Brian Hunt tinha acabado de almoçar. Lavou a louça correndo antes de sair para rua, normalmente enrolava para fazer suas tarefas. Tirou do bolso uma pequena estátua de pedra, que cabia na palma da mão, no formato bicicleta e colocou o objeto no chão. Disse uma palavra e o item se tornou uma bicicleta de tamanho real. Era a primeira vez usando um item mágico.
Estava indo para a casa do seu amigo Arita. Viu o ônibus que levava para lá, mas desistiu, ele queria usar a bicicleta nova. Tinha ganhado ela de aniversário a pouco tempo, era o único item mágico que possuía. Ficou um ano inteiro sem ganhar presentes para conseguir.
Enquanto pedalava, o cabelo que estava deixando crescer ficava batendo no olho. brian dividiu o cabelo no meio e tentou botar atrás da orelha, mas não estava grande o suficiente. Uma menina tinha dito que ele ficaria bonito de cabelo grande. Não tinha interesse nessa menina em particular, mas podia ter mais sorte com outras se fosse cabeludo.
O tamanho da bicicleta se ajustava ao portador. Demorou um tempo para perceber que as marchas estavam mudando "automaticamente". Acelerou com vontade e testou os freios, parou quase que instantaneamente, mal sentindo os solavancos.
Gastou uma hora e meia para chegar lá. Na maior parte do percurso tinha ciclovia, então não tinha que disputar espaço com os carros. Parou um pouco antes de chegar e guardou a bicicleta no bolso.
Arita morava no Morro dos Canários, uma favela. Casas amontoadas sem qualquer planejamento ou infra estrutura. A maioria das pessoas que residiam lá eram de baixa renda. Porém, seu amigo morava no começo, uma região mais tranquila. Ele não falou para mãe que ia lá, porque sabia do que ela ia achar. Da ultima vez ela tinha dito:
— Não gosto que você vai para lá. Fiquei sabendo que tem harpias que sequestram crianças.
— Harpia vive em pântano, mãe. — quis falar também que não era mais criança, mas isso seria criancice
No mês anterior ela tinha implicado que tinha uma hidra, outro monstro que habitava pântanos. Na verdade, lá tinha criaturas típicas da cidade, alguns animais, elemental da sujeira, um ou outro morto vivos. Mas perigoso mesmo eram os assaltantes.
O bairro ficava literalmente em um morro. Na base as ruas eram largas o suficiente para o trânsito de carros, as casas eram rebocadas e pintadas. Indo mais para o topo, as construções ficavam mais precárias, as ruas eram apenas corredores e escadas irregulares, parecendo um labirinto. Brian nunca arriscou ir para aquela parte.
Chegando em frente a casa, já ia tocar a campainha, quando viu um Canário-imã. Sempre foi admirador de pássaros e esse era um dos seus favoritos. O pássaro era azul, as penas arrepiadas. Várias objetos metálicos flutuavam seguindo o pássaro, parecendo uma rabiola de pipa. O animal usava um campo magnético para atrair pequenas quantidades de metal, que usava para fazer o ninho.
— O bicho é bonito, né? — Arita disse para ele. Ele estava pendurado na janela e devia estar espiando há um tempo. Usava uma camisa e short simples, os dois tinham quinze anos. "Queria ter cabelo cacheado que nem ele, cabelo liso é ruim".
— Disseram que tinha muitos aqui, — disse Brian — mas é a primeira vez que eu vi.
— Tô falando que você vem pouco. Tinha uma mina de prata aqui perto, há muito tempo atrás. Se quiser a gente explora ela, qualquer dia. Esse morro virou o assentamento dos orcs e goblins, que trabalhavam lá. Os canários conseguem localizar metais, então trouxeram bastante na época, para saber onde cavar. Fora que aqui tem muito gato na luz, que atrai eles e os calangos elétricos — a maioria dos postes elétricos tinham várias ligações ilegais, em um emaranhado caótico de fios — tô te falando. Para ser aventureiro tem que saber das coisas. Entra aí.
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O Ritual na Bruma
FantasyOs dias de aventuras estavam no passado, Rodrick só enfrentava dragões e outras criaturas, no seu videogame e TV de Plasma. Mas a visita de alguns velhos amigos, faz com que ele tenha que pegar novamente sua espada e armadura. Junto de um elfo mago...