o celular para o lugar que estava e me virei na cama tentando voltar a dormir, até que o celular voltou a tocar, peguei ele e olhei a chamada, era desconhecida.

— Alô. — Falei com a voz de sono.

— Tu é a patricinha do Iphone né? — Escutei a voz masculina do outro lado.

— Não sei, o que você quer? — Respondi sem muito interesse.

— Achei que tu pagaria bem pra ter ele de volta, mas pelo visto já ta com outro. — Ele disse com uma voz de favelado. — Papo reto em patricinha, uma foto mais linda que a outra.

— Que? — Me sentei na cama. — Você se prestou a olhar minhas fotos? Ta de sacanagem?

— Sacanagem foi o que eu pensei quando vi suas fotos de biquíni, o que é isso em. — Ele começou a rir do outro lado. — Enfim, vou vender, acho que você não vai querer mais.

Ele desligou sem nem ao menos me dar a chance de responder ele, olhei para o celular e travei a tela já com raiva, joguei ele de lado e me deitei de novo me cobrindo toda com a coberta.

Princesa no Alemão Onde histórias criam vida. Descubra agora