o mundo primordial

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Alam observava Jonathan e Aline com uma expressão séria e distante, como se cada palavra que estivesse prestes a dizer carregasse o peso de eras antigas. Sua voz era baixa, mas intensa, quando finalmente começou a falar.

— O mundo primordial — ela disse, quase como se estivesse revivendo memórias há muito enterradas — era o lugar onde eu e meu irmão crescemos. Era um mundo vasto, livre, onde tudo ainda estava em formação. Vivemos lá, explorando suas terras e suas energias, e por um tempo, tudo era tranquilo. Meu irmão, assim como eu, era uma pessoa comum, uma alma pura, moldada pelo caos criativo que fluía ao nosso redor.

Ela fez uma pausa, a dor e o arrependimento visíveis em seus olhos.

— Mas então ele mudou. Meu irmão morreu em uma batalha contra forças que nenhum de nós compreendia completamente. Eu senti sua perda como se parte de mim tivesse sido arrancada. Mas ele não permaneceu morto. Ele foi trazido de volta, ressuscitado, não como o irmão que eu conhecia, mas como o mago mais poderoso que o mundo primordial já havia visto. O caos, a energia do próprio universo, o moldou em algo diferente, algo além do que qualquer um de nós poderia ter imaginado.

Jonathan e Aline escutavam em silêncio, absorvendo a gravidade da revelação. Alam continuou, sua voz se tornando mais sombria.

— Com seus novos poderes, ele começou a alterar a própria essência do mundo primordial. O que antes era um lugar de potencial criativo, tornou-se sua ferramenta. Mas, com o tempo, ele começou a buscar mais poder, a controlar o caos, a dominar o mundo. Ele se tornou tão poderoso que nem mesmo a morte conseguiu silenciá-lo. Porém, ao final de tudo, ele foi consumido por sua própria ambição, e as forças que ele controlava o transformaram em algo terrível. E foi assim que ele foi silenciado... pela própria morte que tentou vencer.

Jonathan franziu o cenho, confuso.

— O que você quer dizer com "silenciado pela morte"?

Alam olhou para ele com intensidade.

— Ele alcançou o poder supremo, mas ao fazê-lo, ultrapassou os limites do que qualquer ser deveria ter. A morte o tomou de volta, mas não o destruiu. Ele foi selado, aprisionado em um estado entre a vida e a morte, silenciado, mas não totalmente derrotado. E agora, Camila, sem saber, está caminhando para libertá-lo. Ela está sendo atraída para o continente de ferro, onde sua prisão foi construída.

Aline apertou os punhos, o coração disparado com a ideia de sua amiga estar envolvida em algo tão perigoso. Jonathan, mais determinado do que nunca, deu um passo à frente.

— Temos que impedi-la.

Alam assentiu lentamente e, com um gesto suave de suas mãos, uma porta antiga e imponente apareceu diante deles, vibrando com energia desconhecida.

— Vocês devem atravessar essa porta. Ela os levará ao mundo primordial, ao continente de ferro. Mas estejam avisados: o que verão lá não será como nada que já experimentaram. O mundo primordial foi destruído e distorcido pela guerra que travamos e pelo poder que meu irmão adquiriu. Agora, ele é um lugar de fragmentos e ecos de realidades perdidas, presas entre o que era e o que nunca deveria ter sido.

Jonathan e Aline se entreolharam, e então, sem hesitar, atravessaram a porta.

Do outro lado, encontraram-se em um mundo cinza, o céu coberto por nuvens escuras e agitadas, como se uma tempestade eterna pairasse sobre eles. O vento soprava forte, carregando consigo a sensação de desespero e melancolia. À medida que avançavam, viam figuras espectrais vagando pela paisagem desolada, fantasmas silenciosos, sombras de seres que existiram em outras realidades.

— Esses não são fantasmas de pessoas mortas — a voz de Alam ecoou em suas mentes. — Eles são fragmentos de outras realidades, ecos de mundos que foram destruídos ou nunca completados. O mundo primordial está repleto desses fragmentos, pedaços de existências que nunca chegaram a florescer.

Jonathan olhou em volta, o peso da responsabilidade caindo sobre seus ombros. Eles estavam em um lugar onde o tempo e o espaço não faziam sentido, um mundo de ruínas e restos, onde o perigo espreitava a cada passo. E em algum lugar adiante, Camila estava caminhando para libertar uma força que poderia destruir tudo.

— Vamos encontrá-la — disse Aline, determinada, enquanto eles começavam a caminhar por aquela terra desolada, cada passo os levando mais fundo no coração do mundo primordial.

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