Capítulo 06

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Clara.

— Rafa a gente podia ir no shopping. — Falei e ela resmungou.

— Amiga, ontem fiquei com um carinha lá no morro, tava querendo ir lá ver ele de novo. — Ela disse rindo. — Vamos comigo vai.

— Não sei, ontem aconteceu uma coisa. — Ela me encarou. — Se eu te contar, me promete que vai ficar só entre a gente.

— E pra quem mais eu contaria? Primeiro que eu nem a favor do Caio sou e você sabe bem disso. — Tomei um pouco do café e olhei para os lados vendo a sala vazia.

— Sabe aquele Rei, não me lembro o nome dele, aquele que se diz o Dono do Morro. — Ela balançou a cabeça enquanto comia seu bolo. — Então, foi ele que roubou me celular naquele dia, e ontem ele me comeu.

— O que? — Ela se engasgou com o bolo e começou a rir. — Garota, você deu pra um traficante?

— Calada, fala baixo. — Joguei o pano do meu colo nela. — Amiga, é sério, eu não quis dar o braço a torcer, mas puta que pariu, que homem, ele me chupou, coisa que o Caio não faz, ele me comeu de um jeito que eu nunca fui comida antes.

— Meu Deus Clara, você é maluca? — Rafa veio da favela, a mãe dela e o pai começaram o negócio próprio e conseguiram sair de lá, mas a Rafa ama aquele lugar. — Você tem ideia do que pode acontecer?

— O que de mais vai acontecer, eu só fiquei com ele. — Falei e ela negou com a cabeça. — Amiga não vai rolar mais, foi só ontem.

— Você não está entendendo Amiga, se ele por na cabeça dele que ele quer você, ele vai conseguir, seja por sua vontade ou contra ela. — Rafa falou séria. — Não sei como o Caio saiu vivo de lá.

— Para, eu em, que doideira. — Terminei o café e ela ficou me encarando. — Rafa, foi só uma vez, não vai acontecer mais, e eu deixei isso claro.

— Você precisa de ajuda. — Ela disse e tomou o café. — Enfim, eu vou lá hoje, vai ter churrasco e eu quero ver aquele gostoso do PG.

— Eu vou ver amiga, Caio tá sem falar comigo, se ele não quiser sair vou com você. — Falei terminando e limpando a boca. — Alias, vamos lá ver roupas.

Subimos para o meu quarto e ficamos a manhã toda olhando algumas roupas novas que comprei, escolhi dois looks, um pro Caio e outro se eu for no morro, deixei separado e liguei para o Caio que não me atendeu, então insisti mas nada.

Mandei mensagem e ele não olhou, comecei a achar estranho, o que a Rafa me disse sobre o Rei começou a perturbar minha cabeça, então insisti com a ligação e ele atendeu.

— Oi. — Ele disse com a voz rouca.

— Por que não atendeu? — Perguntei e ele suspirou do outro lado. — Aonde você tá?

— Eu to em casa. — Ele disse e ouvi vozes. — O pessoal tá aqui, estamos ensaiando.

— Vai fazer algo hoje? — Perguntei.

— Vou, tenho um show em Niterói, mas vai terminar tarde, não precisa você ir. — Já tem alguns finais de semana que ele fala isso pra mim.

— Todo final de semana você tá indo pra Niterói, tem semanas que você não faz show no Rio. — Reclamei e ele bufou. — Ta tudo bem Caio?

— Claro que sim amor, agora deu de desconfiar de mim? — Ele perguntou e se afastou das vozes perto dele. — É só um show, sai com a Rafa, tenho certeza que vocês duas vão curtir a noite.

— Você quem sabe. — Falei com raiva e ele ficou quieto. — Tchau.

Desliguei e Rafa estava na frente do espelho provando roupas, sentei na cama e joguei o celular, fiquei olhando pra ela, mas com uma sensação estranha, eu sei que tá acontecendo algo, mas eu passei todas as ultimas semanas tentando fingir que estava tudo bem.

— Eu acho que ele tá me traindo. — Falei e a Rafa me olhou. — Não é possível que seja só show.

— Como assim? — Ela perguntou e eu respirei fundo. — O Caio?

— É Rafa, tipo, já tem semanas que ele tá indo pra Niterói, e tipo é toda semana, ai na segunda ele some durante o dia e só vejo ele de noite quando ele me liga por chamada de vídeo.

— Deve ser coisa da sua cabeça. — Ela disse. — Você fez isso ontem, e agora tá achando que ele faz.

— Deve ser mesmo, aff. — Resmunguei e me levantei. — Vamos, temos um dia todo ainda pra curtir, vamos tomar um sol, e depois nos arrumamos.

Passamos o restinho da manhã e uma parte da tarde na piscina, meus pais chegaram e em seguida saíram de novo, eu quase não os vejo no final de semana e pra mim não faz diferença, melhor assim, quando eles estão aqui, ficam me enchendo de perguntas.

Quando estava para baixar o sol entramos e fomos nos arrumar, tomei banho e a Rafa também, coloquei um vestido um pouco mais curto e preto com abertura na barriga, Rafa também colocou um vestido preto de alcinha, nos maquiamos e dessa vez vou com meu carro.

Saimos de casa e fui para o meu carro, um dos seguranças veio ao meu encontro, e eu logo o dispensei, sai fora, vai me dedurar pro meu pai e eu não to nem com paciência.

Liguei o carro e acelerei, fui direto pro Alemão, chegamos na barricada e um dos meninos com um fuzil na mão parou do lado do meu Audi Preto e sorriu.

— Eae Patricinha, quer o que aqui? — Sorri para el educadamente.

— Avisa ao PG que a Rafaela chegou por favor. — A Rafa disse em seguida, vi ele na frente do carro, Rei se aproximou.

— Mete o pé. — Falou para o menino e se inclinou na janela. — Eae Patricinha, sentiu saudade?

— Não, estou aqui apenas acompanhando a minha amiga. — Falei virando a cara e em seguida senti a mão dele puxar meu rosto e nos encaramos. — Tira a mão de mim.

— Ontem você não falou isso quando eu tava metendo em você. — As palavras dele me fez arrepiar ao lembrar de ontem, mas bati na mão dele que começou a rir e se afastou. — Libera.

Olhei para Rafa que estava me encarando e acelerei o carro, subi o morro desviando das pessoas que não paravam de olhar e parei no mesmo lugar do dia anterior, saimos do carro e Rafa começou a falar no telefone até que alguém esbarrou em mim.

— Que porra em. — Falei em voz alta.

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