traição nos céus

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Jonathan ainda sentia o peso insuportável da perda de Marly quando Aline se aproximou dele. Seu rosto estava sério, carregando uma preocupação que ele ainda não compreendia totalmente. Nas mãos, ela segurava algo pequeno, metálico, e com um brilho frio à luz do dia.

— Jonathan, encontrei isso do lado de fora da biblioteca, entre os escombros — disse Aline com um tom cauteloso, estendendo o objeto.

Jonathan pegou o item e, ao examiná-lo, franziu o nariz em reconhecimento imediato. Era um chaveiro. Não qualquer chaveiro, mas um que trazia o brasão do Instituto de Pesquisa Histórica Britânica, seu maior rival no campo das descobertas arqueológicas. O símbolo gravado em metal polido — um círculo com símbolos arcaicos — não deixava margem para dúvida.

Seu coração acelerou e uma onda de raiva começou a subir por seu corpo, misturada com a dor ainda fresca da morte de Marly. Ele apertou o chaveiro com força, o metal frio contra sua pele parecendo intensificar a fúria que crescia dentro dele.

— Isso é deles — murmurou Jonathan, os olhos se estreitando.

Aline trocou um olhar preocupado com Camila, que estava ao lado deles, e Camila, sempre ponderada, foi a primeira a falar.

— Jonathan, não podemos ter certeza. Isso pode ter caído aqui por acaso. Não é prova suficiente.

Mas Jonathan já estava tomado pela frustração.

— Eles já me roubaram antes, Camila! — Ele levantou a voz, deixando a raiva transbordar. — Agora tiraram algo muito mais importante. Tiraram a vida da minha melhor amiga! Não vou deixar isso passar em branco.

Um silêncio pesado se instalou. As palavras de Jonathan pairavam no ar como uma sentença irrevogável. Ele já havia decidido o que faria. Sem esperar por mais questionamentos, pegou o telefone e, com as mãos ainda tremendo de raiva, ligou para Alfredo, seu mordomo de confiança.

— Alfredo, prepare o avião. Estou indo para Londres. Agora. — Jonathan desligou antes que Alfredo pudesse responder.

Aline o encarou por um momento, tentando medir a intensidade de sua decisão.

— Quando você vai? — perguntou ela, mesmo sabendo a resposta.

— Agora — respondeu Jonathan, sem hesitar, enquanto já se movia em direção à saída. Sua determinação era evidente.

Aline e Camila trocaram olhares rápidos, conscientes de que não poderiam deixá-lo fazer isso sozinho. Elas precisavam ir com ele, independentemente dos perigos.

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De volta à biblioteca em ruínas, o cheiro de fumaça ainda impregnava o ar, e as cinzas dançavam no vento ao redor dos escombros. Bombeiros e investigadores tentavam entender o que havia acontecido, mas Jonathan, Aline e Camila estavam focados em uma única coisa: o talismã. Reviraram os entulhos com pressa, seus corações batendo forte de ansiedade, mas não encontraram nada.

— Eles levaram o talismã — disse Jonathan, a voz baixa, mas cheia de um ódio contido. — Eu sabia que o incêndio não era um acidente.

O talismã, a chave para Atlântida, agora estava nas mãos erradas. E se havia dúvidas antes, agora estavam todas eliminadas: o Instituto de Pesquisa Histórica Britânica estava envolvido.

Sem perder mais tempo, eles foram diretamente para o aeroporto. O jato particular já os aguardava na pista, e Alfredo, seu mordomo, estava pronto para pilotar. Mas uma surpresa os esperava ao lado do avião: Faby, a principal pesquisadora do Instituto de Pesquisa Histórica Britânica, aguardava com um sorriso enigmático.

— O que você está fazendo aqui, Faby? — perguntou Jonathan, com a voz carregada de suspeita e desconfiança.

Faby sorriu friamente, com a postura de quem não tem pressa alguma.

— Estou aqui para garantir que essa viagem seja produtiva para todos nós — respondeu, sua voz melíflua soando mais ameaçadora do que tranquilizadora.

Jonathan trocou um olhar apreensivo com Aline e Camila. Ele sabia que a presença de Faby significava que algo estava errado, mas precisava continuar com a investigação. Não podia se dar ao luxo de recuar.

O jato decolou, e no início, o voo foi silencioso, com uma tensão densa preenchendo o espaço entre os passageiros. Jonathan tentava processar tudo que havia acontecido: o incêndio, a morte de Marly, o roubo do talismã, e agora a presença de Faby. Tudo indicava que algo maior estava em movimento, e ele precisava descobrir o que era.

Aline, que estava visivelmente desconfortável, finalmente se inclinou em direção a Jonathan, falando em um sussurro urgente.

— Jonathan, preciso falar com você... agora. A sós.

Jonathan, intrigado, a seguiu até o banheiro do avião. Assim que entraram, Aline fechou a porta com pressa, virando-se para ele com uma expressão de angústia.

— O que está acontecendo? — perguntou Jonathan, ainda tentando entender a urgência.

Aline respirou fundo, como se estivesse prestes a confessar algo que vinha guardando por muito tempo.

— Marly estava investigando o Instituto por meses... ela estava atrás de algo grande, algo que ligava o talismã à tribo de descendentes de Atlântida. Ela queria te contar, mas estava com medo. Eu sabia de parte disso, mas não sabia se poderia confiar na informação até agora.

Jonathan sentiu o chão se mover sob seus pés, como se tudo ao seu redor estivesse desmoronando ainda mais. Aline havia ocultado isso dele, e agora tudo fazia sentido. Antes que pudesse dizer algo, Aline deu mais um passo em direção a ele, seus olhos cheios de uma emoção que ele não esperava.

— Marly sabia que eu tinha sentimentos por você, Jonathan. Ela sempre me dizia para falar, mas eu nunca consegui. E agora, com tudo isso acontecendo, eu não posso mais esconder.

Ela o puxou de repente, e o beijou. O gesto foi impulsivo, carregado de paixão e desespero. Jonathan, pego de surpresa, não se afastou. Quando o beijo terminou, o espaço entre eles parecia eletrificado, como se o ar estivesse carregado de algo que ambos não podiam nomear.

— Precisamos disfarçar — disse Aline, tentando recuperar o fôlego e abrindo a porta do banheiro.

Eles voltaram para seus assentos, tentando agir normalmente. Mas Camila, que estava observando tudo com atenção, percebeu algo ainda mais perturbador. Faby estava digitando freneticamente em seu celular, e uma expressão de malícia passava em seu rosto.

— Algo está errado. Faby está tramando alguma coisa — sussurrou Camila para Jonathan e Aline.

Jonathan assentiu, o olhar fixo na pesquisadora. Aline, tentando manter a calma, se aproximou discretamente de Faby e tentou pegar seu celular. Mas Faby, sempre alerta, se virou de repente e empurrou Aline para longe.

— O que vocês estão fazendo?! — gritou Faby, a fúria finalmente rompendo sua máscara de falsa serenidade.

E então, tudo desmoronou. Aline e Faby se lançaram uma contra a outra, trocando golpes rápidos e brutais. Jonathan tentou intervir, mas Faby, surpreendentemente ágil, conseguiu empurrá-lo para dentro de um compartimento de carga no avião, trancando-o lá dentro.

— Jonathan! — gritou Camila, correndo para tentar soltá-lo, mas Faby a interceptou.

O jato, que até então estava pacífico, se transformou em um campo de batalha enquanto Aline, Camila e Faby trocavam golpes violentos no corredor apertado. A luta era intensa, com livros e objetos caindo ao redor delas, e Jonathan, preso, batia na porta tentando sair e ajudar.

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