sentimentos escondidos

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Os dias passaram, e a amizade entre Aline, Jonathan e Camila começou a mudar de uma forma que nenhum deles esperava. Desde que começaram a investigar os mistérios dos Maias e o estranho amuleto que Marly havia lhes mostrado, algo mais profundo estava se desenrolando — algo que não tinha a ver com civilizações antigas, mas com os próprios sentimentos que começavam a surgir entre eles.

Aline, que sempre foi a mais curiosa do grupo, começara a perceber uma coisa nova: estava se apaixonando por Jonathan. A forma como ele ria de suas próprias piadas, o jeito desajeitado com que tentava liderar as investigações e, acima de tudo, sua determinação em descobrir mais sobre a misteriosa cidade perdida a encantava.

Mas Jonathan parecia alheio a tudo isso. Ele estava tão focado na investigação, que não percebia os olhares longos e as palavras cuidadosas que Aline soltava nas conversas. Isso começou a incomodá-la, e ela passou a ficar mais quieta, reservada, o que contrastava com sua personalidade curiosa e animada. Sentia-se dividida entre a amizade e o desejo de ser vista de outra maneira.

Por outro lado, Camila, que sempre fora a mais prática e silenciosa, também guardava seus próprios segredos. Ela não estava apenas envolvida na investigação por curiosidade. Na verdade, ela nutria uma profunda admiração — e algo mais — por Aline. Nos últimos meses, isso foi crescendo dentro dela, mas, ao perceber que Aline estava interessada em Jonathan, um sentimento de solidão e frustração tomou conta de Camila.

A amizade, que antes era tão fácil e natural, começou a ficar tensa. Aline evitava Jonathan, com medo de revelar seus sentimentos e estragar tudo. Camila, por sua vez, começou a se afastar de ambos, incapaz de lidar com o conflito interno que sentia. Jonathan, no entanto, parecia não perceber nada disso, sua cabeça completamente envolta nos mistérios que eles vinham descobrindo.

Um dia, enquanto andavam pelos corredores da escola, Aline finalmente se abriu para Camila. “Eu… acho que estou gostando do Jonathan,” confessou, sua voz baixa e hesitante.

Camila sentiu seu coração apertar, mas sorriu tristemente. "Eu sei. Eu percebi." Houve um longo silêncio entre as duas. Aline tentou entender a expressão no rosto de Camila, mas não conseguiu decifrá-la completamente.

"Você está bem com isso?" perguntou Aline, incerta.

Camila, tentando esconder sua própria dor, apenas assentiu. "Sim, estou. Só… não sei se ele percebeu. Jonathan é distraído assim."

"É verdade…" Aline suspirou, olhando para o chão, perdida em seus pensamentos.

Os dias seguintes foram ainda mais complicados. Aline e Camila quase não falavam mais, e Jonathan, finalmente percebendo que algo estava errado, tentou perguntar o que estava acontecendo, mas ninguém lhe deu uma resposta clara.

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Quando Jonathan completou 13 anos, a investigação sobre os mistérios maias se tornara sua maior obsessão. Ele sabia que estava mais perto de descobrir algo importante, mas com Aline e Camila se afastando, ele se viu sozinho. Foi então que decidiu tomar uma atitude. Ele procurou Marly na biblioteca e fez um pedido ousado para alguém de sua idade.

"Marly, eu quero continuar investigando. Posso trabalhar aqui com você? Assim, posso ter acesso a mais livros e ajudar com o que precisar."

Marly olhou para ele, surpresa com a determinação em seus olhos. "Você quer trabalhar aqui? Bem, não é comum termos ajudantes tão jovens, mas se você realmente estiver comprometido, posso ver o que arranjo."

Jonathan sorriu, sentindo que finalmente estava dando um passo na direção certa. "Eu prometo que vou me esforçar."

Nos dias seguintes, Jonathan começou a passar mais e mais tempo na biblioteca. Ele ajudava Marly com a organização dos livros, e em troca, ela o deixava explorar textos antigos e documentos raros sobre os Maias. Marly, cada vez mais intrigada com a determinação do garoto, começou a se envolver mais ativamente na investigação, oferecendo seus próprios conhecimentos e teorias sobre o amuleto e os contos.

Enquanto isso, Aline e Camila, percebendo que Jonathan havia seguido em frente com as investigações sem elas, começaram a sentir o peso da distância. Aline, atormentada por seus sentimentos não correspondidos, e Camila, lidando com a dor de sua própria paixão não correspondida, passaram a se afastar ainda mais. As conversas no intervalo já não eram as mesmas, e os momentos de risadas fáceis e cumplicidade haviam desaparecido.

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Um dia, Jonathan e Marly encontraram um novo livro, escondido entre os antigos volumes da biblioteca. Era um manuscrito que parecia ainda mais antigo que o anterior, cheio de símbolos estranhos e textos em latim. Jonathan leu em voz alta, suas palavras reverberando pela sala:

"Destruam para criar. Criem para destruir. A cidade perdida aguarda aqueles que compreendem o ciclo. Mas apenas os sortudos podem atravessar as portas do desconhecido."

Marly olhou para Jonathan com um misto de admiração e preocupação. "Você está indo muito longe, Jonathan. Mas agora que chegamos até aqui… não podemos voltar atrás, não é?"

Jonathan assentiu. "Eu sei que estou perto de algo. Mas preciso da ajuda de Aline e Camila. Não posso fazer isso sozinho."

Ele sabia que, para completar sua jornada e desvendar os segredos que tanto buscava, precisaria reunir o trio novamente. Mas, com as tensões entre eles, não sabia como poderia fazê-lo. O mistério dos Maias não era mais apenas uma questão histórica — agora, era também uma questão de corações partidos e amizades à beira do colapso.

Enquanto Jonathan e Marly se preparavam para a próxima fase da investigação, a verdadeira questão era: o que Aline e Camila fariam a seguir?

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