Capitulo 09

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Clara.

— Segura. — Yasmin me entregou a criança e se jogou nos braços do Bruno, olhei para o menino que deveria ter um ano mais ou menos.

— Para caralho, to com dor. — Ele falou e ela se levantou ainda olhando para ele e o alisando, revirei os olhos.

— Eu vou ficar aqui e cuidar de você, pode ir embora. — Ela falou pra mim e eu olhei pra criança de novo. — Me da meu filho aqui.

Ela tomou o menino da minha mão e colocou ele do outro lado da cama, fiquei olhando pra eles e então fui até a cômoda e peguei minha bolsa, peguei meu celular.

— Agora você tem alguém pra te ajudar, toma os remédios do jeito que deixei escrito aqui. — Olhei para ele enquanto falava. — Qualquer coisa pode me ligar.

— Calma ai Princesa. — Yasmin olhou pra mim e pra ele. — Vou pedir pra trazerem seu carro.

— Princesa? Qual foi Bruno? — Ela falou e começou a prender o cabelo em um coque.

— Cala a boca Yasmin. — Ele disse, sorri para ele. — Obrigada.

— Não precisa agradecer, eu que agradeço por ter me protegido. — Acenei com a mão e sai, deixei os dois que começaram a discutir no quarto.

Sai da casa e fiquei por alguns minutos esperando, até que PG trouxe meu carro de volta, ele ficou me olhando, então peguei a chave e entrei no carro o ligando e acelerei, sai da favela indo direto pra casa, o Sol ja estava começando a aparecer.

Cheguei em casa, estava tudo quieto, mas meu pai estava na sala e assim que entrei ele se levantou, já estava arrumado para sair, passei por ele que se levantou e me segurou, não tive tempo de fazer nada, quando percebi ele ja tinha me dado um tapa no rosto.

— Foi pra isso que eu te criei? — Ele perguntou e olhei pra ele, coloquei a mão no rosto. — Eu te dou tudo, e você se enfiando em favela?

— Isso não te dá o direito de me bater. — Falei puxando meu braço.

— Eu sou seu pai, se eu quiser tiro você até do país. — Ele gritou comigo. — Espero que essa seja a primeira e última vez que você vai nesse lugar, você entendeu Clara?

— Ta pai. — Respondi e ele me deu as costas.

— Mais uma coisa. — Ele voltou. — Enquanto eu estiver fora, não  quero ninguém aqui, nem seu namorado, nem seus amigos.

— Ta de sacanagem? — Falei e ele deu as costas de novo, fui atrás dele. — Pai.

— Não tem discussão Clara, chega de dar liberdade pra você. — Ele se sentou na mesa e pegou o café colocando na xícara e tomando. — Já pensou se você é baleada, se começa um tiroteio ou algo assim.

— Eu não to aqui? Não to bem? — Falei e ele pegou o celular, começou a ler as notícias nos sites como em todas as manhãs.

— Não quero saber, e pode ir se preparando, vai começar a campanha, e você vai comigo. — Ele tomou o café e eu já irritada. — Preciso ganhar votos, então enquanto eu vou nas comunidades, você vai com sua mãe nas ONGs.

— Ta de sacanagem mesmo. — Resmunguei e sai andando pro meu quarto, joguei a bolsa na cama e fui pro banheiro, tomei um banho e fechei tudo deixando meu quarto o mais escuro possível, deitei na cama e dormi.

...

Acordei com o telefone tocando, olhei para a tela e era meu pai, joguei ele de lado e me levantei, olhei para o relógio do lado da cama, ja era mais de duas da tarde, levantei e fui no banheiro, escovei os dentes e arrumei o cabelo em um coque, voltei pro quarto e coloquei um vestido de alcinha que não aperta muito no corpo.

Depois abri as janelas e deixei a luz entrar, peguei meu celular e tinham varias mensagens do meu pai, e a maioria falando sobre a campanha e onde eu tinha que ir, e a primeira ONG era de tro do Alemão, depois fala que não me quer dentro da favela. Ouvi batidas na porta e em seguida minha mãe entrou.

— Oi meu amor, já está pronta? — Olhei para minha mãe, ela estava com uma saia até os pés e uma camisa com a foto do meu pai estampada. — Vamos entregar brinquedos lá.

— Sério mãe? — Abri o armário e peguei um short preto jeans e coloquei na cama, minha mãe me entregou a camisa igual a dela. — Vamos comprar votos dentro da favela?

— É pelo seu pai Clara, não seja rude com ele. — Bufei e ela me deu um beijo na testa. — Se arruma, estou esperando você você no carro.

Ela saiu e eu troquei de roupa de novo, achei que essa palhaçada seria daqui a algumas semanas e não hoje, Deus por que?

Sai do quarto indo para o carro onde minha mãe me esperava vom o motorista e um segurança, saimos com eles e foram direto lara o morro, descemos antes da entrada e um dos meninos que ja me viu ali antes olhou para o outro e sorri.

Não demorou muito e eles liberaram a nossa entrada, subimos com mais algumas pessoas e a lider social da favela estava junto, como estavamos filmando, os meninos armados ficaram um pouco mais distantes, mas ainda estavam ali, fomos até a quadra que eu conhecia muito bem, e estava tudo organizado.

Me juntei com minha mãe e começamos a distribuir os brinquedos, levamos pula pula, piscina de bolinha e outros brinquedos para as crianças, sem contar as barracas com comidas e doces, passamos a tarde ali, até eu perceber que ele também estava lá, Rei estava em um canto, sentado me olhando.

Nos olhamos, mas logo voltei a pintar uma das crianças que me pediu para desenhar um gatinho, segundo ela queria ser a Marie, então eu fiz o meu melhor e ela saiu sorrindo quando se viu no espelho. Outro queria ser o Batman, então fiz uma máscara com a tinta preta e ele saiu sorrindo e imitando o Super Herói.

Olhei em volta e ver aquelas crianças brincando, sorrindo, acho que eu nunca vi algo assim antes, não tão perto, eles transmitiam uma paz, um conforto, nem parece que vivem da maneira que vivem, que muitos acabam com os sonhos destruídos por querer uma vida fácil.

Olhei na direção do Rei, mas ele ja não estava mais lá, okhei em volta e não o encontrei, fui até minha mãe que estava com algumas mulheres conversando.

— Vou no banheiro, ja volto. — Ela sorriu e balançou a cabeça concordando.

Princesa no Alemão Onde histórias criam vida. Descubra agora