O Ritual na Bruma

Capítulo 6

No dia da prova, Anna estava muito nervosa. Ficava toda hora conferindo a inscrição, se estava com canetas, indo ao banheiro. Na sala havia vinte pessoas, não era comum ter muitos candidatos por sala. Era necessário vários preparativos, campo antimagia, retirada de componentes eletrônicos. Tinham sido inscritos mais de 3000 pessoas, distribuídas em salas como essa.

Anna era a mais nova, a maioria tinha em torno de 30 anos. Havia vários pré-requisitos para poder estar lá. Antes de poder realizar as provas eram medidas as capacidades mentais, para saber se a pessoa teria capacidade de executar pelo menos as magias mais básicas.

A prova tinha 30 questões, sendo metade de múltipla escolha. Havia questões envolvendo a execução de desenhos e símbolos arcanos, decifrar escritas, itens mágicos e criação de novas magias. Esse último item, além de ser difícil, era bem raro de cair na prova.

Anna teve muita dificuldade para responder às questões. Principalmente as que envolviam desenhos e criação de magia. Embora soubesse que não tinha ido bem, ela se agarrava à esperança de conseguir passar mesmo assim.

À noite, seus pais estavam esperando ela para jantarem juntos. Tinha preparado tudo que ela gostava. Era bem raro os três comerem juntos.

— Como foi na prova? — perguntou a mãe dela — Disseram que esse ano estava bem difícil.

— Acho que fui bem. Teve algumas questões que fiquei em dúvida, mas deve dar.

— Tudo bem se não passar — "Como assim tudo bem? É mesmo minha mãe?" — É bem raro passar de primeira. O que importa mesmo é cumprir os pré -requisitos para fazer a prova. — "Porque não me disse isso antes? Então para que mais essa etapa?"

— Eu mesmo só passei na terceira. — disse o pai. — Quando eu fiz, a prova ainda era novidade. Conseguir ter estudo arcano era bem complicado. Na verdade era mais questão de ter dinheiro e contatos para matricular do que habilidade em si.

— Há até uns 200 anos atrás, os magos escolhiam quem iria estudar. — a mãe dela tinha 457 anos — Estudar magia era praticamente passado de pai para filho. Hoje em dia está mais acessível para todos.

Anna não sabia o que dizer, tinha se esforçado bastante e agora estavam dizendo que não importa. Provavelmente não iria passar, seus pais falando que era "mais acessível"só tornava tudo mais difícil. "É, eu não sirvo para isso".

— Tem mais oportunidade — continuou a mãe — mas os critérios para entrar estão muito mais altos. Tinha muito mago da minha época que não passaria nessa prova, muito menos nós pré-requisitos. Tava falando sobre isso no trabalho outro dia. Acho que não sabem como fazer essa seleção. A maioria ainda está aprendendo com o pai ou conhecidos. Menos de um terço dos que estudam lá entraram por essa seleção. Os professores podem decidir quem vai estudar lá. Os critérios para passar em uma universidade parecem mais bem definidos do que os estudos arcanos. Faculdade além dos conhecimentos conferem um título. Magia é uma habilidade, não é como se sua bola de fogo fosse ser diferente só porque o outro tem ensino superior.

— Tem muita família tradicional que não gosta, preferiam manter a magia exclusiva para um "grupo seleto". Mas não importa, eu pedi para uma amiga ir te ensinando — disse o pai — Ela vai ensinar um outro rapaz também. Focado mais em passar no teste do que ensinar magia em si, mas vai ajudar quando começar a aprender magia. O tal rapaz não pode fazer a prova no dia. Chega de falar de prova, o que a gente quer dizer é que estamos orgulhosos de você. Nós vimos seu esforço.

— É verdade — disse a mãe. — Quando eu era jovem, não ligava para essas coisas. Eu gostei de ver seu empenho. Tava tão focada que nem quis me meter.