CAPÍTULO 03

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P.O.V. ROSALINA

PRAÇA (AO LADO DO CENTRO COMUNITÁRIO) - NOITE

  A praça está iluminada por luzes coloridas que piscam, criando uma atmosfera mágica. Crianças se divertem sob a luz suave, enquanto adultos observam, alguns aplaudindo. O ar está fresco, mas a luz não consegue penetrar a névoa que envolve meu coração.

  Caminho lentamente, meus olhos vagando pela cena vibrante. A música alegre ressoa no ar, mas meu pensamento está distante. Então, vejo aquele jovem que conheci durante a organização do evento. Ele está sentado em um banco, o olhar perdido no horizonte. É como se estivesse em um mundo à parte. Hesito. O que eu deveria fazer? Ele parece tão... distante. Mas, de repente, nossos olhares se encontram. Para minha surpresa, um sorriso surge em seu rosto.

  Acho que ele também me viu. Será que ele se lembra de mim? Com um passo hesitante, me aproximo. O sorriso dele se torna mais largo, e isso me encoraja. Sento-me ao seu lado.

ROSALINA: Oi.

TÉO: Oi. Que bom te ver aqui.

  Ele se lembrou de mim. Isso é um bom sinal. A conversa flui entre nós. Palavras leves, como plumas dançando no vento. Falamos sobre as crianças na praça, sobre a música que toca. Um momento de fuga da realidade.

ROSALINA: Essas crianças têm tanta energia. É... inspirador, não é?

TÉO: Sim, é como se eles não tivessem preocupações. Gostaria de ter essa leveza às vezes.

  Como eu gostaria de ter essa leveza. Mas meu coração está pesado. O clima entre nós muda. As palavras se tornam mais significativas, mas ainda assim, não falamos sobre nossas lutas. É um acordo silencioso, um pacto de não tocar nas feridas.

  A música muda e uma valsa suave começa a tocar. Olho para ele, hesitante.

ROSALINA: Valsa? Eu... não sei dançar.

TÉO: Vamos lá. É só seguir o ritmo. Eu prometo que não vou pisar no seu pé.

  Um sorriso involuntário surge no meu rosto. Algo nele me faz querer aceitar. Talvez isso seja exatamente o que eu preciso. Um momento de escape.

ROSALINA: Tudo bem, então. Vamos dançar.

  Ele se levanta e estende a mão. Coloco a minha na dele e sinto uma corrente de calor percorrer meu corpo. Nos movemos juntos, e, por um breve momento, o mundo ao nosso redor desaparece. É só nós dois, dançando sob a luz das estrelas, sem preocupações, sem expectativas.

  Isso é incrível. Eu posso sentir meu coração leve, mesmo que por um instante. Enquanto dançamos, nossos olhos se encontram. A conexão é profunda, e, nesse momento, tudo parece possível.

ROSALINA: Sabe, eu acho que realmente estou começando a entender quem você é.

TÉO: E eu, você. Aliás, meu nome é Téo.

ROSALINA: Rosalina.

  A música toca, e a dança continua, cada passo um passo mais perto de nós mesmos e um passo mais longe de nossos medos.

P.O.V. PATRICK

RESTAURANTE - COZINHA - TARDE

  A cozinha tá agitada, com o cheiro de temperos e frituras no ar. Estou em uma pausa, cercado pelos meus colegas de trabalho, Bassânio e Matias. Eles estão animados, comentando sobre o evento da noite anterior.

BASSÂNIO: E aí, Patrick! Você foi ao evento ontem? Foi incrível, né?

MATIAS: Pois é, meu velho! A galera dançou até o chão tremer!

Dilemas Cruzados (Teolina/Roteo)Onde histórias criam vida. Descubra agora