Uma nova canção

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Capítulo 2: Uma Nova Canção

A manhã seguinte chegou devagar ao Rio de Janeiro, com o sol dourando as ruas vibrantes da cidade. Quinn acordou cedo, o eco da noite anterior ainda reverberando em sua mente. O encontro com Rachel havia sido breve, mas algo nela parecia ter mudado. Havia uma energia diferente, uma melodia silenciosa que tocava em seu peito, como se a voz de Rachel ainda estivesse ali, cantando para ela.

Vestida e pronta para o dia, Quinn saiu para caminhar, tentando clarear seus pensamentos. Ela sabia que tinha compromissos com a ONG onde trabalhava, mas sua mente estava longe disso. Em vez disso, seus pés a levaram de volta ao bar onde tinha encontrado Rachel pela primeira vez. Estava fechado agora, o silêncio tomando o lugar do som da música que havia preenchido o espaço na noite anterior. No entanto, Quinn sentiu-se atraída para aquele lugar novamente, como se alguma coisa importante estivesse para acontecer.

"Por que eu estou tão afetada?" Ela se perguntou. A resposta escapava, mas havia algo na voz de Rachel, algo no modo como ela a olhou. Era como se Rachel tivesse cantado direto para sua alma, desvendando sentimentos que Quinn mantinha enterrados há tanto tempo.

Enquanto ela refletia, não percebeu que Rachel se aproximava pela rua. Rachel, que a viu primeiro, sorriu ao reconhecer a loira de pé na frente do bar, a mesma que havia chamado sua atenção na noite anterior. Por um segundo, Rachel hesitou, mas então, algo a impulsionou a ir até Quinn.

— Oi, estranha! — Rachel disse, atravessando a rua com aquele mesmo charme descontraído que havia capturado Quinn antes.

Quinn virou-se rapidamente, surpresa ao ouvir aquela voz familiar. Lá estava Rachel, com a mesma energia acolhedora, mas desta vez vestida de maneira mais simples, sem a aura de estrela que brilhava no palco. Ela parecia... ainda mais próxima, mais real.

— Rachel — Quinn respondeu, sentindo o coração acelerar. — Eu não esperava te ver aqui.

Rachel sorriu, seus olhos brilhando de brincadeira.

— Eu também não esperava te ver de novo tão cedo. Será que você está me seguindo? — Ela provocou, sem qualquer acusação na voz, apenas com um tom leve que fez Quinn relaxar.

— Não, eu juro! — Quinn riu, sentindo sua tensão diminuir. — Só estava... passando.

Rachel a estudou por um momento, o sorriso ainda nos lábios, mas agora com uma curiosidade genuína em seus olhos.

— Você parece estar com algo na cabeça. Quer conversar sobre isso?

Quinn hesitou. Ela não estava pronta para mergulhar nos sentimentos que a confusão de Rachel tinha despertado. No entanto, havia algo em Rachel que a fazia querer se abrir, como se ela pudesse confiar nela. Respirando fundo, Quinn decidiu falar a verdade.

— Acho que estou pensando na noite passada — admitiu Quinn, sua voz mais baixa. — Sua música... me tocou de um jeito que eu não esperava. Foi como se você estivesse cantando algo que eu sinto há muito tempo, mas nunca consegui expressar.

Os olhos de Rachel suavizaram, como se ela compreendesse completamente.

— A música faz isso, né? — Rachel disse suavemente. — Às vezes, ela diz o que a gente tem medo de dizer, até para nós mesmos.

Quinn assentiu, sentindo aquela verdade ecoar dentro dela.

— Exatamente. — Ela olhou para Rachel, sentindo a intensidade do momento crescer. — Estou aqui tentando entender o porquê de eu ter vindo para o Rio, o que eu realmente estou buscando... e aí você cantou aquelas palavras, e tudo pareceu fazer sentido.

Rachel sorriu, um sorriso que era mais profundo, mais íntimo.

— Fico feliz que a música tenha te alcançado. Sempre acreditei que as canções conectam as pessoas de uma maneira que as palavras sozinhas não conseguem.

Quinn se perdeu por um momento nos olhos de Rachel, sentindo a conexão entre elas crescer. Ela estava prestes a dizer algo mais, quando Rachel olhou rapidamente para o relógio, quebrando o momento.

— Na verdade, estou indo para o ensaio da minha banda. A gente vai tocar de novo hoje à noite. Eu sei que é em cima da hora, mas... você gostaria de vir?

Quinn sorriu, sentindo uma onda de emoção ao pensar em vê-la de novo.

— Eu adoraria.

Rachel deu-lhe um olhar malicioso.

— Ótimo! Vai ser no mesmo bar, mas hoje vamos tocar algo mais animado. Acho que você vai gostar — Rachel disse, piscando.

Por um momento, elas ficaram ali, como se o silêncio entre elas dissesse tudo o que as palavras não conseguiam. Rachel começou a se afastar, mas antes de ir, se virou novamente.

— Quinn, fico feliz que a gente tenha se conhecido — disse suavemente, antes de continuar seu caminho.

Quinn ficou ali, assistindo Rachel desaparecer pela rua, o coração batendo forte. Algo dentro dela sabia que aquilo não era coincidência. Rachel tinha trazido algo novo para sua vida, algo que a fazia sentir-se viva de um jeito que ela não sentia há muito tempo.

Enquanto a noite se aproximava, Quinn voltou ao bar, sentindo a antecipação crescer a cada passo. Ela encontrou um lugar na multidão, esperando ansiosamente pelo momento em que Rachel subiria ao palco novamente. Quando ela finalmente apareceu, seus olhos encontraram os de Quinn do outro lado do salão, e o sorriso de Rachel era diferente. Era um sorriso cheio de significado, como se soubesse exatamente o que estava acontecendo entre elas.

As músicas daquela noite eram mais alegres, cheias de ritmo, mas a energia entre Quinn e Rachel era inegável, mesmo através das melodias animadas. Quinn não conseguia evitar a sensação de que estava apenas no começo de algo maior, algo que ia muito além da música.

E quando Rachel terminou seu último acorde, os olhos de Quinn brilhavam, cheia de esperança e expectativa. Algo estava nascendo ali, entre o som das cordas e as batidas do coração. Uma nova canção estava começando, e Quinn mal podia esperar para descobrir o que viria a seguir.

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